MundoBola Flamengo
·7 aprile 2025
Do sistema imprevisível à principal arma: jornalista argentino destrincha o Central Córdoba

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·7 aprile 2025
Mais do que uma partida: um acontecimento histórico para as "páginas douradas" do futebol de Santiago del Estero. É o que diz o jornalista argentino Gustavo Paz, do jornal El Liberal, um dos principais veículos da cidade.
Para entender não só o momento, mas como joga o próximo adversário do Flamengo, o MundoBola Flamengo entrou em contato com o hermano para analisar a partida, e o material adquirido contém riqueza tática e até emocional.
O jogo acontece na quarta-feira (9), às 21h30 (horário de Brasília). As noites de Libertadores são sempre especiais, mas essa, será ainda mais para os argentinos de Córdoba.
Uma das armas de Omar de Felippe é a imprevisibilidade. Isso porque o Central Córdoba não mantém um estilo de jogo fixo, e a cada partida, o técnico faz mudanças de acordo com o adversário, como explica Gustavo Paz.
"Central Córdoba é uma equipe que não tem um sistema tático definido. Não é um time que joga sempre da mesma maneira. É um time que troca muito de acordo com o contexto, com o rival que tem pela frente", inicia.
Mesmo assim, é possível captar algumas características importantes do time.
"É uma equipe que tem laterais que se projetam muito. Nem sempre são os mesmos, mas, em geral, os que jogaram as partidas pela Liga, são os titulares, que são Moyano e Cufré", comenta, antes de dar ênfase a falta de um atacante de ofício.
"Tem uma equipe que, muitas vezes, como mandante, joga com três atacantes. Talvez falte um número 9, um centroavante, com mais gols e mais peso ofensivo. Nessa posição, está jogando Leonardo Heredia, que é um meia ofensivo com muitos gols, mas não é um centroavante", explica.
Outra característica marcante é a velocidade, principalmente pelos lados e com nomes específicos. O Camisa 7, por exemplo, é considerado por Gustavo como a principal arma do Central Córdoba.
"Há extremos muito velozes, que são Perelló e Luis Angulo, principalmente. Em Luis Angulo, se pode encontrar a arma mais perigosa do Central Córdoba. É um extremo colombiano que joga, na maioria das vezes, pela esquerda, mas que pode jogar, também, pela direita. Ele é muito veloz, típico jogador para jogar em contra-ataque", avisa.
Omar de Felippe pode jogar com linha de quatro ou cinco jogadores, e Gustavo segue destrinchando o time.
"Depois, dois jogadores que sempre estão no meio-campo: Ivan Gomez e o paraguaio José Florentín. A estrutura da equipe pode ser formada com linha de quatro ou de cinco. Essa linha de cinco se transforma em linha de três, quando ataca. Não creio que de visitante, mas, sim, de local, muitas vezes coloca uma linha de três atacantes", explica.
Na estreia da Libertadores, um zagueiro jogou improvisado como volante, enganando o time adversário.
"O goleiro, quase sempre, é Aguerre, titular que joga todas as partidas. Os zagueiros, quase sempre titulares, são Lautaro Rivero e Jonatan Galván. Na partida contra a LDU, o sistema sofreu mudança, porque foi linha de quatro. Galván, um dos zagueiros, jogou adiantado a linha dos defensores, como uma espécie de 4-1-4-1, o sistema utilizado. Nunca tinha sido utilizado, e nessa partida, foi assim. Em princípio, parecia uma linha de cinco, mas Galván saiu dessa linha para se colocar a frente dos zagueiros e jogar mais perto dos meio-campistas. Não creio que isso se repita no Maracanã, não creio que ele vá utilizar na Liga Argentina", opina.
Como estilo de jogo, o Córdoba gosta de lançamentos diretos, além de contra-ataques velozes. Portanto, pode-se esperar domínio do Flamengo na posse de bola.
"A estrutura é essa, muda muito com o contexto. Não há um sistema predileto, e os sistemas não se repetem. Mas o jogo com os extremos pelos lados e o jogo mais direto com a bola pode fazer a diferença. Uma bola longa de 40 metros pode servir mais do que o jogo associado. A principal valência da equipe é essa. Essa é a tendência do time, ser preciso com a bola. Entrar na área tocando é algo que tem faltado. Está faltando um nove de peso na área", comenta.
Gustavo conta a mobilização da cidade, colocando o jogo como um sonho realizado por muitos torcedores.
"Aqui em Santiago del Estero, foi recebido como um acontecimento histórico. Estrear na Copa Libertadores, como visitante, no Maracanã, é algo que é um sonho. Muita gente diz que será a foto da sua vida, estar no Maracanã. É uma partida histórica para o clube, para a província. Na semana passada, se falou de LDU e Central Córdoba na Libertadores. Estão um pouco comovidos. Santiago del Estero tem um milhão e trezentos mil habitantes, mais ou menos. Todo mundo fala sobre a mesma coisa", relata.
Ele conta que os torcedores argentinos já estão saindo em peso de Santiago del Estero rumo ao Rio de Janeiro, e que o feito de chegar a esse nível é visto como um dos principais acontecimentos na história do clube.
"Central Córdoba é o time mais importante desta província. Já é uma equipe com grandes conquistas esportivas a nível nacional. Venceram a Copa Argentina no ano passado. Se vive como algo para a província, que sai nas páginas douradas do futebol de Santiago. Dessa forma, muita gente saiu domingo a noite para o Rio de Janeiro. É visto como algo histórico", explica.
O que dá para fazer em nove meses? O tempo de gestação é o mesmo que o time argentino levou para sair do inferno ao céu, como conta o jornalista estrangeiro.
"É um evento histórico. Meses atrás, o time era o último, com Lucas González, colombiano, como treinador. Havia perdido uma série de nove partidas do Campeonato Argentino. Se encontrava na zona de rebaixamento, e na Copa Argentina, chegou nas quartas, passou nas semis também, com algum sofrimento, e na final, venceu um Vélez que depois foi campeão do Torneio Argentino", relata.
'Gusty' encerra afirmando que o momento vivido pelo Central Córdoba é como um filme.
"Nove meses atrás, a situação era totalmente inversa, e hoje se encontra na Libertadores, jogando com o Flamengo, um dos grandes da América. É coisa de filme o que vive o Central Córdoba, praticamente o impossível em nove meses. Isso é futebol", finaliza.
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