
Central do Timão
·4 settembre 2025
GAECO, triplex e mais: conheça a trajetória do promotor à frente do caso dos cartões do Corinthians

In partnership with
Yahoo sportsCentral do Timão
·4 settembre 2025
Nas últimas semanas, um novo personagem ganhou notoriedade nos bastidores do Corinthians e também entre os torcedores nas redes sociais: Cássio Conserino, o promotor do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que está à frente das investigações sobre supostas despesas indevidas e gastos pessoais no cartão corporativo do clube nas gestões Andrés Sanchez, Duilio Monteiro Alves e Augusto Melo.
As medidas já adotadas por Conserino no procedimento investigatório, aliadas às suas manifestações públicas sobre o tema, renderam grande suporte às investigações por parte da torcida, que pressiona por uma apuração total das denúncias feitas após o vazamento de faturas do cartão e notas fiscais pagas pelo clube.
Foto: Reprodução
Mas este não é o primeiro caso de grande repercussão conduzido pelo promotor, que acumula vários anos de experiência, atuando em processos de relevância para a política nacional recente. Confira agora um perfil completo sobre a trajetória profissional e acadêmica de Cássio Conserino, produzido pela Central do Timão:
Trajetória Profissional e Acadêmica
Cássio Roberto Conserino tem 50 anos e possui formação em Ciências Sociais pela Universidade Católica de Santos (Unisantos). Anos depois, especializou-se em Direito Penal e Criminologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Em 2003, passou a integrar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do MP-SP, locado na unidade de Ribeirão Preto e, em 2006, transferindo-se para Santos, onde atuou até 2012.
Atualmente, Conserino é o 106º Promotor de Justiça do MP-SP, atuando no Fórum da Barra Funda. Na área acadêmica, ele já foi professor de Processo Penal na Unaerp Guarujá, além de professor palestrante do PNLD (Programa Nacional de Capacitação e Treinamento para a Recuperação de Ativos e o Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro) do Ministério da Justiça e também da Escola Superior do Ministério Público Paulista. Também é autor de livros sobre crime organizado e lavagem de dinheiro.
Outros destaques de sua carreira são um estágio prático no escritório do promotor do distrito de Nova York (New York County District Attorney’s Office), em 2008, com foco em técnicas de combate ao crime organizado, e também uma honraria recebida em 2017: a medalha do cinquentenário das Forças Internacionais de Paz da ONU, instituída pela resolução ABFIP (Associação Brasileira das Forças Internacionais de Paz).
Casos de Destaque e Polêmicas
Ao longo de 22 anos de atuação profissional, Cássio Conserino esteve à frente de diversos casos de grande repercussão, alguns com desdobramentos na política nacional. Em determinados momentos, contudo, seu nome também foi alvo de questionamentos e polêmicas que chegaram ao Judiciário. Confira a seguir:
Exploração Sexual em Porto Ferreira (2003): Assim que ingressou no GAECO, Conserino foi responsável por denunciar um grupo de vereadores e empresários de Porto Ferreira, por crime de exploração sexual de adolescentes. As investigações apuraram que meninas de 14 a 16 anos eram aliciadas em frente a escolas e levadas a sítios para orgias, onde recebiam dinheiro, bebidas e drogas. O caso resultou na prisão e condenação de seis vereadores, três empresários e um servidor público.
Máfia do Lixo de Ribeirão Preto (2005): Dois anos depois, o promotor integrou a equipe do MP-SP que investigou o então ministro Antonio Palocci (PT) e seu ex-assessor Rogério Buratti. A investigação baseava-se na acusação de que Palocci supostamente receberia propina de uma empresa de coleta de lixo na cidade do interior. Em 2010, porém, a Justiça rejeitou a denúncia oferecida.
Hospital em Santos (2009): Já locado no GAECO em Santos, Conserino acusou o Hospital Beneficência Portuguesa de submeter pacientes com câncer a sessões de radioterapia em uma máquina quebrada, que utilizava material radiológico com validade vencida. A denúncia motivou uma CPI na Assembleia Legislativa de São Paulo e chegou a ser aceita na Justiça, mas em 2019 sete dos 11 acusados foram absolvidos.
Confrontos PCC x Polícia (2012): O promotor também participou da apuração dos assassinatos de policiais militares por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e das supostas retaliações realizadas por agentes estaduais que resultaram em mortes de civis durante uma onda de violência em São Paulo.
Polêmica com policiais e advogado (2012): No mesmo ano, Conserino prendeu temporariamente 13 policiais civis e um advogado em Santos por suspeita de extorsão e envolvimento com jogatina clandestina. Porém, todos foram soltos horas depois, após a Justiça entender que não havia provas contra eles. Conserino foi processado pelo advogado envolvido, e condenado a pagar R$ 30 mil de indenização por danos morais.
Triplex no Guarujá (2016): O promotor foi um dos responsáveis pela denúncia contra o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, no caso que investigava a suposta posse de um apartamento triplex no Guarujá, que teria sido reformado por construtoras como propina ao político. Porém, após o processo ser desmembrado para que os autos referentes a Lula migrassem para a Lava Jato em Curitiba, Conserino se afastou do caso, alegando suspeição por “motivos pessoais”.
Segurança Aeroportuária (2016): Ainda no mesmo ano, Conserino participou de uma investigação sobre segurança da aviação civil, que apurou falhas nos sistemas de raio-x de bagagens em voos domésticos ao constatar que apenas uma fração das bagagens eram vistoriadas na ferramenta. A apuração serviu de alerta às autoridades no contexto de organização dos Jogos Olímpicos realizados naquele ano no Rio de Janeiro.
Processo de Lula (2019): Em março deste ano, o promotor foi condenado na Justiça a pagar uma indenização de R$ 60 mil a Lula, em processo movido dois anos antes. A ação foi proposta logo após Conserino publicar, em uma rede social, conteúdo chamando o político de “encantador de burros”, fato que também culminou em um processo disciplinar no Conselho Nacional do MP. O processo ainda tramita, estando atualmente no STJ.
Denúncia contra Movimento de Moradia (2019): Outro caso que chamou atenção midiática aconteceu quando Conserino denunciou 19 lideranças do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC) por suposta formação de organização criminosa e prática de extorsão. A denúncia alegava que o grupo obtinha vantagens econômicas mediante a prática de “incontáveis extorsões”. Em julho deste ano, todos foram absolvidos pela Justiça por falta de provas.
Arquivamento de investigação (2020): Em abril deste ano, Conserino pediu o arquivamento de uma investigação iniciada contra o Hospital Santa Maggiore, em São Paulo, após denúncias atestadas pela Vigilância Sanitária de que o mesmo havia omitido das autoridades cinco mortes de pacientes por COVID-19, cuja pandemia havia sido recém-declarada pela OMS. O pedido se baseou em “ausência de fato típico”.
Invasão a prédio do Itaú (2025): Também em julho deste ano, o promotor abriu investigação para apurar a invasão do edifício Faria Lima 3500, sede do Itaú em São Paulo, por manifestantes que protestavam pela taxação dos super-ricos, baseando-se em artigo 202 do Código Penal que prevê até três anos de prisão para quem ocupa um local “com o intuito de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes”.
Cartões corporativos do Corinthians (2025): em julho deste ano, Conserino abriu a investigação que apura supostos gastos irregulares nas gestões Andrés Sanchez, Duilio Monteiro Alves e Augusto Melo no Alvinegro. O procedimento ainda está em fases preliminares, que incluem a juntada de documentos e a oitiva de testemunhas e investigados.
Veja mais: