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·13 de fevereiro de 2020

2014: o último suspiro uruguaio na Libertadores

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Desclausurando o Uruguaio é uma coluna semanal com o intuito de explorar histórias, curiosidades e tudo o que envolve o futebol bicampeão mundial. Por certo, o tema dessa semana será o último suspiro de uma equipe uruguaia na Copa Libertadores. Detentor de oito canecos do certame, o fútbol charrua não chega a uma semi desde 2014, quando o Defensor Sporting sucumbiu diante do Nacional-PAR.

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ANTECEDENTES

Criada há exatos 60 anos, como Copa dos Campeões, afinal somente os campeões do Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Chile, Colômbia e Paraguai participavam. Naquela oportunidade, o representante do paisito, Peñarol, mostrou o calibre do futebol uruguaio, que à época havia ganho duas Copas do Mundo. Durante a competição, os carboneros bateram Jorge Wilstermann-BOL e San Lorenzo-ARG, na final venceram o Olimpia-PAR. Em 1961 a dose foi novamente repetida pelo mesmo Peñarol. Todavia, o caneco só retornou ao Uruguai em 1966 com o tricampeonato manya.


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Após a hegemonia de seu rival de toda a vida, o Nacional triunfou na Libertadores em 1971. Nas finais, o goleiro brasileiro Manga ajudou seus companheiros a pararem o poderoso Estudiantes de Carlos El Narigón Bilardo e Juan La Bruja Verón. Uma década se passou, e o Uruguai voltou a figurar no lugar mais alto da América. A geração de Hugo de León foi responsável por trazer a  Copa para seu país. Depois disso, los dos más grandes venceram a Liberta em mais três oportunidades: 1982 (Peñarol), 1987 (Peñarol) e 1988 (Nacional).

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Hugo de León carregando a taça de 1988 (Reprodução/CONMEBOL)

Enquanto isso, o modesto Club Atlético Defensor acabara de fundir-se junto ao Sporting Club Defensor, um time de basquetebol. Pouco antes da fusão, em 1987, os Violetas faturaram o Campeonato Uruguaio, uma zebraça. A saber, foi a segunda taça da equipe no certame, o primeiro tento aconteceu em 1976. O tricampeonato viria quatro anos depois, e somente na temporada 2007/08 o tetra. Nesse interím, a equipe disputou 10 Libertadores, quatro delas via o Uruguaião e as outras seis aconteceram pelo triunfo na Liguilla, uma espécie de seletiva. Diferentemente de Nacional e Peñarol, o clube Violeta não obteve êxito no torneio, a melhor campanha do Defensor foi em 2007, quando chegou nas quartas de final.

ANOS DOURADOS, OU MELHOR, VIOLETAS

Sem dúvida, a histórica jornada na Liberta de 2007 foi um divisor de águas para o Defensor Sporting. Além disso, o feito também serviu de inspiração para o elenco que, no segundo semestre do mesmo ano, terminou na 1ª colocação do Torneio Apertura. Decerto, a zebra estava solta no paisito, Nacional e Peñarol ficaram apenas na 5ª e 11ª posições, respectivamente. Segundo o regulamento instaurado pela Asociación Uruguaya de Fútbol (AUF), o Torneio Clausura teve sua disputa no primeiro semestre de 2008. Dessa vez, os Violetas viram o caneco terminar na mão dos carboneros. Ainda segundo as regras da AUF, o campeão uruguaio deveria ser decidido entre os ganhadores do Apertura e Clausura. Ou seja, Defensor e Peñarol se enfrentaram pela supremacia do Uruguai.

Lembra da zebra? Então, ela voltou a aparecer na decisão do Uruguaio. Possuindo a enorme vantagem de ser o ganhador da Tabela Anual, baseada na soma do desempenho durante a temporada, o Defensor venceu o primeiro duelo diante do Peñarol e sagrou-se tetracampeão uruguaio. Tal conquista creditou a equipe para a Copa Libertadores 2009 e Sul-Americana 2008.

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Parte do Defensor comemorando o tetracampeonato uruguaio (Reprodução/Internet)

ALGOZ XENEIZE

Não satisfeitos, os Violetas repetiram a dose no Clausura Uruguaio, já no ínicio de 2009. Embalados pelo triunfo, no certame novamente os jogadores apresentaram um ótimo futebol, só que na Libertadores. Um dos segredos para a regularidade durante quase três anos, foi a permanência de peças-chaves no plantel. Nomes como o do goleiro Martín Silva, Maxi Pereira, Gonzalo Sorondo, Miguel Amado, Fernando Fadeuille e o treinador Jorge da Silva.

Só para ilustrar, campeões uruguaios terminaram na 2ª posição do Grupo 4, o mesmo de São Paulo, Independiente Medellín-COL e América de Cali-COL. Desse modo, enfrentaram o Boca Juniors-ARG nas oitavas de final. Os uruguaios arrancaram um empate de 2 x 2 na partida de ida, e na volta, realizada em La Bombonera, o Defensor bateu a equipe xeneize pelo placar mínimo. Assim, avançaram para as quartas de final, mas sucumbiram diante do Estudiantes de Juan Sebastián Verón, Mauro Boselli, Rolando Flaco Schiavi e Alejandro Sabella. Los Pincharratas terminaram com a taça da Liberta daquele ano.

A 3ª FORÇA CHARRUA

Acumulando campanhas regulares durante quase três temporadas, o Defensor Sporting assumiu o posto de 3ª força no Uruguai. Afinal, briga pela 1ª e 2ª colocações está sendo travada há décadas por Nacional e Peñarol, e isso se perpetua até os dias de hoje. Com grande parte do elenco de 2009 preservado, e o embalo da jornada na Libertadores, Los Violetas possuíam todas as credenciais para se destacarem em 2010. Todavia, o técnico Jorge da Silva e o avante Diego Vera deixaram a instituição. Assim, os cartolas providenciaram o argentino Pablo Hernández.

Além disso, Ignacio Risso, Rodrigo Mora e Pablo Gaglianone, jogadores remanescentes, seguiram apresentando as boas atuações. Desempenho esse que culminou no troféu do Torneio Apertura. Contudo, a vaga na Liberta não veio, pois a equipe terminou fora da zona de classificação da Liguilla. No ano seguinte os Violetas passaram em branco, mas essa lacuna foi preenchida em 2012. O retorno de Nicolás Olivera, as chegadas de Néstor Moraghi, Diego Rolán e Matías Britos foram fundamentais para a glória.

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Defensor Sporting campeão do Torneio Clausura em 2012 (Reprodução/Tenfield)

Todas essas peças somadas aos remanescentes, renderam a conquista do Clausura. Decerto, o Defensor fez uma grande remontada no decorrer da temporada. Depois do modesto 6º lugar no primeiro semestre, e a precoce queda na fase de grupos da Libertadores, a equipe ganhou doze dos quinze duelos disputados no certame doméstico.

PRÉ-LIBERTADORES

Sem dúvida, o fútbol charrua é conhecido por revelar atletas, as canteras Violetas não são excessão. Em 2012 um pibe se destacou nas categorias inferiores e prontamente foi promovido ao elenco principal. O técnico Tabaré Silva assumiu a promoção de Giorgian De Arrascaeta, que logo mostrou as suas virtudes. Além disso, Felipe Gedoz, até então desconhecido no Brasil, também rendeu bons frutos. A consistência do capitão Andrés Fleurquín e a experiência de Nico Olivera e Ignacio Risso foram primordiais no Clausura de 2013, onde o elenco terminou campeão.

LA COPA

Mesmo com a conquista, Tabaré deixou o clube. No entanto, a base do plantel campeão permaneceu, o grande trunfo do Defensor para 2014. O técnico Fernado Curutchet, recém-chegado, e seus comandados caíram no grupo 5, junto a Cruzeiro, Universidad de Chile e Real Garcilaso-PER. Decerto, a aposta era de chilenos e brasileiros brigando pelo 1º lugar. A prova disso aconteceu na 1ª rodada, quando a La U superou os Violetas.

O revés na estreia da Liberta não desanimou os uruguaios, que golearam os peruanos do Real Garcilaso. Embalada pelo triunfo, a equipe visitou o Cruzeiro em pleno Mineirão. Na época a Raposa ostentava o título de campeão brasileiro e entrou 100% favorito em campo. Mas Felipe Gedoz não se importou, o gaúcho fez dois gols e sacramentou o primeiro Mineirazzo de 2014. Depois disso, os Violetas seguiram invictos até às oitavas de final. Empataram com o Cruzeiro e Universidad de Chile no Uruguai, e ganharam do Garcilaso no Peru, terminando a fase de grupos com 11 pontos.

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Arrascaeta, Nicolás Olivera e Felipe Gedoz durante a Libertadores de 2014 (Agência EFE)

Na sequência ficou decretado que o próximo adversário pelo sonho continental seria o modesto The Strongest-BOL. A altitude  3.637 metros acima do nível do mar, presente no Estádio Hernando Siles, surtiu efeito nos visitantes, 2 x 0 triunfo boliviano. Na volta Arrascaeta e Olivera devolveram na mesma moeda, forçando a decisão por pênaltis. Matías Alonso, Adrián Luna, Matías Malvino e Nicolás Olivera converteram, Martín Campaña defendeu duas cobranças e o Defensor avançou.

Algoz do Atlético Mineiro na outra chave, o Atlético Nacional-COL também seguiu vivo na Liberta, mas teriam que medir forças com a zebra Violeta. Diferentemente das oitavas, Arrascaeta e cia não tiveram dificuldades nos jogos contra a equipe colombiana. A ida, na casa do Atlético, acabou em 2 x 0, com um show de Nico Olivera. Posteriormente, uma semana depois, Nico novamente marcou e o Defensor Sporting venceu pelo placar de 1 x 0.

O ÚLTIMO SUSPIRO

O resultado entrou na história do time, foi o melhor desempenho em todas as participações do clube na Copa Libertadores. Para melhorar, naquele ano o certame testemunhou semifinais de equipes que jamais tinham levantando o caneco contintental: San Lorenzo-ARG x Bolívar-BOL e Defensor Sporting x Nacional-PAR. Ou seja, a chance de título era palpável! Porém, Curutchet e seu plantel não contavam com a força paraguaia. Logo no primeiro embate, o Nacional venceu de maneira incontestável: 2 x 0. O segundo, e último, jogo aconteceu no mítico Estádio Centenário, a torcida fez a sua parte lotando o reduto. A equipe da casa também fez sua parte vencendo, mas por 1 x 0, placar ineficaz para classificar o Defensor. Assim, há seis anos o futebol bicampeão olímpico e octacampeão da Libertadores dava o seu último suspiro. Desde então, nenhum time do paisito chegou as semis.

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Jogadores do Nacional comemorando a classificação. Enquanto Arrascaeta lamenta a eliminação (Agência Reuters)

Foto destaque: Reprodução/Diario La República

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