VOCÊ SABIA? Três anos antes de entrar para a história em apresentação no São Paulo, Paulão já desmaiou em campo… contra o São Paulo | OneFootball

Pelo nome Paulo Frederico Benevenute você pode até não reconhecer, mas basta dizer o seu apelido, Paulão Desmaio, para que você imediatamente o trate como um dos zagueiros mais conhecidos do São Paulo em todos os tempos.

Não, Paulão não é um ídolo da torcida por suas qualidades futebolísticas. Tampouco ganhou títulos e teve grandes momentos em campo. Longe disso. Foram apenas 33 jogos pelo clube em uma curta passagem que durou 10 meses entre 1999 e 2000.

Mas o que explica a fama de Paulão no imaginário são-paulino, com direito até a torcida organizada batizada com seu nome e faixas nos jogos? O folclórico ocorrido em sua apresentação oficial, em que desmaiou durante uma entrevista após ser comprado junto ao Mogi Mirim. E que incorporaria a palavra ‘desmaio’ em sua alcunha para a posteridade.

No dia 26 de julho de 1999, Paulão virou Paulão Desmaio. O jogador teve uma crise de hipoglicemia durante sua apresentação após ficar mais de dez horas sem comer, por conta da correria pelos exames médicos, físicos e do próprio nervosismo de chegar pela primeira vez na vida em um clube grande. E caiu em um banco do CT da Barra Funda de forma até, digamos, elegante, com a mão no bolso.

“O que o Paulão teve foi uma coisa relativamente normal. Ele realizou exames puxados pela manhã, depois teve que cumprir alguns compromissos burocráticos e acabou se descuidando da alimentação. Além disso, ainda houve a tensão da chegada ao São Paulo. Por isso o desmaio”, explicou na ocasião o médico tricolor, José Sanchez. “Qualquer um de nós que não se alimentar direito e passar por um momento de tensão pode sofrer com esse tipo de problema. Amanhã o Paulão já poderá até treinar.”

JÁ TINHA HISTÓRICO

As imagens de Paulão Desmaio correram o mundo e de certa forma o perseguiram sempre que foi anunciado como reforço em um clube novo.

Mas o que pouca gente sabe é que desmaio, Paulão e São Paulo não foram uma combinação inédita em 1999. Três anos antes, em 24 de março de 1996, o jogador já havia dado um susto. Desta vez por um problema muito mais sério.

Tricolor e Mogi Mirim jogavam no estádio Bruno José Daniel, em Santo André (Grande ABC), pela 14ª rodada do primeiro turno do Campeonato Paulista. Aos 38 minutos do segundo tempo da derrota são-paulina por 2 a 1, Paulão subiu para desviar um cruzamento à sua área e acabou acertando violentamente em cheio uma cabeçada na trave esquerda.

O lance, chocante, você pode conferir abaixo, com destaque para o barulho do momento em que o zagueiro atinge o metal. O jogador cai instantaneamente desacordado no gramado.

O que se seguiu foram cenas de tensão. Os próprios atletas, liderados por Zetti, que atravessou o campo, iniciaram primeiros cuidados, como massagem cardíaca e respiração boca a boca.

A atuação rápida de jogadores e médicos das duas equipes impediu uma tragédia maior. E antes mesmo de ser socorrido, Paulão acordou e retomou os sentidos. Por precaução, não pôde continuar em campo, o que foi recebido por protestos pelo jogador.

O episódio quase acarretou algo mais sério fora de campo. Federação Paulista de Futebol e Polícia Civil de Santo André abriram uma investigação conjunta para apurar os médicos socorristas do estádio, que ao invés de irem com a ambulância próximos de Paulão, esperaram ele ser levado à maca do veículo, distante alguns metros.

Segundo o ‘Diário do Grande ABC‘, o fato de Paulão não ter apresentado sequelas do incidente e se recusado a prestar queixa acabou fazendo com que o caso fosse arquivado.

HISTÓRIA

Após o São Paulo, Paulão atuou apenas pelo Vasco, em 2006, em um clube considerado grande. Em uma goleada por 5 a 1 sobre os cariocas aplicada pelo Tricolor, ele estava no banco e foi aplaudido (de forma irônica) pelos presentes.

De resto, atuou por equipes mais modestas, como Santa Cruz, Juventude, Guarani, Atlético Sorocaba, Barueri e encerrou a carreira em 2009, após disputar o Campeonato Carioca pelo Madureira.

Desde 2015 ele busca se destacar na carreira de treinador, mas até agora só passou por times de base. Passado tanto tempo do incidente que o consagrou, Paulão leva na boa o apelido de Desmaio e filosofa quando questionado sobre o assunto.

“Continuam lembrando porque a internet ajuda (risos). Levo na brincadeira, tenho amigos e pessoas que perguntam. Mas a minha carreira não foi pautada só pelo desmaio. Tem que saber levar, e levar na alegria, porque se você não conseguir sorrir com as coisas pequenas, não saberá sorrir com as grandes”, disse, ao portal ‘Globo Esporte‘.