Calciopédia
·5 novembre 2024
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Real Madrid e Milan, donos das duas camisas mais pesadas da Liga dos Campeões, voltaram a se enfrentar nesta terça, 5 de novembro, após praticamente 15 anos. Em campo, nada menos do que 22 títulos da competição, uma somatória maior do que qualquer outro confronto: os blancos, com 15 conquistas, e os rossoneri, com sete.
Ao mesmo tempo, teríamos o embate entre dois times em situação parecida, tendo dificuldade para engrenar na temporada e vendo rivais em fase melhores abrirem vantagem em suas respectivas ligas nacionais. Por outro lado, clubes que vivem momentos históricos extremamente distintos. Os espanhóis seguem contratado alguns dos maiores craques do momento, são os atuais campeões da Champions League e vivem um de seus períodos de maior dominância, enquanto os italianos investem menos e não chegam à final do torneio desde 2007. Pode-se afirmar, portanto, que o 3 a 1 aplicado pelo Diavolo, no Santiago Bernabéu, foi muito surpreendente.
O maior personagem da partida, desde o início, seria o ex-milanista Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid. O italiano é o técnico com mais títulos da maior competição de clubes do planeta, tendo vencido três vezes pela equipe espanhola e duas pelo time italiano. Ele também é o maior vencedor no geral, já que levantou a orelhuda mais duas vezes como jogador, usando a camisa do Diavolo. Os holofotes também estariam voltados a Vinicius Júnior, que faria sua primeira partida depois de amargar o polêmico segundo lugar na Bola de Ouro.
Os mandantes entraram em campo em um esquema parecido com o que levou à capital espanhola a taça mais cobiçada do futebol de times: um 4-4-2, permitindo que Bellingham se aproximasse da dupla de ataque e dando liberdade para Vinicius Júnior e Mbappé flutuarem. A novidade foi o retorno de Modric, com a expectativa de ter a opção de um jogo de mais pausa e posse de bola, além de qualificar o passe longo para acionar os extremamente velozes jogadores de frente, que rendem mais com espaço para correr.
Vinicius Júnior até marcou para o Real Madrid, mas o Milan foi valente e deixou a Espanha com a vitória (Getty)
Já Paulo Fonseca mandou seu time a campo em um 4-2-3-1, com Musah ao lado de Fofana, oferecendo maior segurança defensiva, e Reijnders mais adiantado, podendo pisar na área em mais momentos, além de Pulisic voltar a jogar como um ponta e Rafael Leão retornar ao time titular – tinha saído do banco nas duas partidas mais recentes dos rossoneri. Os italianos, desde o início, sabiam que entravam em campo como azarões e que as próximas rodadas da Liga dos Campeões seriam contra rivais menos poderosos. Porém, a baixa pontuação do Diavolo reposicionou a importância do clássico: seria importante ao menos pontuar.
O embate começou representando bem o que tem sido a temporada de ambos os times. Um jogo duro, de muita disputa física, chegadas dos dois lados e pouco controle de qualquer lado. São equipes com características parecidas, com atacantes rápidos e que se sobressaem jogando em transição. Ter a vantagem no placar, portanto, favoreceria muito o jeito de jogar de quem quer que saísse na frente.
Não demorou para que a rede balançasse pela primeira vez – e foi a da meta defendida por Lunin. Pulisic cobrou um escanteio na cabeça de Thiaw, que contou com um erro grave de posicionamento de Tchouaméni e nem precisou subir para colocar o Milan à frente. A resposta quase veio com Mbappé e com Vini Jr. no minuto seguinte, mas Maignan foi firme para impedir os dois craques.
Já aos 20 minutos, o brasileiro foi derrubado na área por seu compatriota Emerson Royal. O árbitro Slavko Vincic, sem hesitar, apontou para a cal e o garoto de São Gonçalo chamou a responsabilidade. Com uma cavadinha, Vinicius Júnior bateu o goleiro francês e igualou o marcador, inflamando o Santiago Bernabéu. Mas o Diavolo não se abalou com o empate sofrido, mesmo com o histórico recente de viradas do Real Madrid. O equilíbrio seguiu, até que a lei do ex apareceu. Revelado pelo clube merengue, Morata, aos 39 minutos, marcou o gol que colocaria o time italiano à frente novamente, aproveitando o rebote de Lunin após giro e chute à queima-roupa de Rafael Leão.
Oportunista, Morata aplicou a lei do ex no Bernabéu (Getty)
O primeiro tempo acabou com os visitantes em vantagem. Em uma partida igualada, com trocação e pouco controle, ia levando a melhor quem fez um trabalho defensivo mais sólido e foi eficiente na hora de definir as jogadas. Paulo Fonseca não fez alterações em seu time durante o intervalo, já Ancelotti deixou o Real Madrid mais ofensivo para a segunda etapa, sacando Tchouaméni e Valverde para colocar Camavinga e o ex-rossonero Brahim Díaz.
Com um esquema mais ofensivo da equipe espanhola, o Milan passou a ter mais espaço para acelerar e utilizar mais contra-ataques. Aos 51, Emerson Royal fez uma ultrapassagem pela lateral, aproveitando o avanço de Mendy, e cruzou, encontrando Rafael Leão na área: o português cabeceou bem e só não marcou por conta de uma fantástica defesa de Lunin. Menos de cinco minutos depois, Pulisic arrancou com total liberdade e serviu o português, que dominou mal, permitindo que a defesa se posicionasse para impedir seu arremate.
Depois dos sustos, os galáticos começaram a crescer em campo, aumentar o volume de jogo e criar oportunidades, mas esbarraram em uma noite de muita organização e competência do criticado sistema defensivo rossonero – o que se somou a um baixo aproveitamento de Mbappé. Assim, o Real Madrid provou do seu próprio veneno, não rentabilizando as chances, e foi punido.
Aos 72, Reijnders escapou de vários marcadores e acionou a velocidade de Rafael Reão, que efetuou uma grande jogada pela lateral, entrou na área e rolou para o meio para servir o holandês, que vem sendo cada vez mais goleador: o camisa 14 foi frio e bateu firme para aumentar a vantagem do Milan. Mas não demorou nem dez minutos para o time da casa reagir.
Vivendo grande momento, Reijnders fechou a conta para o Milan (Getty)
Rüdiger ficou com o rebote de uma atrapalhada saída de gol de Maignan e deu um belo voleio para descontar. Porém, para alívio do torcedor rossonero, o alemão estava impedido. Uma ducha de água fria para a torcida madridista, que fez com que a atmosfera de tantas viradas não se concretizasse e o clima se transformasse, dando espaço ao pessimismo de uma noite em que nada daria certo para os maiores campeões da competição. Aos 87, em uma grande arrancada de Hernandez, Loftus-Cheek teve a oportunidade de enterrar de vez qualquer possibilidade de noite mágica do Bernabéu, mas Lunin fez uma defesa fantástica, mantendo a chama acesa.
Contudo, do outro lado havia um time gigante, um heptacampeão da Europa, um time muito aguerrido e um goleiro fenomenal – apesar da fase complicada. Já nos acréscimos, Vinicius Júnior efetuou um belo cruzamento para Brahim Díaz cabecear livre e encontrar a porta fechada por Maignan, que ressaltava que Madrid ficaria vermelha e preta nesta noite.
O embate entre as duas camisas mais vencedoras da Liga dos Campeões terminou com uma vitória convincente do Milan e um princípio de crise no Real Madrid. O time italiano apresentou um futebol muito acima da expectativa, superando seu rival do início ao fim. O forte ataque do Diavolo voltou a funcionar e a defesa, que vem sendo um ponto de preocupação, desempenhou um excelente papel para parar um dos ataques mais talentosos da atualidade.
Certamente um triunfo gigante e que pode para dar moral para a continuidade da temporada, além de fortalecer o clube na briga para chegar às oitavas de final da Champions League. Na próxima rodada, diante do modesto Slovan Bratislava, o time de Paulo Fonseca terá a chance de confirmar a virada de chave. Ou ratificar que é um verdadeiro Robin Hood, que engrossa a casca contra os poderosos e alivia para os mais fracos.