Quem é Mateus Mide, o médio português que foi eleito o melhor jogador do Mundial Sub-17? | OneFootball

Nesta quinta-feira, os sub-17 de Portugal sagraram-se campeões do mundo, depois de baterem a Áustria na final por 1-0. Mateus Mide esteve em destaque ao longo de toda a competição, tendo sido condecorado como o melhor jogador do Mundial.

Nos oito jogos disputados, o avançado de 17 anos brilhou ao apontar quatro golos e duas assistências: três tentos e um passe decisivo ainda na fase de grupos. Devido a dificuldades físicas, nos dois primeiros encontros a eliminar, foi opção a partir do banco, tendo assistido na goleada ao México (0-5). Bino Maçães, selecionador nacional, devolveu a titularidade ao avançado nos quartos-de-final, contra a Suíça, e foi notória a sua influência, visto que o prodígio marcou o tento inaugural na vitória por 2-0.

Aposta a titular nas meias-finais e na partida decisiva, o jovem não contribuiu diretamente em golos - pormenor fantástico na jogada do tento da final -, mas deixou água na boca com as suas exibições. Muito forte em espaços curtos e no jogo interior, alia uma qualidade de passe acima da média com uma grande capacidade de aparecer em zonas de finalização, o avançado foi uma dor de cabeça constante para todas as defesas adversárias.

Dragão desde pequenino

Mateus Mide atua nos sub-19 do FC Porto, onde soma já cinco golos e cinco assistências em 12 encontros, nesta temporada. Em 2015/16, entrou nas escolas do Dragon Force, tendo rumado aos dragões na temporada seguinte, quando ainda praticava futebol de sete contra sete. Assim, tem feito todo o seu percurso de formação ao serviço do emblema portista.

O avançado já se tinha mostrado em excelente plano no Europeu sub-17, também conquistado por Portugal, onde se afirmou no miolo português. Capaz ainda de jogar a extremo esquerdo - como se viu neste Mundial do Catar -, o jovem demonstrou imensa irreverência e chegada à área. Para além disso, também revelou ter aptidão para os tiros de meia distância, nunca se escondendo nos momentos mais difíceis.

Tem sido um ano especial para o português, que se deu a conhecer ao mundo como uma grande promessa do futebol nacional. Com ainda muito por maturar, face à tenra idade, Mide mostra já argumentos interessantes que podem ser úteis ao FC Porto no futuro a médio/largo prazo.

Curiosamente, na geração anterior, Rodrigo Mora e Geovany Quenda eram as duas figuras maiores. Já esta, que teve um ano memorável, ficou mais conhecida pelo coletivo, mas ainda assim, o jogador de 17 anos conseguiu destacar-se, dando um passo em frente quando Portugal mais precisava.

O futuro pode ser incerto, mas assim, Mateus já inscreveu o seu nome na história do futebol português e do desporto-rei.

Paixão que vem de família

Nascido a 10 de maio de 2008, na Invicta, o português com dupla nacionalidade brasileira é filho de Adriano Mide, antigo praticante de futsal. Atualmente, o ex-jogador de 47 anos é técnico da turma de futebol sala do Leixões, somando duas vitórias em seis encontros esta temporada.

Com uma carreira com mais de 20 anos - 17 como atleta e na quinta como técnico -, Adriano atuou em Portugal por 12 épocas. Conta ainda com passagens pela China e por Itália, numa altura em que o filho já jogava nas camadas jovens do FC Porto.

Facto é que Mateus tem mostrado aptidão para o golo ao longo da formação, seja no clube, ou nos escalões de formação portuguesa. Já o pai também gostava de jogar em zonas onde pudesse rematar com perigo, não tivesse ele sido pivot. Ainda assim, o jovem estabilizou-se numa posição mais ligada à criação e à técnica, do que propriamente ao faro de golo.

Certamente que o pai já estará orgulhoso, mas o percurso de Mateus Mide até aqui demonstra mais do que apenas talento. A maturidade competitiva evidenciada, a capacidade de decisão e o entendimento do jogo vista neste Mundial, confirmam a projeção de aquilo que já foi visível no Europeu e nos dragões. 

À medida que a sua evolução continuar, o desafio passará por reproduzir o seu futebol num patamar mais alto, mantendo, ao mesmo tempo, a consistência que tem apresentado até agora. Com um progenitor experiente a nível sénior, Mide tem tudo para se adaptar ao futebol profissional e continuar a dar alegrias aos portugueses.