Muito mais do bater o Grêmio, Inter pode ter mudado sua história com o título do Gauchão
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O Inter é o campeão do Gauchão! Feito histórico justamente por impedir um outro feito histórico do rival. Os dois lados criaram uma Copa do Mundo e o Inter foi lá e venceu essa disputa.
Mais, essa conquista tem tudo para ser simbólica. Além de tudo que envolve o rival, ela é a primeira da gestão do presidente Barcellos, a primeira do trabalho do Roger e pode significar o começo de uma era vencedora no Beira-Rio. É óbvio que ninguém tem bola de cristal, mas seguramente é um ponto positivo que precisa ser trabalhado se quiser seguir conquistando.
Não há como discutir o título pelo que o Inter fez nos 180 minutos. A superioridade criada na Arena fez toda a diferença nesta decisão.
Sobre o jogo, o Inter jogou o tempo todo com o regulamente em baixo do braço. Quando começou a administrar, imaginei que fosse só para tirar o ímpeto inicial do Grêmio. Não foi. A meta foi bem clara, manter a vantagem construída na Arena e só não deixar o Grêmio se criar.
As coisas ficaram um pouco mais complicadas quando Bruno Henrique saiu lesionado aos 28 minutos do primeiro tempo. Roger escolheu Ronaldo. Na minha visão, fez isso para garantir o meio, fechar ainda mais, mas principalmente pensando no grupo, na administração dele. Penso que foi por isso que o Valencia foi titular, inclusive. Porém, essa escolha deixou mais complicado sair pro jogo.
A situação muda completamente quando Enner Valencia marcou um golaço de falta. Logo ele, que claramente não está jogando tudo que a gente sabe que pode jogar, foi talvez o cara mais decisivo dessa final. Sim, na Arena, ele leva a marcação nos dois gols marcados. No Beira-Rio, sofre a falta e mete um golaço do meio da rua.
Ali, acabou o Gauchão. O Grêmio ainda tentou uma pressão, mas nada acontecia. O Inter se defendeu bastante, meteu duas linhas de quatro defensores e até Borré entrou só pra fazer pressão e não deixar a bola gremista sair redonda. O Grêmio poderia jogar até amanhã que não teria gol.
Como disse, o Inter fez por merecer esse título. Foi muito superior lá e fez o que precisava para não deixar ninguém se criar na sua casa.
A real é que o Inter tem jogadores que pelo menos estão jogando mais que os do Grêmio, Roger faz um trabalho muito melhor do que o do Quinteros e a taça poderá significar a chance de espantar toda tensão que ronda o Beira-Rio há uns bons anos. É a melhor chance que o clube tem de mudar essa onda de coisas ruins que vinham acontecendo.
Na minha visão, o melhor jogador do campeonato foi o Victor Gabriel. Que baita zagueiro surgiu. No todo, é a revelação e o melhor jogador da competição. Um Vitão canhoto. A direção procurou tanto zagueiros e tinha um na sua base.
Pensando no futuro, o elenco é muito bom e vai melhorar. Rochet, Thiago Maia, Wesley e Borré, por exemplo, vão se somar no Brasileirão. Ainda tem nomes como o Juninho, Diego Rosa e Romero, que são reforços. Confesso que ainda é cedo para dizer que farão diferença, porém, estão aí e temos que dar a chance.
Roger Machado precisa ser reverenciado. Teve uma hora que todo mundo estava caindo e ele encontrando soluções. Fez Bruno Henrique, Carbonero, Vitinho e jogarem o que não tinham jogado aqui ainda. A própria recuperação do Valencia diz muito sobre seu trabalho. Ele é, talvez, o nome desse Gauchão. A taça passa por ele.
Pra fechar, não pode ser coincidência a volta do D’Alessandro com a volta das taças. O cara tem algo diferente. É inegável que seu trabalho revolucionou o vestiário. Antes, todos ouvíamos sobre mudanças e coisas novas. D’Alessandro chegou falando em resgatar o que sempre deu certo no clube e conseguiu seu primeiro título.
Ah, no D’Ale, fica o elogio para a direção como um todo. Do presidente Barcellos, seus vices e todos que comandam o clube. Afinal, eles tiveram a lucidez de reorganizar as coisas e até de pacificar o ambiente, chamando conselheiros e unindo o Inter em nome de algo maior.
Não tem como saber se vai acontecer, mas existe uma grande chance do Inter ter mudado sua história a partir dessa conquista.