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·25 novembre 2025

Como o Itumbiara foi do título goiano à lanterna da 3ª divisão em 15 anos

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Se você teve motivos para olhar a tabela da terceira divisão do Campeonato Goiano de 2025, talvez tenha se surpreendido ao verificar as últimas posições.

Terminada a primeira fase, o lanterna era o Itumbiara com três pontos. Em 11 jogos, o time sofreu 10 derrotas. A única vitória veio na despedida: 2 a 1 sobre a Rioverdense, penúltima colocada, em partida testemunhada por míseros 10 torcedores no estádio.


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Foi uma campanha marcada por resultados desastrosos. O time tomou 46 gols, média de 4,18 gols sofridos por partida. Na oitava rodada, perdeu por 7 a 0 para o ABD. Depois, levou 8 a 0 do Bom Jesus em casa na nona rodada. Na décima, sofreu uma goleada de 10 a 2 do Pires do Rio, em jogo no qual teve apenas dois jogadores no banco de reservas.

Sim, é o mesmo Itumbiara Esporte Clube que conquistou o título do Campeonato Goiano em 2008. Um time que tinha nomes conhecidos, como o goleiro Sérgio, os meio-campistas Wellington Saci e Leandro Carvalho e os atacantes Basílio e Landu, além do técnico Paulo César Gusmão.

Aquele título valeu ao clube uma participação histórica na Copa do Brasil de 2009. Embora tenha caído já na primeira fase diante do Corinthians, foi o adversário da reestreia de Ronaldo na volta ao futebol brasileiro. O Itumbiara tinha Denílson e Túlio Maravilha no ataque, mas perdeu em casa por 2 a 0 e se despediu de maneira digna, virando notícia até fora do país.

Mas o que explica o apogeu e a derrocada do Itumbiara? A resposta passa por um nome: Zé Gomes.

José Gomes da Rocha, o Zé Gomes, foi um dos principais nomes da história política de Itumbiara e do interior de Goiás. Foi vereador na cidade entre 1977 e 1988, depois deputado estadual de 1989 a 2003. Elegeu-se prefeito em 2004, comandando Itumbiara por dois mandatos entre 2005 e 2012. No agronegócio, acumulou um patrimônio declarado de R$ 110 milhões.

Não por acaso, a ascensão de Zé Gomes na política aconteceu ao mesmo tempo em que o Itumbiara Esporte Clube crescia nos gramados. Fundado em 1970, o clube fez boas campanhas no futebol estadual entre as décadas de 1970 e 1980, perdendo força na década de 1990.

Um primeiro episódio de mais destaque desta relação veio na década de 1990, quando Zé Gomes se dividia entre as funções de deputado estadual e presidente do Itumbiara. Na época, como deputado, contratou jogadores para atuarem no Itumbiara que eram registrados como secretários parlamentares, beneficiando diretamente o clube com a ilegalidade. O Ministério Público Federal denunciou o caso, e Zé Gomes foi condenado por improbidade administrativa. Em 1997, ele foi suspeito por um mês das atividades na Assembleia Legislativa. Entre recursos e recursos, o caso se prolongou nos tribunais por mais de uma década.

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Zé Gomes em 2008 (Imagem: Wikipedia)

Mas a eleição de Zé Gomes à Prefeitura de Itumbiara fortaleceu a já sólida relação entre o Itumbiara Esporte Clube e o poder público. Em 2008, ele era simultaneamente prefeito da cidade e presidente do clube. Era o Executivo local quem bancava os investimentos no time, que por sua vez projetava a cidade no cenário estadual e nacional.

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Em 2007, chegaram nomes como o lateral direito Rogério, o meia Beto e o atacante Valdiram. Em 2008, o Itumbiara sonhou com Romário e Edmundo, mas teve que se contentar com um uma constelação menos brilhante: o goleiro Sérgio (ex-Palmeiras), o lateral-direito Claudemir, o zagueiro Henrique (ambos ex-Vasco), os meio-campistas Caíco (ex-Santos e Inter) e Walker (ex-Ajax) e o atacantes Basílio (ex-Palmeiras e Santos). No comando, o já mencionado Paulo César Gusmão.

O título do Campeonato Goiano de 2008 e a vaga na Copa do Brasil de 2009 vieram em momento político importante, já que a cidade de Itumbiara completou 100 anos em 2009. Passado o centenário municipal, porém, o projeto logo perdeu fôlego: o Itumbiara foi terceiro colocado no Goianão de 2009, mas acabou rebaixado em 2010 com a segunda pior campanha do torneio.

Zé Gomes deixou a Prefeitura de Itumbiara no começo de 2013 e assumiu a presidência da Saneago (Companhia de Saneamento de Goiás). Chegou a ser cotado como vice da chapa de Marconi Perillo na eleição ao governo do estado em 2014, mas as conversas não avançaram.

Veio, então, uma reviravolta brutal.

O fim da trajetória de Zé Gomes na política de Itumbiara marca o início da derrocada do Itumbiara Esporte Clube, que não conseguiu mais se reerguer após a morte de seu principal padrinho. O clube chegou a ser vice-campeão da segunda divisão do Campeonato Goiano de 2011 mas não teve forças para se reafirmar entre as potências estaduais e virou um time ioiô: foi rebaixado no Goianão de 2013, subiu de novo em 2014, caiu em 2019, subiu em 2020, caiu em 2021…

Até que desabou. O Itumbiara foi rebaixado na Divisão de Acesso em 2022 e precisou disputar a terceira divisão do Campeonato Goiano pela primeira vez em sua história. Em 2023, foi eliminado na primeira fase sem vencer nenhum dos dez jogos que disputou. Em 2024, caiu nas semifinais. Em 2025, foi lanterna da divisão estadual, no pior desempenho da história do clube no cenário estadual.

Terminada a campanha, o Itumbiara divulgou uma nota nas redes sociais prometendo “uma retrospectiva do clube desde 2018 até 2025, com informações esclarecedoras de todas as especulações envolvendo o nome do clube”, prometendo também informações sobre o futuro.

No texto, a diretoria agradeceu aos atletas “que permaneceram até o final, honrando a camisa, as vezes jogando lesionados e sob vaias”. “(É) verdade que o Gigante atravessou uma temporada difícil, onde nada se encaixou, mas são coisas que acontecem no futebol”, diz o texto.

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