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·20 ottobre 2025

O domingo de Flamengo x Palmeiras. E os outros em fase de negação

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Domingo, 19 de outubro de 2025, foi dia do clássico nacional no Maracanã. Sim, é exatamente isso. Flamengo e Palmeiras se enfrentaram em um duelo que, há tempos, deixou de ser apenas mais uma rodada do Brasileirão. Foi o jogo que monopolizou atenções, mobilizou outras torcidas e transformou até os rivais em consumidores. Fãs de Fluminense, Vasco e Botafogo se veem torcendo pelo Palmeiras contra o Flamengo. Já os de Corinthians, São Paulo e Santos, pelo Rubro-Negro diante do Verdão.

O futebol brasileiro virou isso — uma disputa entre dois gigantes, enquanto os demais assistem, exaustos, da arquibancada da irrelevância.


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Esse cenário, aliás, não surgiu do nada. É fruto de um processo implementado há mais de duas décadas e intensificado há 15 anos, com o fim do Clube dos Treze e a negociação individual dos direitos de TV. A concentração de poder e dinheiro se agravou. Mas não é só culpa do sistema — administradores trajados de dirigentes de clubes têm o devido mérito.

Hoje, Flamengo x Palmeiras é o nosso Real Madrid x Barcelona. Um campeonato à parte, com cobertura especial, pré-jogo, pós-jogo, polêmicas semanais, provocações entre dirigentes e torcedores que colocam os pés na estrada sem medo de serem felizes.

Enquanto isso, clássicos como Gre-Nal, Atlético x Cruzeiro e os demais do eixo Rio-SP que já foram protagonistas, se tornam cada vez mais comparáveis aos de embates de segundo escalão das principais ligas europeias. Ao sufocar os estaduais e os clubes pequenos, o Brasil abre mão de sua história em nome da cultura do colonizador e o exemplo das competições do Velho Continente.

Ambiente sucateado, elitização e corrida por talentos

Concordar com a criação de ligas e o sistema de pontos corridos não é um erro por si só. Mas adotar um modelo sem considerar as dimensões e peculiaridades brasileiras, sim. O futebol se transformou em um ambiente sucateado.

A promessa era de que uma liga forte, sem ingerência da CBF e das federações estaduais, tornaria os clubes brasileiros competitivos internacionalmente e capazes de reter talentos. Mas os prodígios continuam indo embora. E pior: sem qualquer vínculo afetivo com os clubes.

O último que nos fez chorar foi Estêvão, garoto que saiu de Minas Gerais aos 14 anos para jogar no Palmeiras, que oferece a melhor estrutura para transformá-lo em produto de exportação. Clube, família, empresários, jogadores — e até mesmo as marcas celebraram. E o futebol vira negócio… mas só para alguns.

Tal elitização afeta também a base com uma corrida desenfreada, mediante a ausência de regulamentações, por garotos de 10 a 15 anos. Quem tem mais bala na agulha, leva. E na selva do futebol brasileiro, os pequenos são devorados ainda vivos.

Ora, nenhum clube grande se tornou desse tamanho da noite para o dia e sem explorar sua localização estratégica. A fábrica Terra Papagalli de talentos deve muito de suas descobertas ao futebol raiz do interior. Quando descredibilizamos isso, o resultado aparece. E para pior.

A incorporação no futebol brasileiro

Ou, afinal, por que será que nossas seleções, tanto principal quanto de base, deixaram de ser vitoriosas? Vou além. Não duvido nada que Porto Alegre e Belo Horizonte, em algumas décadas, poderão ter maioria de torcida para Flamengo e Palmeiras em detrimento de Internacional, Grêmio, Cruzeiro e Atlético.

O Brasileirão virou um campeonato para poucos. A distribuição de dinheiro é desequilibrada e sem regras claras. Diante do extermínio dos clubes de menor porte, torcedores se veem no aguardo de um salvador da pátria. Alguém que chegue com força para investir. Este, aliás, não foi o caso do Botafogo em seu ano dourado de 2024?

Frente a um país com dimensões continentais, cada vez mais veremos uns absorvendo outros. A isso, chamamos de incorporação no mundo dos negócios.

O futebol brasileiro caminha para um destino sem volta. Que cobra um alto preço. Para aqueles que pensaram que o país teria, ao menos cinco, seis clubes poderosos, é preciso lidar com a realidade bem diferente de que apenas dois se mantêm no alto. Enquanto isso, os demais seguem anestesiados em fase de negação.

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