«Chamaram-me <i>maluco</i> por ir para o Iraklis, mas acabei no Mundial 2010 com Portugal» | OneFootball

O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos que se uniu ao zerozero. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer também a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.

Já afastado dos relvados- atualmente segue como agente de jogadores- Daniel Fernandes conta no seu currículo com uma convocatória para um Mundial, no caso o de 2010. Na passagem pelo nosso podcast, o guarda-redes recordou essa fase com carinho.

«O meu melhor momento foi no Iraklis: só joguei dez jogos pelo clube e fui convocado para o Mundial. Fui para lá e toda a gente dizia que íamos descer, que o clube tinha muitos problemas e que eu não iria conseguir ter minutos de jogo. Chamaram-me maluco porque o clube estava a sofrer três/quatro golos por jogo. No entanto, eu sabia o que tinha de fazer- lembro-me até que, nessa altura, tinha uma proposta para ir para a Académica do André Villas-Boas, mas senti que não estava preparado para a adaptação a Portugal», começou por dizer, indo mais longe:   

«Como o nível do treino na Bundesliga era superior ao da Grécia, tive de pedir algumas coisas à equipa técnica para poder treinar. Para além disso, falei com a defesa para não baixarem mais em relação à entrada da área. Lembro-me que perdemos o primeiro jogo e depois praticamente não perdemos até ao final. Eu fiz grandes jogos, mas não acreditava ser possível ser convocado para o Mundial. Havia o Rui Patrício, o Quim e mais guarda-redes a jogar a Liga dos Campeões. Sei que fiz a diferença e concretizei o meu sonho; como fui criado no Canadá, o meu sonho sempre foi jogar um Mundial.»

Apesar do desfecho feliz, houve um momento em que Daniel Fernandes temeu não ser chamado. «Na Grécia, poucos guarda-redes fizeram um trabalho tão forte como aquele que eu fiz. Sabia que me tinha destacado, mas também sabia que tinha estado algum tempo afastado das convocatórias. Para além disso, o campeonato acabou duas/três semanas antes de sair a convocatória. Aliás, lembro-me de uma história muito boa em relação a isso: o nosso penúltimo jogo foi contra o Panathinaikos e eles tinham de ganhar para serem campeões. O mister Carlos Queiroz disse-me que ia ver esse jogo à Grécia, mas no dia antes disseram-me que não ia jogar- depois percebi que o empresário do outro guarda-redes era influente. Fui ao quarto do treinador perguntar-te o porquê e deu uma briga nesse dia, mas a situação não foi solucionada. Felizmente, isso não fez diferença e fui convocado na mesma», rematou.

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