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·19 dicembre 2024
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A última quarta-feira (18) foi um dia importante para o Flamengo. Em cerimônia na Gávea, o novo presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, foi oficialmente empossado para o triênio 2025-2027. Entre falas sobre estádio, finanças e mudanças no departamento de futebol, o dirigente também anunciou os nomes dos vice-presidentes que farão parte da gestão.
Conforme já indicara, Bap reduziu o número de vice-presidentes de 19 para 14, inclusive aglutinando algumas pastas sob a mesma direção. Um desses responsáveis é Edson Figueiredo Menezes, novo vice-presidente de esportes olímpicos e remo, que encarou denúncias de pagamento de propina e chegou a ser preso na Operação Golias, um dos desdobramentos da Operação Lava Jato. Abaixo, conheça mais sobre o caso.
Edson — que também é conhecido como Gigante — foi preso em um dos desdobramentos da Operação Lava Jato, em 2018, a Operação Golias. Um mês depois, foi solto por ordem de Gilmar Mendes, ministro do STF, que considerou a fundamentação da decisão "frágil". Na ocasião, foi investigado por pagamento de propina na venda da folha de pagamentos dos servidores do Rio de Janeiro na gestão de Sérgio Cabral.
No decorrer do processo, em março de 2024, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal concordou com Gilmar e anulou a prisão de Edson por considerá-la ilegal. Na determinação, o colegiado entendeu que a medida foi executada com base no relato de apenas um réu colaborador, e o juiz federal Marcelo Bretas — que ordenou a prisão — deveria ter exigido provas que balizassem a acusação sobre o novo dirigente do Flamengo.
Na época da condenação, Edson foi acusado de repassar propina a Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, na contratação da Fundação Getúlio Vargas — que ficaria responsável por calcular o valor da folha de pagamento do governo. A FGV, porém, teria subcontratado o Banco Prosper — do qual Edson era presidente.
Figura de influência em grandes entidades, como Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e Comitê Organizador Rio 2016 (CoRio), Edson foi presidente do Banco Prosper, presidente da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, diretor financeiro do Conselho Executivo e diretor estatutário do COB, além de vice-presidente do Conselho Diretor do CoRio, abaixo de Carlos Arthur Nuzman.
De acordo com longa apuração da Agência Spotlight de Jornalismo Investigativo, inclusive, Edson tem relação extremamente próxima a Nuzman — que foi presidente do COB e acabou preso em 5 de outubro de 2017. Em 2024, também teve a condenação anulada por comprar votos com propina para que o Rio de Janeiro sediasse os Jogos Olímpicos de 2016.
As informações da Agência dão conta de que ambos se tratavam como "irmãos" e costumavam se encontrar com frequência em jantares nas respectivas residências. A relação surgiu depois de Edson atuar como "braço financeiro" da gestão Nuzman no COB. Na época da prisão de Nuzman, Edson chegou a assumir a presidência do Comitê Rio 2016.
No pedido de prisão feito pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, em 2018, é mencionada a existência de uma empresa offshore (companhia aberta em locais de menor tributação para investimentos legais) no Panamá: a Remo Investiments — que pertence a Edson. A Agência Spotlight havia levantado a informação em maio de 2017, revelando que a empresa foi aberta em 5 de abril de 2013.
Questionado pela Agência, Edson respondeu através da assessoria do COB: "A Remo Investiments está devidamente declarada em seu Imposto de Renda". O MPF, porém, afirmou no pedido que a empresa foi utilizada para "lavagem de capitais mediante remessa não oficial de valores para o exterior" e "realização de operações dólar-cabo" de Marcelo e Renato Chebar, doleiros que atuavam com Sérgio Cabral.
Ainda de acordo com a investigação da Spotlight, o Banco Prosper chegou a ser beneficiado por repasses do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na época do escândalo que ficou conhecido como "Mensalão". Ainda antes — no governo de Fernando Henrique Cardoso —, os repasses receberam um aumento de 493%, segundo o veículo.
De relação próxima com o Ministro da Fazenda no governo Lula, Antônio Palocci, a empresa recebeu pouco mais de R$ 20,6 milhões de janeiro a julho de 2005, segundo reportagem da Folha de São Paulo na época. Em 2012, porém, a liquidação do Banco Prosper foi determinada pelo Banco Central.
Calcada em "sucessivos prejuízos que vinham expondo seus credores a risco anormal, deficiência patrimonial e descumprimento de normas aplicáveis ao sistema financeiro", a determinação tornou indisponíveis os bens dos administradores do banco. A intervenção durou até 2016, quando o caso foi definitivamente para a Justiça.
Edson, entretanto, não é o único vice-presidente nomeado para a gestão de Luiz Eduardo Baptista. Outros 13 nomes foram confirmados pelo novo mandatário na última quarta. Confira abaixo.
Claudio Pracownik (VP de Finanças); Flávio Willeman (Procuradoria Geral); Ricardo Campelo (Responsabilidade e Cidadania); Ricardo Hinrichsen (Marketing, Comunicação e Embaixadas); Fabio Coelho (Tecnologia da Informação); Marcos Motta (Administração); Rodrigo Tostes (Patrimônio); Sergio Bessa (Planejamento); Fabio Palmer (Futebol Profissional e Base); Carlos Peixoto (Relações Externas); Fabio Domingos da Costa (Secretaria Geral); Pedro Iootty (Gabinete da Presidência); e José Antônio da Rosa (Patrimônio Histórico).