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·22 dicembre 2024

Conselho vota empréstimos bancários em pleno Natal para tentar amenizar contas do São Paulo no ano

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Olten Ayres e Casares: manobra para reduzir arrombo nas contas (Rubens Chiri/SPFC)

RAFAEL EMILIANO@rafaelemilianoo


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Os conselheiros do São Paulo correm na próxima quinta-feira (26) para aprovar três movimentações bancárias propostas pela gestão Julio Casares em uma tentativa derradeira de minimizar os números assustadores que prometem protagonizar o balanço de 2024.

A mais polêmicas das operações será a aquisição de R$ 90 milhões em cédulas de crédito bancário junto ao Banco BMP, com prazo de pagamento parcelado até outubro de 2028.

Segundo a ata de convocação da reunião do Conselho, a destinação dos recursos tem como objetivo a amortização de dívidas, gerar capital de giro e compras de cotas do fundo de investimentos celebrado entre o Tricolor e a Galápagos.

As garantias dadas para pagamento são mensalidades do quadro associativo, além de recebíveis que irão ocorrer justamente do FIDC.

Outros dois empréstimos são justificados pela gestão Casares aos conselheiros como necessidade de "giro de caixa".

O primeiro, de R$ 17 milhões, junto ao Bradesco, tem necessidade de pagamento até dezembro do ano que vem.

O outro, de R$ 5 milhões, junto ao Banco Rendimento, vence em março do ano que vem e tem como garantia de pagamento o contrato de patrocínio com a Ademicon.

Teoricamente, são os últimos três empréstimos firmados pela gestão Casares, já que as regras do fundo de investimentos que será implantado a partir de janeiro proíbe esse tipo de movimentação financeira.

O São Paulo terminará 2024 com o maior déficit já registrado em sua história. O prejuízo deverá ser maior que R$ 200 milhões, o que fará a dividia do clube superar os R$ 1 bilhão.

O FIDC é a tentativa derradeira da gestão Casares antes de medidas mais extremas, como a venda de uma SAF, por exemplo.

O Conselho Deliberativo do São Paulo aprovou por 185 votos a 40 o contrato celebrado pelo clube com a Galápagos Capital, empresa de investimentos que gerenciará um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), que deverá captar receitas de investidores e substituir empréstimos bancários por uma única dívida, esta com o fundo criado.

Ele captará dinheiro no mercado, com pagamento em dezembro de 2028, mediante aplicação de juros, com contratos do clube oferecidos como garantia, como patrocínios, licenciamentos, direitos de transmissão, programa de sócios-torcedores e vendas de jogadores.

Com os R$ 240 milhões previstos, a ideia é pagar dívidas mais antigas com instituições financeiras, diminuindo os juros que são pagos atualmente.

O clube entende que diminuirá seus riscos e alongará o prazo, já que o dinheiro captado agora será usado para pagar dívidas antigas e só precisará ser devolvido (com juros) daqui a pouco mais de quatro anos.

Doze dos contratos de empréstimos atuais, somando R$ 194 milhões, foram usados para uma análise mais detalhada do panorama de endividamento bancário, incluindo a estimativa de um pagamento atual de R$ 38 milhões a R$ 48 milhões em juros.

Entretanto, é uma iniciativa diferente da mera captação de valores com terceiros, que não costuma alterar a maneira como o clube é gerido financeiramente. Existem travas na governança, que limitarão os gastos e o quanto o clube pode contrair em novas dívidas. Há cinco restrições que precisarão ser cumpridas durante a vigência do fundo.

Os gastos e investimentos com futebol não poderão passar de 50% da receita bruta anual ou de R$ 350 milhões — o limite será o menor dos dois valores.

Os salários anuais da administração do clube também terão um teto de 4% da receita bruta anual ou R$ 25 milhões, igualmente prevalecendo o menor valor.

Em um mesmo trimestre, nenhuma nova dívida, operação de empréstimo ou obrigação financeira de mais de R$ 10 milhões poderá ser contraída sem autorização do comitê de crédito do fundo.

Também será necessário obter aprovação do fundo se houve cessão, desconto ou oneração de receitas futuras que sejam de titularidade do clube.

O Tricolor será obrigado a apresentar superávit no fim de cada um dos exercícios anuais a partir do ano que vem, correspondente ao balanço a ser publicado em abril de 2026.

Essa última restrição é particularmente desafiadora, pois de 2019 para cá o clube só apresentou superávit em 2022, ainda assim apenas graças a uma operação fortuita: a venda de Antony do Ajax para o Manchester United, sobre a qual o Tricolor tinha um percentual considerável. Os demais exercícios somados tiveram um déficit de R$ 454,4 milhões, valor que não inclui os R$ 185 milhões registrados no primeiro semestre deste ano.

A comparação com o superávit de R$ 37,5 milhões em 2022 demonstra o tamanho do desafio que o Tricolor tem pela frente.

Entretanto, esses são os cenários caso esses limites sejam violados, e a tendência é de que as consequências sejam brandas, ao menos nas primeiras vezes.

As três possibilidades previstas são (1) não tomar nenhuma ação; (2) proteger os investidores com alguma medida como a aceleração da amortização da cota sênior; ou (3) a liquidação antecipada do fundo. A decisão será tomada numa assembleia de cotistas convocada nesses casos.

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