
Calciopédia
·7 Juni 2025
Itália perde para Noruega na estreia das Eliminatórias da Copa de 2026 e teme repescagem

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·7 Juni 2025
Em sua estreia pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, a Itália já deu um jeito de deixar sua torcida desesperada com a possibilidade de ver mais um Mundial da TV. Tudo bem que a Nazionale tinha a difícil missão de ao menos somar um empate contra uma Noruega embalada e com grandes jogadores no ataque, uma vez que só uma seleção se classifica diretamente para o Mundial e a expectativa é de que as duas competidoras em questão vençam todos os outros rivais do Grupo I em ida e volta. Porém, os azzurri protagonizaram um verdadeiro vexame, com uma atuação apática e que terminou “só” com um 3 a 0 porque os nórdicos tiraram o pé.
O trabalho do técnico Luciano Spalletti não engrenou e vai dando sinais de que pode acabar depois de quase dois anos. Desde que assumiu o comando da Itália, em agosto de 2023, o treinador não conseguiu formar um time eficiente com os bons jogadores que têm em mãos. O toscano comandou os azzurri durante uma péssima campanha na Euro 2024 e, apesar de ter sobrevivido no cargo e mudado o esquema-base para um 3-5-2, pouca coisa mudou de lá para cá. Pensando em duelos contra adversários de bom nível, sua equipe fez partidas razoáveis contra Ucrânia, nas Eliminatórias para a Eurocopa, e Bélgica, na Nations League – onde também pode ser salientada a tentativa de reação contra a Alemanha, no 3 a 3 que sacramentou a eliminação italiana. Atuação boa, mesmo, só contra a França, num 3 a 1 em Paris.
Com esse cabedal de resultados nada alvissareiros e incríveis seis desfalques só na defesa – além de Locatelli e Kean, do meio para frente –, a Itália de Spalletti viajou até Oslo para enfrentar uma Noruega embalada e liderada por Haaland, Odegaard, Sørloth e Nusa. Os escandinavos já haviam estreado pelas Eliminatórias da Copa e vinham de duas vitórias convincentes fora de casa, contra Moldávia (5 a 0) e Israel (4 a 2).
Desde o início da partida no Ullevaal Stadion, em Oslo, os italianos se empenharam em manter a posse de bola elevada. De fato, a Itália administrava bem os lances no meio de campo, mas sem grandes chegadas perigosas ao ataque – e esse controle estéril da pelota se estendeu até o fim da partida. A Noruega não se importava em ficar retraída e buscar transições e a estratégia do técnico Stale Solbakken se mostrou extremamente eficiente.
Em atuação vexaminosa, a Itália não conseguiu produzir praticamente nada contra a Noruega (Getty)
Logo aos 14 minutos, Bastoni errou um lançamento e, na sequência do lance, deu condições para Sørloth receber excelente passe em profundidade de Nusa. O atacante avançou pela área adversária, não tomou conhecimento do estreante Coppola e chutou para abrir o placar para os noruegueses. A Nazionale sentiu o gol e, por incrível que pareça, continuou com a posse de bola na casa dos 80%, mas esse dado não passava de uma mera ilusão. Os italianos só conseguiam circular a pelota pelo meio pelo simples fato de a Noruega oferecer espaços de forma planejada.
A primeira grande chance de gol da Itália ocorreu aos 25 minutos, em boa jogada de pivô de Retegui, que deu um passe preciso para Raspadori. O atacante do Napoli estava sem ângulo para bom arremate e apenas isolou a finalização. Aos 31, foi a vez de a Noruega ameaçar a defesa italiana novamente, quando Sørloth recebeu belo passe pelo lado direito e arriscou o chute no canto do gol, mas parou na boa defesa de Donnarumma.
Entretanto, o final do primeiro tempo foi trágico para a Itália – para dizer o mínimo. Três minutos após a “salvação”, Nusa fez uma jogadaça, driblou a zaga azzurra, deixou Rovella e Di Lorenzo trombarem como dois patetas e, sem ter o espaço diminuído por Coppola, chutou forte. A pancada foi no alto e sem chances para o arqueiro do Paris Saint-Germain. Nos instantes finais, aos 41, Odegaard achou bom passe em profundidade para Haaland, sumido no jogo até então. O craque norueguês foi deixado em condição regular por Di Lorenzo, enquanto Udogie só ficou olhando. O centroavante driblou Donnarumma com facilidade e marcou o terceiro gol dos noruegueses, praticamente sacramentando a vitória do país nórdico.
Na volta do intervalo, o torcedor italiano esperava que Spalletti reorientasse a equipe, assim como foi feito contra a Alemanha, nas quartas de final da Nations League. Todavia, a postura da Itália conseguiu ser ainda mais apática. É verdade que a primeira grande oportunidade do segundo tempo ocorreu somente aos 65 minutos, já que a Noruega decidiu se poupar e aliviar a barra da Nazionale, que flertava com uma goleada histórica: em jogada ensaiada na falta cobrada por Odegaard, Berge chutou de primeira da entrada da área e a bola carimbou carinhosamente a trave direita de Donnarumma.
Mesmo em noite discreta, Haaland vazou uma zaga italiana completamente perdida (Ansa)
A Noruega, embora estivesse retraída desde o começo, não sofreu quase nada, teve as melhores oportunidades em bons contra-ataques e controlou a partida, mostrando ser uma seleção muito madura. A Itália, por sua vez, não empolgou em momento algum. As entradas de Frattesi (após o intervalo), Orsolini (aos 71 minutos), Lucca (71), Ricci (83) e Dimarco (83) não mudaram em nada o panorama do jogo – saíram, respectivamente, Rovella, Zappacosta, Retegui, Raspadori e Udogie.
A Itália somente demonstrou algum tipo de reação aos 87, quando Orsolini fez jogada individual, cortou a marcação e chutou torto da entrada da área. Três minutos depois, Ricci arriscou um arremate próximo ao gol norueguês, mas a bola desviou na zaga e saiu em escanteio. No último lance do jogo, Orso cruzou para Lucca, que cabeceou colocado, mas parou na defesa segura do goleiro Nyland. A melhor chance azzurra em toda a partida foi uma bola quase recuada para o arqueiro adversário. Spalletti simplesmente não consegue fazer a seleção produzir o mínimo sindical. Aliás, pela primeira vez em sua história, a Nazionale somou duas derrotas seguidas e três compromissos sem marcar gols em Eliminatórias para a Copa.
Novamente a Itália decepcionou a sua torcida e, definitivamente, não vive o seu melhor momento. Embora o Grupo I seja acessível (conta com Noruega, Moldávia, Estônia e Israel), a Nazionale está nove pontos atrás dos noruegueses, com duas partidas a menos, e teria que buscar um saldo de 13 gols (isso mesmo) em caso de empate de pontos com os nórdicos ao fim dessa etapa das eliminatórias. Portanto, já existem chances reais de que os azzurri possam conseguir apenas uma vaga para a repescagem. O duelo de Oslo era fundamental e Spalletti e seus comandados falharam de forma retumbante.
Mal as Eliminatórias da Copa do Mundo começaram para a Itália e a Nazionale já vive um pesadelo, que pode se intensificar caso a Moldávia não seja goleada sem dó nem piedade em Reggio Emilia, na segunda. A pressão em toda a qualificatória vai ser enorme, visto que o jogo de volta contra a Noruega, marcado para meados de novembro, ocorrerá na última rodada. Os responsáveis pela seleção precisam encontrar uma solução urgentemente, porque a terceira ausência seguida em Mundiais seria um verdadeiro vexame para uma nação tetracampeã da competição. Parece, porém, que outras coisas importam mais para os cartolas da FIGC, a Federação Italiana de Futebol.