Como Vitor Roque foi de “patinho feio a cisne” e deslanchou com Abel no Palmeiras | OneFootball

Vitor Roque foi um dos principais personagens na vitória do Palmeiras sobre o Santos por 2 a 0, na última quinta-feira, pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. O camisa 9 brilhou com dois gols, um deles de cavadinha, e deu o triunfo ao Verdão no Allianz Parque.

O centroavante alviverde vive uma fase iluminada e teve o bom momento reconhecido pelo técnico Carlo Ancelotti, que o convocou para defender a Seleção Brasileira nos amistosos de novembro contra Senegal e Tunísia. Mas a trajetória do jogador no Palmeiras não começou assim.

O atacante teve um início tímido no Verdão e demorou a desencantar. O primeiro gol do ‘Tigrinho’ pelo Palmeiras saiu apenas no começo de maio, quando tirou um peso das costas ao marcar contra o Vasco. De lá para cá, passou a formar dupla com Flaco López e desandou a fazer gols.

Com 15 bolas na rede, Vitor Roque já se aproximou dos artilheiros do Brasileirão: Kaio Jorge e Arrascaeta, ambos com 17 gols marcados. O técnico Abel Ferreira elogiou o desempenho recente do centroavante, mas relembrou o peso das críticas no início da passagem do atleta pelo Palmeiras.

“Eu tenho dificuldade em elogiar os meus jogadores, eles empolgam e depois [risos]… É o patinho feio que virou cisne. Muitos de vocês ajudaram a ser patinho feio. Muitos de vocês que estão aí sentados. Se ele visse e acreditaram no que disseram aí, as baboseiras que falaram… ele teria deixado de ser jogador. A sorte é que ele sabe quem é o treinador dele. A sorte é que o treinador dele sabe onde está, como funciona a dinâmica e cuidou dele. O que fazemos melhor aqui é cuidar. Se calhar, até sou melhor nisso. É o patinho feio que virou cisne e, se calhar, os mesmos que criticaram são aqueles que estão dizendo que é o melhor jogador do mundo”, afirmou Abel.

O centroavante soma 19 gols e cinco assistências em 51 jogos com a camisa do Verdão. Nos últimos 20 jogos, balançou as redes 15 vezes. Não à toa, foi convocado por Ancelotti, que já declarou que quer testar o atleta na Seleção Brasileira. Abel citou seu papel no crescimento de Vitor Roque, mas deixou claro que os méritos são todos do jovem.

“Para ele, é a mesma coisa. Gelo, calma, o caminho é este, a consistência é esta. Foi à Seleção por fruto do trabalho dele, porque eu não corro, não treino por ele. Como professor e treinador que sou, essa é minha função, ajudá-lo da melhor forma que consigo. Mas quem é o verdadeiro protagonista é ele. Quem faz acontecer é ele. O mérito todo do patinho feio que virou cisne é dele. Demos o tempo para que as penas trocassem e que as pessoas fossem vendo ao longo do tempo que realmente esse jogador é mais do que mostrou nos clubes quando esteve fora, porque certamente não teve o acompanhamento e nem o cuidado que nós temos aqui”, destacou o comandante.

Resiliência é parte do trabalho

Parte do trabalho de um técnico de futebol é saber manter a calma quando as coisas não dão certo. E para Abel Ferreira, a resiliência tem dado frutos – como foi no próprio caso de Vitor Roque, em quem o português insistiu mesmo com as críticas pela falta de gols no início do ano.

“Já tenho idade e experiência suficiente para perceber que um campeonato e uma temporada é longa, tem altos e baixos. Vamos sofrer, vamos ter momentos de euforia, de desânimo, de frustração, mas acho que há uma característica que é a melhor que qualquer um pode ter: a resiliência. É ser capaz de ser resiliente e entender que nem sempre as coisas vão sair como queremos ou planejamos. Mas isso que é o maior talento que podemos ter, forçar, ajustar as velas se for preciso, para entrarmos no rumo certo. E mesmo quando estamos no rumo certo, obstáculos vão aparecer. Manter a calma em momentos em que parece que todos criticam tudo que acontece”, disse.

O Palmeiras soube ser resiliente, por exemplo, quando buscou a virada histórica contra a LDU, por 4 a 0, e avançou à final da Libertadores. Tudo isso depois de duas duras derrotas – uma em Quito e outra para o Flamengo, em confronto direto pela liderança do Campeonato Brasileiro.

“Quando todos estão eufóricos, é manter os pés no chão e dizer que foram apenas três pontos, falta muito ainda. A parte mental é no futebol e na vida. Temos que estar focados naquilo que controlamos. Não estar preocupados com o que vizinho tem, o que ele conseguiu. Às vezes, esquecemos de ver o processo que levaram as pessoas a chegarem ao lugar que estão. Acho que o lado mental é não só no futebol, mas na vida. É um dos fatores que temos de rendimento, não o único. Quando você está equilibrado, técnica, tática, física e mentalmente, em harmonia contigo, é menos difícil ultrapassar dificuldades, como foi hoje o Santos. Isso é um trabalho diário. O equilíbrio e a resiliência sempre serão no termo certo para seguirmos nossos objetivos”, concluiu o português.

Situação na tabela

Com o resultado, o Palmeiras não só se manteve na liderança do Brasileirão, como abriu três pontos de vantagem sobre o Flamengo, vice-líder da competição. O Verdão chegou aos 68 pontos, enquanto a equipe carioca soma 65. O Alviverde ainda alcançou a terceira vitória seguida entre todas as competições.

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