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·8 luglio 2025
Lavagem cerebral e surpresa inédita na bateria: Raça volta prometendo revolução histórica na arquibancada do Flamengo

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·8 luglio 2025
O retorno histórico se aproxima e a Nação vai sofrer uma grande reformulação na arquibancada. É o que a Raça Rubro-Negra promete.
Com cerca de 2 mil cadastros entregues ao Bepe e muito material liberado, a promessa é volta histórica, e o MundoBola Flamengo conversou com Isaac Nascimento, diretor de bateria do maior movimento de torcidas do Brasil, que chegou na torcida com apenas 14 anos.
O torcedor organizado enriquece o que sabemos sobre o retorno histórico, opina sobre a atual situação da torcida que frequenta o estádio e fala até em lavagem cerebral que a Raça Rubro-Negra terá que fazer.
Entre mudanças, transformações e movimentos sociais, a conversa denota o óbvio: as arquibancadas sofrerão mudanças e o Flamengo é o maior vencedor na história.
Isaac inicia falando sobre a torcida do Flamengo que tem ido aos jogos. É um público diferente do que já existiu, o que aumenta o compromisso da torcida organizada.
"A galera, hoje, não se importa mais em cantar os 90 minutos. Não vai mais com essa responsabilidade de deixar a vida na arquibancada. Só vai para assistir ao jogo. Não tem mais aquela responsabilidade, chegar cedo para participar do esquenta. A galera sobe tarde, só vai para assistir", inicia.
O torcedor que faz parte do povo e acaba ficando de fora dos jogos acaba se sobressaindo em movimentos como os de 'AeroFla', por exemplo.
"Quando tem AeroFla, você vê que é outro público. Temos noção que será um trabalho muito difícil colocar a arquibancada da maneira que a gente sabe. Não é mais como antigamente, que a galera passava o bambu na cabeça dos outros e obrigava a cantar. Hoje em dia é outro mundo, não tem como obrigar ninguém a cantar. Se faz isso, vai preso. Sabemos que será uma reconstrução, vamos mudar a forma de torcer", afirma.
O anúncio do retorno da Raça teve impacto instantâneo, segundo o torcedor.
"Zeramos o estoque de camisas da Raça, coisa absurda. Nossos sócios aumentaram. Muita gente querendo fazer parte desse momento", ressalta.
Questionado sobre uma das maiores críticas de torcedores comuns ao momento da arquibancada do Flamengo, que é a aparição de sambas sendo entoados em momentos inoportunos, Isaac afirma que isso não vai mais acontecer.
"Será um trabalho árduo. Faremos o que sempre fizemos. Flamengo está atacando, 0 a 0, vamos insistir nas músicas 'Vai para cima deles, Mengo', voltar com o 'Mengo' no lance de perigo. O povão fica perdido, não sabe quem seguir", inicia, antes de elogiar uma torcida coirmã por segurar a arquibancada rubro-negra:
"Com a ausência da Raça, a torcida que sobressaiu foi a Fla Manguaça. Os caras que seguraram a arquibancada. Vamos voltar com as canções antigas, que foram esquecidas. Fazer o trivial, sentir o jogo, puxar a música certa na hora certa", comenta.
Finalmente, ele afirma: é operação samba zero! Ou menos, pelo menos, enquanto o Flamengo precisar de apoio. Ele sabe, porém, que será preciso uma grande lavagem cerebral na torcida para que isso se concretize.
"Cantar samba de exaltação só no final do jogo. Levamos isso a sério. Para mudar, será uma lavagem cerebral que teremos que fazer. Esse novo público ainda não viu a Raça na arquibancada. De imediato, será um impacto grande. Vamos voltar com muito material. Entregamos 2 mil cadastros no Bepe, Flamengo está ajudando. Incentivar até o Flamengo fazer gol, e com o placar tranquilo, a gente começa com samba e outras músicas. Virar jogo é com a gente mesmo", garante.
Ninguém melhor do que o diretor de bateria para falar sobre a festa, e principalmente sobre a bateria da Raça Rubro-Negra.
De acordo com Isaac, a torcida organiza muitas surpresas para o retorno histórico contra o Fluminense. Ele evita entrar em detalhes para não estragar a surpresa.
Mas a ideia é que a bateria tenha uma novidade, que segundo o torcedor, jamais foi vista em outras torcidas organizadas e vai marcar a volta da torcida.
"Estamos preparando uma festa de bandeiras. A nossa bateria vai estar forte, com uma boa quantidade de instrumentos também. Vão ter muitas surpresas, mas aí, não posso falar muito. Vai ter uma parada aí que nunca foi vista na arquibancada. A bateria vai ficar uma parada marcante", promete.
A Raça Rubro-Negra visitou, recentemente, a escola de samba Grande Rio. Isaac não abre se a surpresa teria a ver com isso, mas diz que pode contar com o diretor da escola de samba.
"A maioria dos nossos integrantes são de escola de samba. Chamei o diretor de repique da Grande Rio. Moro aqui em Caxias, e a Grande Rio tem uma bateria com muita cadência. A bateria da Raça é igual. O cara é rubro-negro fanático. Quando a gente precisar, estaremos com ele. Vamos colocar uns negócios aí na bateria... Vai ficar maneira nossa bateria", continua.
Ainda sobre o retorno, Isaac cita a importância da atual gestão para o retorno da Raça ao Maracanã.
"O Flamengo vai estar junto, ajudando. O Flamengo nos ajudou a voltar. O Bap foi um dos responsáveis pela nossa volta. Sem eles, a gente não conseguiria. Coisa que a última diretoria, em seis anos, não faz. Os caras em cinco meses fizeram", diz.
Para iniciar essa revolução, a Raça Rubro-Negra terá que se organizar com as demais torcidas. A ideia é que o pulmão da arquibancada volte a ser composto por casacas vermelhas.
"A gente vai sentar com as coirmãs. Vamos criar ideias para as redes sociais. A Raça Rubro-Negra que puxa as músicas no Maracanã. Isso vai ser natural, as outras seguirem a gente. Vamos conversar com as demais torcidas para unificar a voz. O Setor Sul, galera da Falange, está fazendo um trabalho maneiro de ressuscitar aquele setor. Já teve caso da Sul cantar mais que a Norte. Hoje não é mais um setor raiz, é um setor que é popular, mas está elitizado. Não estamos voltando para dividir a arquibancada, mas para acrescentar", comenta.
É preciso eliminar, também, a violência nos estádios. E a Raça tenta contribuir para que isso aconteça. O torcedor afirma que a torcida organizada tem conscientizado seus integrantes com o intuito de reduzir os problemas.
"É outro mundo que a gente vive. Sempre passamos isso aos nossos integrantes: a mudança de conduta. Estamos fazendo um trabalho forte sobre a violência. Hoje, a pessoa que for pega brigando, vai responder. Vai isentar o CNPJ da torcida, não vai sofrer mais punições. A pessoa reconhecida será punida, no CPF", lembra.
Dessa forma, a Raça Rubro-Negra já se comprometeu a identificar possíveis infratores.
"Foi um acordo, assinamos o TAC junto ao Bepe e Ministério Público. Vamos ter que apontar o integrante que brigou, as pessoas responsáveis. Se não, a torcida vai sofrer. Falamos aos integrantes que a Raça não vai mais sangrar. Quem estiver fora da linha, vai arcar com as consequências", comenta.
Isaac lembra que apesar das confusões, a torcida é comprometida com causas sociais, e a conduta deve ser não só de paz. Mas de fazer o bem ao próximo.
"Tem muita gente que faz parte da Raça e nunca a viu na arquibancada. Podem achar que é só brigar. Mas fazemos um trabalho social muito importante. Tem meses que a gente doa sangue, visita orfanato. É uma parada de consciência, a Raça é um movimento social. A gente passa aos nossos integrantes para mudar a conduta", aponta.
Não é fácil mudar a visão de quem está de fora. Mas essa é uma das grandes missões no retorno ao estádio: ficar longe de confusão, mostrar que a Raça é uma torcida de paz e que o intuito é empurrar o Flamengo até as vitórias.
"Sempre teve um preconceito muito grande, até da parte dos meus pais, por ver muita violência. Mas são dias e dias. Flamengo faz gol, a TV mostra a gente fazendo a festa. A gente está tentando mudar esse cenário. Estamos recebendo muitas crianças, apaixonadas pela Raça, se associando. A gente prega a paz, a nossa onda é torcer sem violência. A Raça nunca foi uma torcida voltada para briga, a ideologia dela sempre foi apoiar o Flamengo. Estamos tentando mudar essa imagem que não tem nada a ver com a Raça", explica.
Por fim, Isaac lembra os momentos de dificuldades dos integrantes da Raça Rubro-Negra nos últimos anos. Agora, a torcida ressurge das cinzas e vence o período de resistência.
"Era uma perseguição grande da polícia, Ministério Público... Se fosse identificado como integrante da Raça, era logo levado ao Jecrim. Foi um período difícil. A gente olhava para o lado e não via caminhos para seguir. Ser impedido de estar com o clube, viajar. O Setor 50, vazio, batia uma angústia grande. Foi um período de resistência como em 77. A Raça cresceu no período da ditadura, quando era muito reprimida. Sofremos, mas agora tudo mudou. É apoiar o Flamengo incondicionalmente", finaliza.