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·12 marzo 2025
São Paulo desce a lenha em ofício à FPF, exige exclusão de árbitro e fala em boicotar Paulistão: veja a bronca na íntegra

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·12 marzo 2025
O fanfarrão Flávio Rodrigues de Souza ajuda Calleri a se levantar (Rebeca Reis/Agência Paulistão)
RAFAEL EMILIANO@rafaelemilianoo
A diretoria do São Paulo resolveu agir depois dos desdobramentos do fatídico erro de arbitragem que culminou em sua derrota para o Palmeiras e a eliminação no Campeonato Paulista.
Em ofício encaminhado na noite de terça-feira (11) à Federação Paulista de Futebol, o clube subiu o tom.
Primeiro, exigiu a exclusão do árbitro Flávio Rodrigues de Souza do quadro da entidade.
Além disso, o Tricolor deixou claro que cogita seriamente a possibilidade de não utilizar sua força máxima na edição de 2026 da competição estadual.
Outro fator que deixou o São Paulo na bronca e foi explicitado no ofício foi a declaração de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF, sobre a jogada feita por Rafael, que errou o passe que originou o lance envolvendo Vitor Roque e Arboleda. Segundo o dirigente, o goleiro poderia ter evitado chutando para frente.
O lance capital veio aos 43 do primeiro tempo. Em uma lambança generalizada, Ferraresi, Arboleda e Rafael erraram na saída de uma bola, mas a arbitragem viu pênalti do equatoriano em cima de Vitor Roque, sumido até então, que caiu na disputa de jogada com o são-paulino. As imagens mostram, no mínimo, um lance duvidoso. Mas inexplicavelmente o VAR não foi consultado ou apontou algo. Na cobrança, Raphael Veiga colocou o mandante à frente do marcador.
No ofício, o Tricolor critica a postura da arbitragem na condução do clássico e na marcação de outras faltas, relembrando, inclusive, que Flávio Rodrigues de Souza havia sido afastado pela CBF de seu quadro de árbitros em 2024 por causa de um erro na partida entre Vitória e Fluminense, pelo Brasileirão. À época, ele ficou quatro rodadas longe dos jogos.
Leia abaixo a íntegra do ofício enviado pelo São Paulo à FPF:
"Não é incomum, no futebol brasileiro, que os clubes expressem seu desconforto e indignação, inclusive com a apresentação de ofícios e reclamações formais direcionadas às autoridades competentes, em relação a erros de arbitragem que, lamentavelmente, mesmo com o uso da tecnologia e do VAR, são frequentemente verificados.
Mas aqui, o SPFC não se insurge apenas para tratar de uma partida contaminada por erros corriqueiros de arbitragem. O presente requerimento trata de uma situação inaceitável verificada na partida de ontem, a semifinal do Campeonato Paulista de 2025, que ficará marcada como o maior escândalo de arbitragem no futebol.
Isso porque, na partida de ontem, intencionalmente, assumindo o risco de comprometer o resultado de uma partida acirradíssima, o árbitro de campo, Flávio Rodrigues de Souza, contando com o apoio dos árbitros responsáveis pelo VAR, Rodrigo Guarizo do Amaral e demais ocupantes da cabine de arbitragem, optou por não adotar providência que se mostrava indispensável e essencial, que poderia evitar os danos graves que foram experimentados pelo SPFC, consistente na revisão da marcação de pênalti para a SEP.
Antes de o SPFC prosseguir com suas considerações, no entanto, exige-se que a FPF não busque justificar ou atenuar as falhas dos seus árbitros, mas, sim, admita os seus erros e os danos gerados ao SPFC, comprometendo-se a prontamente adotar as medidas necessárias e urgentes, que serão requeridas ao final deste ofício!
A esse respeito, o SPFC informa que não recebeu bem a declaração apresentada pelo presidente da FPF após a partida de ontem, no sentido de que a Comissão de Arbitragem da FPF teria reputado como “plausível” a decisão dos árbitros, sugerindo indelicadamente que a “culpa” teria sido do goleiro Rafael, que não “chutou a bola para frente”. Não há plausibilidade em marcar um pênalti inexistente! Plausível seria a FPF imediatamente se desculpar pelo ocorrido, reconhecer suas falhas e se comprometer em melhorar a arbitragem paulista, o que, para espanto do SPFC, não ocorreu!
Retomando a recapitulação, temos que, após a afobada e precipitada marcação do pênalti, cumpria ao árbitro, utilizando a tecnologia que estava à sua disposição e que, inegavelmente, poderia ser utilizada no lance, consultar o VAR para verificar se houve, ou não, um choque físico entre o defensor do SPFC e o atacante da SEP, apto a configurar uma falta, ou reconhecer o óbvio e clarividente: que o atacante da SEP encenou uma falta.
Encenação da falta que, destaca-se, necessariamente deveria corresponder à interpretação do lance sugerida ao árbitro in loco.
Isto, pois, especialmente em razão da distância e ângulo de visão que o árbitro possuía do lance, a encenação do atacante era mais do que manifesta, era patente, na verdade! Como se infere da imagem acima, extraída da transmissão da partida, após o drible, a dinâmica do lance se apresentou cristalina: enquanto o defensor são-paulino recolhia a sua perna, evitando o contato, o atacante da SEP esticava sua perna, de modo a “se jogar” para simular ter havido uma falta.
E isso não é “só” o SPFC que está afirmando!
Todos, repita-se, TODOS (!) os comentaristas de arbitragem e comentaristas das partidas, dos principais veículos de mídia e de jornalismo esportivo, referendaram o caráter manifesto do erro de arbitragem e a inexistência do pênalti.
Mais do que isso. Qualquer pessoa que viu a partida e analisou o lance, que tivesse a mínima noção das regras do jogo, reconheceu que não houve falta. Só se verificam manifestações contrárias a esta constatação (de que não houve pênalti) daqueles que querem tirar sarro do ocorrido.
Voltando à contextualização dos fatos, após a afobada marcação de pênalti, o que fez o árbitro?
Adotou a precaução elementar e exigível de revisar o lance, assim tomando a decisão mais adequada e ponderada a respeito do lance, que poderia gerar uma vantagem extravagante para uma das equipes que disputavam uma partida eliminatória?
Ou preferiu se afundar junto às suas equivocadíssimas impressões sobre o lance e colocar em xeque o projeto e as pretensões desportivas do SPFC? Sim, o árbitro escolheu assumir o risco de eliminar injustamente o SPFC.
Para agravar ainda mais a situação do SPFC, os árbitros do VAR não se dignaram a intervir e recomendar ao árbitro de campo a revisão de um lance em que, repita-se, era manifesta a encenação do atacante! Questiona-se à FPF, então: para que servem os árbitros do VAR?
Vamos deixar de lado as questões técnicas da atuação dos árbitros, já que esse elemento (o uso da técnica) é quase sempre flexibilizado na análise da arbitragem. Por uma questão de bom senso, não seria EXIGÍVEL (e não meramente recomendável) rever o lance pelo monitor do VAR, evitando gerar uma grande e injusta vantagem para uma das equipes, marcando um pênalti? Não foi para esse tipo de situação, que altera completamente o rumo da partida, que a tecnologia está à disposição?
Chama atenção, a esse respeito, que o responsável pelo VAR, Rodrigo Guarizo do Amaral, foi recentemente afastado pela CBF, após cometer erros crassos na condução das atribuições do árbitro de vídeo em duas partidas disputadas no Campeonato Brasileiro do ano passado.
Ou seja, já havia indícios concretos quanto à inaptidão do árbitro para o exercício da função, contudo, mesmo assim, a FPF e a Comissão de Arbitragem consentiram com sua escalação para uma das partidas mais importantes do torneio, revelando seu desprezo e desrespeito com as equipes participantes.
É plausível indicar para uma partida decisiva do campeonato mais importante do estado alguém com esse histórico? Lamentamos que a FPF não tenha visto isso, assim como também lamentamos o fato de a FPF não ter marcado a partida para o fim de semana. A partida merecia ser exibida nos tradicionais dias de futebol. O mando pertence a quem de direito, por regulamento, e ele era da SEP, mas a data era da FPF. Uma pena!
E aqui, faz-se mais um destaque. Os erros da partida de ontem não se limitaram à marcação do pênalti. Este foi apenas o mais gritante, absurdo, escandaloso etc.
Os árbitros da partida consentiram com um rodízio de faltas cometidas pela equipe da SEP em relação ao atleta mais insinuante e ofensivamente perigoso do SPFC, Lucas Moura, que teve que deixar a partida, sendo substituído, em razão do volume e gravidade das pancadas que recebeu.
Essas ocorrências, que em circunstâncias objetivas já causariam transtornos e prejuízos às equipes participantes do Campeonato Paulista, ao SPFC causaram assombro ainda maior, na medida em que o clube, nos últimos anos, se fixou como protagonista na defesa do campeonato estadual.
Contudo, fatos como os ocorridos ontem fazem com que o SPFC reveja sua posição, especialmente em razão da omissão da FPF, que deveria ter prontamente admitido seus erros e adotado providências para punir os árbitros da partida. Talvez não seja mais o caso de priorizar a disputa do Campeonato Paulista.
Ontem, o projeto esportivo e financeiro do SPFC, arquitetado para a temporada, foi injustamente prejudicado.
Porém, com a hombridade e grandeza que lhe são peculiares, o SPFC se reerguerá.
O que não se admitirá, no entanto, é que a FPF siga omissa e mais uma vez atenue as graves ocorrências verificadas na partida de ontem. Sendo o que nos cumpria, aguardamos breve posicionamento de V. Sas."