
Gazeta Esportiva.com
·1 Agustus 2025
Tuma promete apurar supostos gastos pessoais no Corinthians e quer extinguir cartões

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·1 Agustus 2025
Em uma longa entrevista coletiva concedida na tarde desta sexta-feira, no Parque São Jorge, o presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Júnior, falou sobre o suposto uso indevido dos cartões corporativos do clube. O mandatário promete apurar os casos e disse que pretende extinguir o recurso.
Na última quarta-feira, Tuma foi convocado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para depor sobre o assunto. O órgão abriu um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para investigar a utilização dos cartões nas gestões dos ex-presidentes Andrés Sanchez (2018 a 2020) e Duilio Monteiro Alves (2021 a 2023).
Segundo Romeu, o MP quer entender como funciona o uso dos cartões. No entanto, de acordo com o mandatário, não há qualquer tipo de regulamentação. Sendo assim, ele afirmou que irá propor à diretoria do clube, presidida de forma interina por Osmar Stabile, para que o recurso seja extinto.
“Vou recomendar ao presidente do clube para ele extinguir o cartão corporativo. O MP me chamou para ir lá, querem saber como funciona, mas não funciona. Não tem regulamentação, ninguém sabe como funciona. Cada presidente manda fazer dois, três, e não tem regra. Temos que fazer um relatório de despesa, reembolsar o que está no escopo do clube. Vou propor que seja extinto. Não vejo nenhuma utilidade. Cria um departamento de compras, com um bom profissional. Não precisa de cartão se não tem controle”, declarou.
(Foto: André da Silva Costa/Gazeta Press)
Tuma garantiu que está averiguando o caso dos cartões e que solicitou documentos à diretoria, mas posteriormente descobriu que várias faturas foram furtadas do clube. O Corinthians, inclusive, registrou um Boletim de Ocorrência.
Romeu também se colocou como “maior opositor da Renovação e Transparência”, grupo político ligado a Andrés e Duilio, e disse que não “passará pano para ninguém”. Ele ainda revelou que houve uma denúncia de supostos gastos no nome de Andrés Sanchez durante a gestão Augusto Melo.
“Eu fui o maior opositor do grupo Renovação e Transparência, mas sempre com respeito e dentro do limite estatutário. Eu pedi inquérito contra o Roberto de Andrade, fiz a denúncia e fui até o fim. Pedi o impeachment, que foi votado e perdemos. Reprovamos as contas do Andrés e pedimos a expulsão dele. Sempre entendi que as decisões da Comissão de Ética devem ser deliberadas pelo plenário, não pela Comissão. O presidente da época arquivou o caso. Eu fui à Justiça sozinho para pedir a expulsão do Andrés, naquela época não havia Lei Geral do Esporte. Quando cheguei lá, a Justiça entendeu que o valor da ação não era correto. Eles entendiam que eu tinha que colocar o valor de ação em R$ 100 milhões. Eu não tinha condições de pagar, então desisti. Eu não protejo ninguém, protejo o estatuto”, afirmou
“Tenho que fazer uma apuração legalista, honesta, como fiz com o Augusto Melo. Desde o dia 16, estou apurando tudo e ninguém vai ficar impune se dever. Meu papel é apurar. A Polícia no seu âmbito, o MP no seu âmbito, todos serão julgados. Sempre vou defender as regras estatutárias. Temos que investigar quem vaza documentos bancários, tributários, é crime. Temos que apurar. Não vou proteger ninguém. Tudo será julgado, vou seguir o mesmo rito que fiz com o ex-presidente. Esse caso demanda apuração, investigação. Sempre fui combatente de quem não cumpria o estatuto. Vou fazer o que deve ser feito”, continuou.
“Esse caso do cartão, para que ele tenha substância para ser julgado no Conselho, precisa haver infração estatutária. Vamos apurar se houve ou não. O cartão não tem regulamento. Vamos apurar tudo, quem vai julgar é o Conselho. Você tem que apurar, saber como funciona. Hoje saiu uma notícia que tem um cartão em nome do Andrés sendo usado nessa gestão. Como isso? É conta passada? Está errado, alguma coisa está errada. Tudo isso precisa ser entendido. Como a Comissão de Ética vai fazer um parecer? O Andrés disse que pagou, aí você pede os documentos e descobre que roubaram tudo. Não vou passar pano para ninguém, mas vou apurar. Vou mandar para a Comissão de Justiça. Ela vai apurar, entender como funciona”, finalizou.
O caso dos cartões corporativos veio à tona no início do mês de julho, quando Andrés admitiu ter utilizado o recurso de forma indevida para pagamento de despesas pessoais em Tibau do Sul, Rio Grande do Norte, no fim de seu último mandato, em 2020.
Dias após a revelação dos gastos, ele ressarciu o Corinthians com juros e correção monetária. O ex-presidente, no entanto, responderá a um processo disciplinar na Comissão de Ética e Disciplina do clube. Os torcedores pedem punições e até a expulsão de Andrés.
Houve, também, uma acusação de supostos gastos pessoais durante a gestão de Duilio Monteiro Alves. As despesas, contudo, não estão necessariamente ligadas ao ex-presidente. Ele não reconhece as faturas e registrou uma notícia-crime na Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade/Dope), solicitando a inclusão desta no inquérito policial já em andamento, que denuncia a circulação de documentos falsos e manipulados.