Coletivo protocola pedido de processo disciplinar contra Andrés Sanchez por uso de cartão corporativo | OneFootball

O Coletivo Voz Corinthiana protocolou nesta sexta-feira, 11, um pedido formal para a abertura de procedimento disciplinar contra o ex-presidente Andrés Sanchez, após o vazamento de uma fatura do cartão corporativo do clube referente a dezembro de 2020. O documento, divulgado por uma conta paródia no X (antigo Twitter), expõe gastos pessoais do então mandatário que somam R$ 9.416, incluindo passeio de barco, hospedagem em hotel e refeição em restaurante no município de Tibau do Sul (RN).

Segundo o coletivo, o pedido foi feito com base no Estatuto Social do clube e conta com a assinatura de outros associados. A medida, afirmam, representa um passo importante em defesa de uma gestão mais ética e responsável no Corinthians. “O uso de recursos do clube para fins particulares é um ataque direto aos princípios de transparência e moralidade, que devem guiar o Corinthians. O cuidado com o patrimônio do clube não se negocia”, diz o comunicado.

Foto: Reprodução

O grupo solicita que o Conselho Deliberativo do Corinthians inicie a apuração formal dos fatos e, em caso de confirmação da infração, aplique as punições previstas no Estatuto, incluindo o desligamento de Andrés do quadro associativo e a perda do cargo de conselheiro vitalício.

O documento também exige que seja aberta uma investigação mais ampla sobre o uso do cartão corporativo por todos os ex-presidentes dos últimos dez anos, com o suporte de uma auditoria independente.

“A Fiel tem o direito de saber como o dinheiro do clube é usado. Nossa atuação será sempre guiada pela defesa firme dos interesses do Corinthians e pela busca de um clube mais moderno e profissional”, afirma o coletivo, que também reforça a necessidade de uma reforma estatutária para evitar novos episódios como este. O documento protocolado está disponível para consulta pública neste link.

Em entrevista ao UOL, após admitir o uso do cartão, Andrés Sanchez reconheceu falhas no episódio, mas atribuiu o “equívoco” ao departamento financeiro do clube. À época, a área era chefiada por Roberto Gavioli, que hoje ocupa o cargo de gerente no Corinthians.

“Cometi esse erro do cartão. E o máximo que eu posso fazer é reembolsar o clube. Já falei com o financeiro, com o Gavioli, que, na época, também era do financeiro e ‘comeu bola’, porque ele tinha que ter me avisado e também não me avisou. Eu vou reembolsar com juros e correção monetária. Acho que tem até mais um aí, que deve ter mais um valor na mesma época lá, que eu também vou reembolsar. Ele vai verificar se tem isso aí mesmo”, afirmou o ex-presidente.

“Se eu fosse roubar o Corinthians, não seria pelo cartão corporativo. Eu não estudei, mas não sou burro. Foi um erro, e eu vou pagar por ele”, completou Andrés.

O escândalo envolvendo a fatura do cartão corporativo veio à tona em meio a uma crise institucional no Corinthians, a menos de um mês da votação do impeachment de Augusto Melo, presidente afastado e denunciado pelo Ministério Público de São Paulo. Diante do momento conturbado, Andrés Sanchez vê possível motivação política por trás do vazamento.

“Vasculharam minha vida inteira. Quebraram meu sigilo bancário e fiscal três vezes. Agora encontraram esse erro e jogaram na imprensa.”

Diante da forte repercussão do caso na torcida corinthiana, Rozallah Santoro, ex-diretor financeiro do Timão, e Herói Vicente, membro da Comissão de Justiça do Conselho Deliberativo, também se pronunciaram sobre o uso do cartão corporativo pelo ex-presidente. Para Rozallah, o Corinthians voltou às páginas policiais em mais um episódio marcado pela má gestão. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ele criticou Andrés Sanchez por utilizar recursos do clube para fins pessoais mesmo após ter se licenciado do cargo, e também direcionou críticas ao presidente afastado Augusto Melo.

Já o ex-diretor jurídico Herói Vicente se pronunciou nas redes sociais dizendo que o Corinthians pede socorro e criticando a perda de valores como transparência, ética e responsabilidade. Segundo ele, o clube está dominado por jogos de poder e interesses pessoais.

“Ao longo do tempo, nos afastamos dos valores que deveriam ser inegociáveis: transparência, responsabilidade, ética e compromisso com o bem coletivo. Hoje, o que se vê são jogos de poder, vaidades e interesses pessoais se sobrepondo à grandeza da instituição. Muitos dos que deveriam fiscalizar se omitem. E o clube paga – caro – por isso”, publicou em seu perfil no Instagram.

“O Corinthians precisa romper com essa lógica viciada, ultrapassada e autodestrutiva, que já não representa o espírito do seu povo. Enquanto isso não acontecer, seguiremos reféns de uma estrutura que afasta o clube da sua essência. Somos muito maiores do que isso. E precisamos reencontrar o caminho. Urgente”, concluiu Herói.

O Conselho de Orientação (Cori) do Corinthians, do qual Andrés Sanchez é membro nato, se reunirá na próxima segunda-feira, 14, para analisar as faturas do cartão corporativo e poderá recomendar seu desligamento do quadro associativo do clube. No entanto, qualquer sanção só poderá ser aplicada após a instauração de um processo pela Comissão de Ética e Disciplina e a aprovação final do plenário do Conselho Deliberativo.

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