Última Divisão
·7 novembre 2024
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·7 novembre 2024
Por Maria Eduarda Fonseca
Naquela noite de dezembro de 2015, o cronômetro na TV já não marcava mais nada. O tempo regulamentar havia se esgotado, e só restavam as cobranças de pênaltis para decidir quem levantaria a taça. O placar mostrava 3 a 3. Na última cobrança, naquele instante de nervosismo, o narrador gritou:
Se o Prass fizer o Palmeiras é campeão.
A bola balançou a rede e um mar de torcedores alviverdes, no Allianz Parque, antigo Palestra Itália, explodiu em um som ensurdecedor.
Eu não estava lá, nem naquele estado. Mas o futebol, em sua essência mais calorosa, me fez sentir presente, mesmo a quilômetros de distância.
Talvez esse momento não seja marcante para você. Talvez seu time do coração seja outro, ou quem sabe a Seleção Brasileira. Mas, se você vive o futebol de corpo e alma, certamente algum momento tocará seu coração de forma única.
O futebol entra na vida das pessoas de diversas maneiras. Pode ser pela admiração ao esporte, a influência de amigos, ou até mesmo por uma pressão social – afinal, vivemos no Brasil. Mas acredito que a principal seja através da família. Esse foi o meu caso: em uma família apaixonada pelo esporte, como não ser imersa a um dos maiores entretenimentos do país?
O futebol não é coletivo apenas dentro das quatro linhas, mas também coletivo no espírito. Na alegria dividida de comemorar um gol que às vezes nem vale muita coisa, mas, principalmente, na explosão de felicidade de compartilhar aquele que vale um campeonato. Ou até mesmo a Glória Eterna. Mas, às vezes, a vida não ocorre como espera-se e você perde, e a dor compartilhada se ameniza, involuntariamente, ao saber que sua tristeza é acolhida por outras pessoas, e a sua indignação não é solitária, na verdade, é bem comum.
Como pode uma simples bola na rede causar tantas emoções?
Como pode um simples escanteio causar tanta expectativa, em questão de segundos, gerar milhões de cenários na cabeça de cada um que está ouvindo ou assistindo?
É a válvula de escape de alguns, o momento de paz de centenas e o desabafo de milhares. Talvez sejam os sentimentos expressados na sua maneira mais pura, já que sua forma de recompensa é apenas a alegria, o prazer de pertencer a algo que pertence a milhões. O sentimento de vitória, mesmo que o chute vitorioso não tenha sido seu, mas de alguma forma sem você ele não teria ocorrido.
Como minha felicidade pode ser definida por apenas 11 pessoas que correm atrás de uma bola?
Questionamento engraçado, que acredito ser porque não são apenas essas 11 pessoas que correm atrás de uma bola. Um esporte capaz de parar guerras, moldar sociedades, e, principalmente, unir multidões que nunca cruzaram os olhos, não é formado apenas por 11.
O futebol é o sonho de uma criança descrente. A resenha entre amigos. O abraço em um desconhecido quando seu time faz um gol, ou o abraço quando o jogo não correu como esperávamos. Ele é, como aconteceu comigo, o amor passado de pais para filhos em forma de escudo.