Zerozero
·1 ottobre 2025
<i>Alcateia</i> cada vez menos lusa: 272 jornadas depois, Wolves arranca duelo sem qualquer português

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·1 ottobre 2025
'Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades' - a frase pertence a Luís Vaz de Camões e remonta ao século XVI, mas a sua intemporalidade é inquestionável. Esta premissa pode também ser aplicada a diversos campos de estudo e o futebol não é exceção, existindo uma relação entre a afirmação do poeta luso e lusitanidade de um certo emblema em Inglaterra.
Falamos, pois claro, do Wolverhampton. Outrora reconhecido como o 'clube mais português de Inglaterra' - o investimento em atletas do nosso território assim o confirmava -, esta Alcateia já não é tão lusa quanto poderíamos pensar. Não só o número de jogadores portugueses assim o confirma - apenas três 'resistem' -, como este cenário é corroborado por um curioso dado relativamente às escolhas do homem ao leme: Vítor Pereira.
Isto porque, no empate sofrido ao cair do pano frente ao Tottenham, o treinador português escalou um onze inicial desprovido de qualquer jogador português. José Sá, Toti Gomes - o único a somar 'minutos' no duelo - e Rodrigo Gomes foram relegados para o banco de suplentes e, desta forma, o Wolverhampton arrancou um encontro da Premier League sem um único português a titular pela primeira vez em sete anos.
Um feito histórico, firmado após sete temporadas completas e cinco partidas de 25/26 a cumprir o requisito em questão.
Assim, é seguro afirmar que os Lobos escalaram pelo menos um jogador lusitano durante 272(!) jornadas consecutivas na Premier League. Com este cenário em mente, o zerozero decidiu recuar no tempo e destacar como foi a influência de Portugal no Wolverhampton ao longo destes sete anos.
Tal como mencionado anteriormente, o número de jogadores portugueses no plantel do Wolverhampton tem diminuído de forma drástica ao longo das últimas temporadas, sendo que a principal debandada ocorreu na transição de 2024/25 para a presente temporada.
Isto porque a formação inglesa viu cinco atletas lusos a saírem do clube em 2025.
Além disso, a nacionalidade portuguesa foi a mais vincada no seio do emblema inglês durante três temporadas consecutivas - os lusitanos predominavam no balneário de 2020/21 até 2022/23.
Depois disso, o Wolves teve sempre pelo menos seis jogadores de Portugal nas suas fileiras - considerando o período desde a subida à Premier League. Atualmente, a turma orientada por Vítor Pereira diminuiu neste parâmetro e conta somente com três jogadores lusos - um número que difere do habitual, mas que, mesmo assim, representa a segunda nacionalidade mais presente no plantel.
Assim sendo, é impossível ficar indiferente ao efeito positivo que o investimento em Portugal trouxe ao Wolverhampton, já que o seu capítulo dourado mais recente teve bases lusitanas como alicerces. No total, 27 jogadores portugueses já defenderam as cores dos Lobos.
Rúben Neves é o jogador que atuou por mais vezes com a camisola dos Wanderers, somando 253 jogos distribuídos por seis temporadas. João Moutinho (212 jogos) e Nélson Semedo (182 jogos) fecham o pódio, com José Sá - atualmente no clube - a posicionar-se no quarto posto, com 150 duelos na bagagem. Quatro das várias referências desta Alcateia Lusa.
Esta tendência decrescente de portugueses no clube também se verificou no banco de suplentes - mais concretamente no cargo de treinador. Após três temporadas com Nuno Espírito Santo ao leme e Bruno Lage como sucessor de NES, a direção do Wolves decidiu apostar em Julen Lopetegui e Gary O’Neil, antes de voltar a apontar um técnico luso: Vítor Pereira.
Após seis anos afastado do principal escalão de Inglaterra, o Wolverhampton regressou ao ‘top’ flight em 2018/19, graças à extraordinária campanha realizada no EFL Championship 17/18. A presença de elementos portugueses esteve vincada desde o primeiro momento/jogo, o que representou um enorme contraste em relação ao último ano dos Lobos no escalão principal.
Para isso, é necessário recuar até 2011/12 - época em que o campeonato foi conquistado pelo Manchester City de Yaya Touré, David Silva e, sobretudo, de «Agüeroooooooooo!».
Nessa altura, o Wolves - comandado por Mick McCarthy e Terrence Connor (já no final da temporada) - não apresentava qualquer português no seu plantel. Aliás, apenas um tuga tinha representado, até então, o conjunto amarelo de Inglaterra - recorda-se de qual?
Desta forma, o emblema de Wolverhampton somou cinco vitórias, dez empates e 23 derrotas em 38 jornadas, com uma diferença de golos de 40-82, e terminou a época no último posto da tabela, tendo sido, assim, despromovido à segunda divisão.
14 anos depois, os Lobos encontram-se na mesma posição, ainda que em alturas distintas da temporada. Vítor Pereira tem tido dificuldades em registar resultados positivos - leva cinco derrotas e um empate em seis jornadas - e situa-se, atualmente, no último posto da Premier League.
Será a falta de portugueses no plantel um dos motivos para o atribulado arranque de 2025/26?