Jogada10
·21 aprile 2025
San Lorenzo publica homenagem ao Papa Francisco: ‘Sempre foi um dos nossos’

In partnership with
Yahoo sportsJogada10
·21 aprile 2025
O bairro de Almagro ou Boedo, de origem do San Lorenzo, em Buenos Aires, amanheceu de luto nesta segunda-feira (21) com a morte do Papa Francisco, aos 88 anos. A partida de Jorge Mario Bergoglio teve um impacto diferente na cidade, e o clima de tristeza atravessou até mesmo a conta oficial do Ciclón – clube de coração do Pontífice. “Nunca foi um a mais, sempre foi um dos nossos”, dizia um trecho da nota referindo-se ao seu torcedor mais célebre.
Em nota, o San Lorenzo mostrou que havia reciprocidade no carinho e enfatizou a forte relação com quem levou o amor pelo clube ao conhecimento global. “Ele sempre transmitiu sua paixão pelo Ciclón: quando ia ao Viejo Gasómetro ver o time de 46. Também quando esbarrava com Angelito Correa na capela da Cidade Deportiva, quando recebia os visitantes do Barça no Vaticano, sempre com total alegria… Sócio nº 88235”, relembrou o clube.
“De Jorge Mario Bergoglio a Francisco, uma coisa nunca mudou: seu amor pelo Ciclón. Envoltos em profunda dor, desde San Lorenzo hoje dizemos a Francisco: Adeus, obrigado e até logo! Estaremos juntos pela eternidade”, completou o clube.
Francisco desenvolveu uma forte relação com o Ciclón desde a infância, ainda aos nove anos. À época ainda Jorge Mario, ele acompanhava o pai — que jogava basquete pelo clube —, aos jogos do time no tradicional estádio Gasómetro. Na memória afetiva do menino, a campanha vitoriosa de 1946 e o gol do atacante Pontoni, em especial, deram início à paixão que permaneceria intacta até seus últimos dias.
A devoção de Francisco pelo San Lorenzo extrapolou a arquibancada. Mesmo após assumir funções eclesiásticas elevadas, ele jamais se afastou do clube. Tornou-se sócio e, posteriormente, celebrou a missa do centenário da equipe — em 2008. Até mesmo a nomeação como Papa contou com celebração junto ao clube: uma camisa personalizada enviada ao Vaticano junto de uma carta de congratulações.
Coincidência ou não, o San Lorenzo conquistou seu primeiro título da Libertadores, em 2014, sob as bençãos de Francisco. Torcedores passaram a vesti-lo como amuleto da sorte à época e , inclusive,compareciam aos estádios usando fantasias do Papa. A ligação espiritual entre time e torcedor chegou ao ápice quando a delegação campeã marcou presença no Vaticano, meses após a histórica conquista.
Argentino e torcedor do San Lorenzo, Papa nunca deixou de enaltecer o futebol brasileiro – Foto: reprodução
Embora não tenha mais comparecido aos estádios desde que assumiu o posto de Arcebispo de Buenos Aires, seu envolvimento nunca ficou de lado. A devoção ao Ciclón e o encanto pelo futebol o levaram ao reconhecimento de outras torcidas. Além da Seleção Brasileira, Francisco também chegou a abençoar a camisa da seleção argentina antes da final da Copa do Mundo de 2022. Ocasião essa em que os hermanos encerraram um jejum de 36 anos ao baterem a França, nos pênaltis, sagrando-se campeões da edição.
A relação entre o Papa e o futebol sempre ficou marcada pela simplicidade e pelo entusiasmo. Em entrevistas, preferia não alimentar comparações entre ídolos conterrâneos como Messi e Maradona, mas uma vez escolheu Pelé: “Homem de coração”, justificou.
Nascido em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, Bergoglio era filho de imigrantes italianos que chegaram à Argentina em 1929. Interessou-se por diversas áreas do conhecimento durante a adolescência e formou-se em Ciências Químicas, atuando posteriormente como professor de literatura. A timidez, embora o atrapalhasse, não o impedia de destacar-se pelo pensamento crítico e afeições culturais.
A trajetória religiosa começou em 1958, quando ingressou no noviciado da Companhia de Jesus. Passou pelo Chile, onde estudou humanidades, e retornou à Argentina para lecionar em colégios católicos. Ordenado sacerdote em 13 de dezembro de 1969, tornou-se rapidamente uma liderança dentro da ordem jesuíta e, entre 1973 e 1979, atuou como superior na congregação em seu país natal.
Serviu como diretor espiritual e confessor em Córdoba, após terminar seus estudos na Alemanha. Em 1992, recebeu o título de bispo titular de Auca e tornou-se auxiliar da arquidiocese de Buenos Aires. Assumiu como arcebispo titular da capital argentina cinco anos depois e, em 2001, tornou-se cardeal pelo papa João Paulo II.