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·18 Desember 2025

Saiba o que está por trás dos assassinatos de jogadores no Equador

Gambar artikel:Saiba o que está por trás dos assassinatos de jogadores no Equador

O assassinato de Mario Pineida, ex-Fluminense e que estava no Barcelona de Guayaquil, tornou-se o caso mais recente de uma sequência de ataques fatais contra jogadores de futebol no Equador. O país enfrenta uma crise de violência sem precedentes, impulsionada pela atuação de gangues do crime organizado, que passaram a expandir sua influência também sobre o futebol e o mercado de apostas esportivas.

Desde o início de 2025, ao menos cinco jogadores foram assassinados em território equatoriano. No entanto, a morte de Pineida marca um ponto de inflexão: trata-se do primeiro caso envolvendo um atleta da primeira divisão e integrante de um dos clubes mais tradicionais do país, acostumado a conquistar títulos nacionais e a disputar a Copa Libertadores.


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Pineida foi assassinado na porta de um açougue em Guayaquil – Foto: Divulgação / Barcelona SC

Contudo, casos anteriores já indicavam a escalada da violência. Em setembro do ano passado, homens armados assassinaram Jonathan “Speedy” González, de 30 anos, dentro de uma casa na província de Esmeraldas, na fronteira com a Colômbia. À época, o jogador defendia o 22 de Julio, da terceira divisão equatoriana.

Segundo Oswaldo Batallas, dirigente do 22 de Julio, González teria sido morto por envolvimento forçado com apostas ilegais. Diante das ameaças do crime organizado, o presidente do clube deixou a cidade e seu paradeiro permanece desconhecido.

Atuação livre de apostadores

Ex-jogadores relatam que a abordagem costuma seguir um padrão. “Os apostadores atuam como intermediários. Eles vêm instruídos pelas gangues e dizem exatamente em qual jogo você deve perder”, afirmou um ex-atleta, sob anonimato, em recente entrevista à agência de notícias AFP.

Duas semanas antes do assassinato, criminosos já haviam atirado contra o carro de González. Além disso, a mãe do jogador recebeu ameaças telefônicas. Pessoas próximas relataram que, dias antes do crime, máfias ligadas a plataformas de apostas online exigiram que ele manipulasse o resultado de uma partida.

Pouco tempo depois, ainda em setembro, porém, a violência voltou a atingir o futebol equatoriano. Maicol Valencia e Leandro Yépez, do Exapromo Costa, da terceira divisão, sediado em Manta, foram assassinados em circunstâncias semelhantes. A cidade, assim como Esmeraldas e Guayaquil, figura entre as mais afetadas pelo avanço do crime organizado.

Em novembro, outro caso chocou o país. Miguel Nazareno, atleta das categorias de base do Independiente del Valle, morreu em um dos bairros mais violentos de Guayaquil. Em nota oficial, o clube afirmou que o jovem “foi vítima da insegurança que assola o país”.

Aliás, em todos os episódios, a resposta da polícia equatoriana é a mesma: as investigações seguem sob sigilo.

Envolvimento com apostas e narcotráfico

Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), que inclui o Equador, alerta para a infiltração do crime organizado no futebol e em outros esportes, utilizados tanto para lavagem de dinheiro quanto para a circulação de lucros ilícitos. O documento estima, assim, que até US$ 1,7 trilhão (R$ 8,5 trilhões) em apostas ilegais, atribuídas a organizações criminosas, sejam movimentados anualmente no mundo.

Recentemente, um relatório da Liga Pro do Equador identificou indícios de manipulação de resultados em pelo menos cinco partidas da segunda divisão nesta temporada. Entre os clubes investigados está o Chacaritas, cujo dirigente revelou ter recebido uma oferta de US$ 20 mil para perder um jogo.

Em 2024, um vídeo que viralizou nas redes sociais mostrou jogadores do Chacaritas deitados no chão enquanto homens armados os ameaçavam. De acordo com a imprensa local, uma facção criminosa obrigava o elenco a entregar partidas para favorecer esquemas de apostas.

Segunda divisão é o alvo preferido

Especialistas apontam, inclusive, que equipes das divisões inferiores se tornaram alvos preferenciais do crime organizado devido aos baixos salários pagos aos atletas. Segundo eles, jogadores que cedem às ameaças dificilmente conseguem se desvincular dos esquemas criminosos.

Em entrevista recente à AFP, o ex-goleiro chileno Nelson Tapia relatou que, durante seus cinco anos no futebol equatoriano, enfrentou o então Fijalan FC — clube que mais tarde passou a se chamar Exapromo Costa.

Tapia, inclusive, afirma que o grupo mantém ligação com Adolfo Macías, o “Fito”, líder da facção criminosa Los Choneros, extraditado para os Estados Unidos. O nome Fijalan, segundo investigações, é o nome de um restaurante administrado pelo irmão de Fito, que responde por lavagem de dinheiro. A Justiça incluiu o Exapromo Costa no processo e passou a investigar os irmãos Macías como possíveis sócios da equipe.

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