Claques do Celtic estiveram em silêncio frente ao SC Braga: perceba porquê | OneFootball

Se assistiu ao jogo entre o Celtic e o SC Braga (0-2) desta quinta-feira, certamente reparou no ambiente 'mórbido' que se viveu no Celtic Park, casa dos escoceses, durante a maior parte do jogo. Afinal de contas, em condições normais, falamos de uns dos adeptos mais fervorosos da Europa! Mas tudo teve um motivo.

Para quem possa estar mais distante da realidade do futebol escocês, ir ao estádio do Celtic ou do Rangers - principalmente estes dois, pela sua magnitude e importância no país - é toda uma experiência. Ambos têm adeptos que sentem o clube como poucos e que tornam qualquer jogo num verdadeiro espetáculo- aliando a paixão pelo seu emblema a um expressão política e religiosa muito próprias.

Não foi nada disso que vimos esta quinta-feira.

Com exceção da centena de adeptos bracarenses, que se foram fazendo ouvir esporadicamente, apenas algumas 'manchas' de adeptos escoceses foram apoiando a equipa ao longo da partida. O estádio foi-se soltando com o passar dos minutos de vez a vez, mas só com a boa entrada na 2ª parte - com um golo anulado, inclusive - acordou ligeiramente. Ainda assim, no geral, esteve afastado da equipa. Tudo tem um motivo.

Silêncio, discussões e contestação à direção

Este descontentamento é tudo menos recente. Tudo começou no fecho do mercado de verão, quando cedo os adeptos começaram a mostrar o seu descontentamento perante a abordagem do clube ao mesmo, considerando que houve falta de contratações de peso.

As críticas têm vindo a subir de tom, especialmente depois da eliminação no playoff de qualificação para a fase de liga da Liga dos Campeões, ante o Kairat Almaty (0-0 e 0-0 - derrota nos penáltis), considerada «chocante» pelos adeptos.

«Espero que as partes se possam sentar e respeitar as diferenças e encontrar uma solução para que possamos unir-nos novamente. Espero mesmo que o estádio esteja cheio, porque para mim é isso o Celtic, um clube incrível e a nossa história é sustentada nos adeptos e no que representam. Percebo as frustrações, mas ainda assim espero ter um estádio cheio», afirmou o técnico Brendan Rodgers.

Desde então, têm sido constantes as iniciativas de protestos por parte das maiores claques do clube. Passaram por entradas tardias em jogos, frente ao Kilmarnock (1-2) ou silêncio absoluto nos 12 primeiros minutos do jogo com o Hibernian (0-0), apenas para nomear algumas.

A direção do clube têm vindo a tentar reunir com elementos das referidas claques diversas vezes, mas todas as reuniões são, de forma geral, descritas como «um desastre de relações públicas». Os adeptos consideram que a direção não entende o ambiente vivido à sua volta.

Chegou, de resto, ao ponto de as referidas claques ameaçarem não comparecer, de todo, a este jogo com o SC Braga. No entanto, após mais uma reunião, voltaram atrás e decidiram 'apenas' fazer um protesto de silêncio. Inicialmente, este seria de 29 minutos, para marcar os dias de ausência de resposta da direção a uma carta aberta de vários adeptos. Contudo, para quem viu o jogo, pareceu uma eternidade.

Com a equipa a fazer uma 1ª parte que deixou a desejar, o apoio foi muito esporádico. Aos muitos cartazes de contestação, juntou-se um silêncio 'mórbido', apenas interrompido pela festa no golo (anulado) a Iheanacho. Quando o SC Braga marcou o seu 2º golo na partida, chegou o pico do descontentamento, com as bancadas a ficarem praticamente despidas para os últimos dez minutos.

Vivem-se tempos difíceis entre os Católicos.