MundoBola Flamengo
·10 ottobre 2025
Cleiton Carvalho fala sobre preparo mental de Wallace Yan e trabalho com jovens do Flamengo

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·10 ottobre 2025
O atacante Wallace Yan iniciou recentemente um trabalho com o mental coach Cleiton Carvalho, profissional que atua com jogadores de futebol e tem passagem por nomes como Lázaro, também revelado pelo Flamengo. Mais do que corrigir possíveis crises, o foco do acompanhamento é desenvolver habilidades que sustentem uma carreira sólida.
“Eu ajudo o atleta a entender o que ele quer construir para a carreira dele, a ter clareza de metas e objetivos. Também trabalho o lado das habilidades mentais, como confiança, concentração, foco e resiliência”, explicou Cleiton, que deixou a Marinha em 2021 para se dedicar integralmente à área de alta performance", disse.
Nos últimos meses, Wallace viveu um momento conturbado em relação ao comportamento dentro de campo, algo que ganhou evidência na eliminação para o Atlético-MG, pela Copa do Brasil. No último jogo, diante do Bahia, o atacante foi expulso após receber dois cartões amarelos em 10 minutos.
O Garoto do Ninho foi destaque na Copa do Mundo de Clubes e é o quinto artilheiro do elenco em 2025, com sete gols. Agora, o jovem busca transformar a intensidade que o caracteriza em combustível para amadurecimento.
“É vontade de vencer. O atleta competitivo quer ganhar, quer estar ali o tempo inteiro”, observou Cleiton. “O trabalho é ensinar a desenvolver as emoções. Se ele não souber respirar fundo nos momentos importantes, vai agir de maneira irracional. Às vezes o jogador já está com amarelo e tira a camisa após o gol."
"Se não tiver um treino para lidar com essas situações, ele só vai reagindo. O objetivo é fazer o atleta ter consciência das emoções e controlá-las. É sobre transformar energia em equilíbrio”, concluiu.
Além de Wallace, Cleiton Carvalho acompanha Joshua e Pedro Leão, dois dos principais nomes do Sub-20 rubro-negro. “A gente trabalha muito a paciência para subir ao profissional. Nem todo mundo vai viver o que o Endrick viveu, por exemplo. O atleta precisa entender os processos e continuar crescendo, mesmo que o resultado positivo demore um pouco mais”, pontuou.
Segundo o mental coach, os primeiros sinais de evolução aparecem rápido, mas o processo completo exige constância. Ele cita o desejo de trabalhar com Wallace Yan por um longo período, destacando o potencial do jovem de se tornar ídolo do Flamengo e chegar à Seleção Brasileira.
"Só o fato do atleta sentar na minha frente já é um processo de evolução. Eu consigo ver muito rápido, em um mês. (...) Mas o crescimento mental não é de um dia para o outro, eu sempre reforço isso. Da mesma forma que o atleta treina físico, técnico e tático desde os 10 anos, ele não vai se tornar o mais forte mentalmente com 3 meses de trabalho."
"Tem atletas que acompanho há estou cinco anos, quatro anos, e eles sempre vão renovando o processo. Espero que a gente fique muito tempo junto (Wallace Yan), porque acredito no potencial. Acredito que tenha condições de chegar à Seleção Brasileira e jogar em um grande clube europeu, mas ser ídolo no Flamengo antes de viver essas coisas."
Lázaro é outro jovem rubro-negro de destaque com quem Cleiton trabalhou recentemente. O acompanhamento começou no período em que o atacante vivia indefinição sobre o futuro e acabou coincidindo com o melhor momento da passagem dele pelo clube.
“Saí da Marinha e comecei a trabalhar com o Lázaro naquele período em que ele estava para sair do Flamengo. A gente começou um trabalho em 2022 e ele melhorou bastante o rendimento dentro do clube, até ser vendido para o Almería", lembrou Cleiton Carvalho.
Em 2022, Lázaro marcou 8 gols e deu 7 assistências em 45 jogos pelo profissional do Flamengo. Números que fazem daquela a melhor temporada até hoje, 2025, quando atua pelo Al-Najma, da Arábia Saudita. O Flamengo o vendeu ao Almería por 7 milhões de euros (R$ 36,34 milhões na cotação da época).
“Hoje eu ajudo o atleta a entender o que ele quer construir para a carreira, a ter clareza de metas e objetivos. Também ajudo a desenvolver habilidades para alcançar essas metas e trabalho nos pilares da vida do atleta, porque se ele não estiver bem fora de campo, não vai estar bem dentro dele”, completou.
O profissional também chama a atenção para os desafios sociais e emocionais que jovens atletas enfrentam no futebol brasileiro. “Quando o atleta vem da periferia, é ainda mais desafiador. Ele vive pressões e cobranças para as quais não foi treinado. Às vezes, vem de uma família disfuncional, e isso afeta diretamente o rendimento. É por isso que eu digo que cuidar de si mesmo não é sinal de fraqueza, é sinal de fortaleza”, afirmou.
Cada vez mais comum em clubes europeus, o trabalho de mental coach vem ganhando espaço no Brasil. Cleiton Carvalho acredita que o cenário nacional está em evolução, mas ainda há um longo caminho.
“A saúde mental passou muito tempo sendo tabu. Hoje os clubes entendem que o rendimento está ligado a todos os pilares: físico, técnico, tático, mental e comportamental. Quando um deles falha, o desempenho cai.”
A valorização desse tipo de acompanhamento reflete uma tendência moderna no futebol: atletas que trabalham o lado mental não apenas para corrigir falhas, mas como parte da preparação para o alto rendimento.
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