
Saudações Tricolores.com
·25 maggio 2025
A reconexão campo-arquibancada: O Fluminense precisa de nós como um corpo precisa de alma

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·25 maggio 2025
Amigos: ontem não houve apenas uma vitória, mas uma redenção! Vejam vocês, o Fluminense não apenas derrotou o Vasco – rompeu um elo de uma corrente pesada e enferrujada, que estava entrelaçada, embrunhada, na relação campo-arquibancada! O que vimos no Maracanã foi uma batalha de gigantes, digo, foi a luta da luz contra as trevas! Atônito, eufórico, eu vi um Fluminense que derrotou não apenas 11 jogadores, mas toda essa maldição cósmica, essa energia pesada que teimava em nos perseguir.
Renato Gaúcho mais leve na coletiva me parece ser um dos primeiros sinais de que as coisas estão voltando aos eixos. O comandante tricolor já havia falado do clima, quando se referia ao ano de eleição que Laranjeiras vive. E nós, que vivemos e respiramos o dia a dia tricolor, sabemos bem como é – uma pena que seja assim. Mas ontem, ao soar do último trilo do apito, a reconexão mágica entre atletas e torcedores, entre o Maraca e as vitórias e, sobretudo, campo-arquibancada, parece ter sido restaurada. E isso é fundamental para as pretensões tricolores na temporada.
E quando as coisas ficam mais leves, mais leves ficam as coisas. Isso é até infantil de dizer, mas é necessário. Aquele passe errado, aquele gol perdido, aquela falha por ali ou por aqui, têm todos um peso diferente, quando existe essa conexão. A galera lamenta, mas apoia. Empurra o time para frente. E ali, naquele momento, o atleta sente diferente. Sente que a torcida está com ele e, com isso, se torna invencível. E aí, amigos, acontece a magia: a bola vai no ângulo, o goleiro voa como uma águia, o zagueiro alivia o perigo saltando mais que todos. Pois esse “a mais” que vem das arquibancadas é impressionante.
Pobre adversário! O Vasco veio ao Maracanã com esperanças de se aproveitar desse momento “esquisito” que vivíamos. No entanto, saiu de lá com a tristeza vascaína (não sei nem descrever, mas sei que é um tipo de tristeza abusrda). Saiu tão derrotado que seus jogadores voltaram para casa arrastando-se, como almas penadas! A humilhação foi tão vil, tão abissal, que só não foi maior porque não havia mais minutos para jogar! Ou porque os deuses do futebol pouparam o time comandado por Diniz, que nos deu alegrias imensas por aqui. Talvez por isso, e só por isso, o placar tenha sido assim.
Não nos enganemos, amigos: a Sul-Americana já é nossa! Repito, para que os surdos me ouçam: a Sul-Americana já é nossa! Basta que vocês, todos vocês, se dirijam ao Maracanã na quinta-feira como quem vai a uma guerra santa! Que cada tricolor vá ao estádio como um cruzado medieval, como um guerreiro japonês, como um espartano das antigas batalhas!
Quando qualquer ser humando assiste ao Fluminense, ele não é mais um reles mortal – torna-se um semideus! A arquibancada não é um mero aglomerado de tricolores, mas um tribunal de paixões, onde cada peito é uma catedral de sentimentos, onde cada grito é uma sentença divina! É ali, meus amigos, que homens comuns tornam-se semideuses, que sujeitos pacatos transformam-se em bestas-feras indômitas! A arquibancada tricolor não é geográfica, é metafísica! Não tem dimensões terrenas, mas cósmicas! Quando o Fluminense entra em campo, cada torcedor nas arquibancadas deixa de ser um reles mortal e torna-se uma potência incomensurável, capaz de arremessar para os céus a figura do Time de Guerreiros! Amigos, a arquibancada tricolor é a última trincheira da alma humana, onde os miseráveis de espírito encontram a redenção, onde os fracos descobrem a força e onde os tímidos fazem da garganta um trovão que abala as estruturas do universo!
Eu estive lá, já vi o futuro: o Once Caldas esteve no Maracanã “cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre.”
Na quinta-feira, sejamos como uma só entidade – campo e arquibancada, carne e espírito, razão e emoção! Eu vos digo, com o fervor de um profeta bíblico: não haverá juízo final para o torcedor tricolor que faltar a esse compromisso! O inferno está reservado para os omissos, para os que preferem a televisão ao calor humano do Maraca! (obviamente, aos tricolores em condições plenas)
Portanto, que cada um de vós se levante do sofá, deixe o conforto de sua sala e sofá, e vá ao Maracanã como quem vai a um idílio amoroso! Pois o Fluminense não é um time, é uma paixão obsessiva, uma doença crônica, uma febre inexplicável! É a mais sublime das dores e o mais pungente dos prazeres! É o êxtase e a agonia, é o céu e o inferno numa única camisa!
O Fluminense, amigos, é o único time que não se limita às três dimensões – ele existe numa quarta, quinta, sexta dimensão de sofrimento e redenção! Quando o tricolor entra em campo, não são apenas 11 jogadores, mas toda uma constelação de sonhos, esperanças e desesperos acumulados por gerações! O Fluminense não é só um clube de futebol, não, nunca foi só isso, é a própria essência da existência humana vestida de verde, branco e grená!
E quando a bola rolar, que cada tricolor grite com a força de mil demônios, com o ímpeto de mil touros, com a fúria de mil oceanos! Porque o Fluminense precisa de nós como o poeta precisa da musa, como o pintor precisa da luz! Sem a torcida, o Fluminense é apenas um corpo sem alma, um violino sem cordas, um pássaro sem asas! O Fluminense precisa de nós não como meros espectadores, mas como cúmplices de uma paixão que transcende a razão, que desafia a lógica, que escarnece do bom senso!
Eternos tricolores, até quinta-feira no Maracanã! E lembrem-se: o Fluminense é maior que a própria vida!
Grande domingo,
Washington de Assis
*trecho da obra “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna
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