Treinadores italianos: houve sucessos em Portugal, mas no FC Porto correu mal... | OneFootball

Ainda que sem confirmação oficial nesta altura, tudo aponta para que o novo treinador do FC Porto vá ser Francesco Farioli, conforme o nosso jornal noticiou em tempo oportuno. O sucessor de Anselmi é mais uma aposta ousada da direção de Villas-Boas, que certamente espera melhores resultados nesta nova tentativa.

O passaporte transalpino é, desde logo, um sinal que suscita curiosidade. Treinadores italianos são uma constante nos lugares mais altos da atualidade futebolística, no panteão da modalidade e até na história do campeonato nacional, onde dois já foram campeões: Giuseppe Materazzi (Sporting, 1999/00) e Giovanni Trapattoni (Benfica, 2004/05).

Fora esses dois casos de inegável sucesso, a história não dos treinadores oriundos de Itália no principal escalão português não é assim tão bella. Rino Martini teve uma passagem medíocre pelo Vitória FC nos anos 50, Galderisi não salvou o Olhanense da descida em 2014 e Cristiano Bacci só venceu cinco dos 31 jogos que fez na Primeira Liga. Ainda assim, os exemplos mais infelizes são, provavelmente, aqueles que dizem respeito aos dragões...

Puricelli, um puro desastre

Foi no verão de 1959 que pela primeira vez o Futebol Clube do Porto recebeu um treinador italiano. Ettore Puricelli chegou para ser o sucessor de Béla Guttmann, que fora desviado para a Luz depois de iniciar a porção portuguesa da sua carreira ao sagrar-se campeão pelos azuis e brancos. Não conseguiu estar à altura dessa exigência.

Puricelli trazia no currículo um scudetto conquistado ao leme do Milan, clube que representara também enquanto jogador (embora nascido no Uruguai, chegou a ser internacional por Itália). A expectativa seria manter os dragões competitivos à escala nacional e fazer uma boa campanha nas provas europeias, mas a passagem pelas Antas provou-se muito curta...

Arrancou a temporada com uma derrota em Bratislava, frente ao Cervena Hviezda, e um 0-2 em casa acabou por confirmar a eliminação na primeira eliminatória da Taça dos Campeões Europeus frente a oposição checoslovaca. Enquanto isso, arrancou o campeonato com uma derrota frente à Académica (1-0) e à sétima jornada, depois de já ter perdido também com Sporting, Belenenses e SC Braga, foi despedido.

Deixou um FC Porto campeão no 11º posto, dois pontos acima da zona de descida. Acabariam por terminar em quarto lugar nessa temporada, na qual tiveram o contributo de quatro treinadores diferentes.

Pré-época no campeão europeu

Se um teve a difícil tarefa de substituir um treinador campeão rumado a rivais, o que dizer de Gigi Delneri? A seguinte aposta italiana para o comando técnico, 45 anos depois, chegou pouco depois de José Mourinho ter levado os dragões à conquista da Liga dos Campeões.

Depois de temporadas ao leme do Chievo, foi fácil aceitar o convite do campeão europeu. Ainda assim, a mudança para Portugal acabaria por ser uma experiência tão curta quanto traumática para o treinador que nunca sequer chegou a comandar o FC Porto num jogo oficial! Possivelmente a escolha menos feliz de Pinto da Costa.

No total, entre apresentação e rescisão, passaram 65 dias. Metodologias de trabalho, dúvidas em relação a um esquema de 4-2-4, dispensas e a alegada ausência de um treino foram alguns dos motivos que levaram à separação prematura. Saiu a 8 de agosto, 12 dias antes de uma Supertaça que os azuis, com o espanhol Victor Fernández no banco, acabaram por vencer (1-0) frente ao Benfica de Trapattoni, que acabaria a temporada em sorrisos.

Embora curta e quase anónima, a passagem de Delneri por Portugal foi memorável por ser, possivelmente, a escolha menos feliz de todo o reinado de Pinto da Costa. Ficou também na história a polémica em torno da compensação financeira, que só foi resolvida após intervenção da FIFA (uma indemnização de 600 mil euros).

Importa referir que, no processo de construção deste artigo, o zerozero contactou o técnico italiano. No entanto, e mesmo tendo passado mais de 20 anos desde a passagem de Delneri pelo FC Porto, o mesmo recusou, de forma bastante cordial, participar na reportagem.

A nacionalidade não é nenhum tipo de indicador válido em relação ao potencial sucesso de Farioli. Ainda assim, não deixa de ser curioso que o FC Porto, mesmo com dois treinadores italianos na sua história, só tenha vencido dois jogos com um técnico dessa nação no banco.