[Opinião] Um fenômeno a ser estudado

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Central do Timão

·15 September 2025

[Opinião] Um fenômeno a ser estudado

Por Bruno Cassiano | Central do Timão

Dizem que se manter no topo é mais difícil do que chegar até lá. E talvez seja verdade. Quando se está no topo, o único caminho possível é para baixo. Outra questão é a estagnação: como não há lugar mais alto a alcançar, muitos param para “descansar” e acabam se acomodando – e é justamente na ausência desse incômodo que outros conseguem chegar lá. Mas não é isso que acontece com o time feminino do Corinthians, as “Brabas”.

As jogadoras alvinegras, a cada ano, mantêm-se firmes na missão de conquistar o que já haviam alcançado na temporada anterior, muitas vezes com ainda mais afinco. Essa postura tem sido fundamental para sustentar a hegemonia alvinegra no futebol feminino brasileiro por quase uma década consecutiva.

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Foto: Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians

Há colegas e torcedores que afirmam, com certeza irredutível, que o protagonismo duradouro do Corinthians é prejudicial à modalidade no país. Bobagem. Essa ideia nasce única e exclusivamente da frustração de ver o Corinthians vencer ano após ano – compreensível da parte de adversários e rivais, mas bem menos justificável quando vem de profissionais da crônica esportiva.

O Corinthians é um fenômeno a ser estudado, não apenas por outras equipes brasileiras, mas também por clubes, projetos e seleções de países vizinhos. Correndo o risco de cometer um exagero plausível: não há, na história do futebol, um projeto tão sólido, longevo e vitorioso, seja no esporte jogado por mulheres ou por homens. O Corinthians é único.

Adversário na final deste Brasileiro, o Cruzeiro tenta se espelhar no Corinthians, dentro e fora de campo. O mesmo vale para Inter e Palmeiras, que também chegaram fortes nas últimas temporadas. Ninguém se espelha naquilo que faz mal; só se espelha no que dá resultado. E é justamente por tanto se inspirarem e se estruturarem cada vez mais que, um dia, surgirão times fortes e capazes de destronar as Brabas. Infelizmente para nós, corinthianos, esse é o caminho natural.

O público segue interessado, basta observar a mobilização da torcida das Cabulosas nesta fase final e o quanto acompanhou durante todo o campeonato. Ou ainda lembrar a força da torcida do Inter na última final de Brasileirão que disputou. O que realmente afasta o público não é a hegemonia de uma equipe, mas sim a falta de investimento, de projeto, de visibilidade, a dificuldade de acesso às transmissões e a escassez de informações relevantes sobre times e jogadoras.

Até mesmo a falácia de que “o futebol feminino dá prejuízo” cai por terra graças às Brabas e à sua torcida. Mais de 41 mil pessoas compareceram ao segundo jogo da final do Brasileirão 2025, na Neo Química Arena, gerando uma renda superior a 1 milhão de reais – um feito inédito para o futebol feminino em um único jogo.

O técnico responsável por grande parte desse sucesso hoje está na Seleção. A diretoria responsável pelo planejamento do projeto corinthiano no feminino também está na CBF. Há ainda outros profissionais, em diferentes segmentos da confederação, que saíram do Timão.

A CBF entendeu, alguns clubes já entenderam e, talvez algum dia, os demais colegas também compreenderão. O Corinthians e sua dinastia não prejudicam a modalidade; dizer o contrário é apenas perder tempo – tempo que seria melhor investido em observar, aprender e colocar em prática. O futebol feminino cresce porque projetos como o do Corinthians mostram que a excelência gera exemplo.