
Gazeta Esportiva.com
·31 Oktober 2025
Especialistas alertam para desafios estruturais do projeto SAFiel, entregue ao Corinthians

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·31 Oktober 2025

Idealizada por Carlos Teixeira, Maurício Chamati, Eduardo Salusse e Lucas Brasil, a SAFiel prevê um modelo de gestão ao Corinthians inspirado no Bayern de Munique, com a venda de ações a torcedores e investidores. A proposta limita o poder individual a 1,8% do total das ações, garantindo voto apenas aos corintianos, enquanto investidores institucionais poderiam participar sem direito a voto. A expectativa é arrecadar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 2,5 bilhões para quitar dívidas e modernizar o clube.
O economista Moises Assayag, sócio-diretor da Channel Associados e especialista em reestruturação financeira de clubes, destacou que o projeto só poderá ter êxito se representar uma verdadeira ruptura com os modelos de gestão anteriores.
“A nova instituição não deve ser uma simples continuação da estrutura anterior, no que toca aos modelos de gestão e de governança. Ao contrário, deve representar uma evolução corrigindo o que não deu certo e preservando o que funcionou”, afirmou.
Assayag citou o Bayern de Munique como exemplo de equilíbrio entre identidade e capital. “O Bayern é um caso relevante de atração de capital, mantendo vínculos com a instituição e com parceiros históricos. Transparência e alinhamento de objetivos são fundamentais para o sucesso”, observou o economista, que participou da reestruturação de clubes como o Botafogo.
Já o advogado Cristiano Caús, especialista em direito esportivo, vê o modelo da SAFiel alinhado à Lei da SAF (Lei 14.193/2021), mas faz um alerta para o risco de falta de uniformidade diante da ausência de um acionista controlador.
“A SAFiel precisará estruturar salvaguardas jurídicas, como acordos de voto e ações com veto (‘golden share’), garantindo que a pluralidade democrática não se transforme em paralisia decisória”, afirmou.
A proposta chega ao Parque São Jorge em meio à discussão sobre o anteprojeto de reforma do estatuto do Corinthians, apresentado recentemente pelo Conselho Deliberativo. O texto prevê que o clube mantenha controle majoritário (51%) de uma eventual SAF — condição que, segundo os idealizadores da SAFiel, inviabilizaria o modelo.
“Se o clube associativo quiser deter a maioria das ações, manda ao mercado a mensagem de que quer continuar no comando. Dificilmente um investidor entraria nesse cenário”, afirmou Carlos Teixeira, durante o lançamento do projeto no Pacaembu.
Apesar da resistência de parte da estrutura interna, a SAFiel tenta se firmar como alternativa de gestão popular e profissional, ancorada na participação direta da torcida. Enquanto a diretoria analisa a proposta, os idealizadores afirmam que seguirão divulgando o projeto e esclarecendo dúvidas de conselheiros e associados.
Há três possibilidades para que os acionistas façam o aporte financeiro: uma reserva popular, na qual cada torcedor poderá comprar no máximo dez ações; um varejo amplo, voltado a corintianos com maior poder aquisitivo; e um terceiro grupo destinado a investidores profissionais.
Para adquirir as ações, o interessado deverá comprovar sua associação ao Parque São Jorge ou a inscrição no programa Fiel Torcedor. Nenhum acionista poderá comprar mais de 1,8% das ações, a fim de evitar concentração de poder, além de outras travas previstas. Quem quiser investir também terá de comprovar a origem dos recursos.
A meta é arrecadar R$ 2,5 bilhões para quitar dívidas e investir no futebol e na sede social do Corinthians. Os idealizadores afirmam basear-se em estudos e acreditam que as ações tendem a se valorizar com o passar do tempo.









































