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·25 de junho de 2025

30 anos atrás – A epopéia de suor, sangue e lágrimas

Imagem do artigo:30 anos atrás – A epopéia de suor, sangue e lágrimas

O ano era 1995. O nosso rival comemorava seus 100 anos de regatas. Para a festa do centenário, convidados ilustres desfilavam do lado de lá, sendo o principal deles aquele que havia sido coroado como o Rei do Mundo: Romário, estrela do tetra e eleito o melhor jogador do planeta. Muitos desavisados, travestidos com a soberba que lhes é peculiar, já davam como certo a conquista do Campeonato. Mas, sempre que possível, vos lembrarei: o destino é um dramaturgo implacável, que tem todos os seus elementos literários e onomatopeicos alinhados em abosluta perfeição. Só ele poderia orquestrar que, exatamente no ano do centenário rubro-negro, da forma que foi, seria o Fluminense a erguer a taça e transferir a festa, que antes estava agendada na Gávea, para nossa sede histórica de Laranjeiras!

O jogo? Foi algo cinematográfico. Mais de 120 mil almas, ou melhor, mais de 120 mil testemunhas oculares da história, amontoavam-se nas arquibancadas sagradas do Maior do Mundo para presenciar o que apenas os predestinados são capazes de escrever. Ali, naquele mesmo solo sagrado, por onde desfilaram os principais personagens da história do futebol mundial, os operários tricolores se eternizariam. Ah, o destino! Naquele dia, usou e abusou de seus traços sádicos!


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Senão, vejamos: de um lado, um Flamengo recheado de estrelas, com o “baixinho”, o campeão Branco e o jovem e promissor Sávio. Do outro, um Fluminense composto por operários do futebol, uma colcha de retalhos humana costurada por ‘desacreditados’, ‘esquecidos’, dos que a imprensa chamara, desdenhosamente, de “medianos”! Mas, amigos, é justamente aí que reside a paixão sagrada do futebol! É na força da camisa que nossos guerreiros extraem energias que eles próprios sequer imaginavam possuir.

Começou o jogo. O primeiro tempo foi, digamos, diluviano! A chuva, que chegara com violência, abençoou os pés de Renato Gaúcho, que após iniciar a jogada, recebeu na frente e abriu o placar – aos 30 minutos. Na sequência, Leonardo ampliou aos 42, em uma bola defensável, mas que teve rebote do goleiro – que naquela semana havia falado muito…

Mas algo estava estranho na história descrita até aqui. Como seria esse o Fla x Flu decisivo de um Campeonato, em ano de centenário de um dos rivais? Era absolutamente impossível que o desenrolar do jogo seguisse assim, sob a calmaria de uma tarde dessas, tão comuns por aí. Não, meus amigos, estava longe, muito longe de ser assim.

Iniciou-se o segundo tempo. O time do lado de lá, ferido em seu orgulho centenário, iniciou sua reação. Primeiro com Branco, acertando o travessão numa falta do meio da rua. Na sequência, o minuto 26. Romário, que até então era espectador de luxo dos vários Fla x Flus daquele ano – não havia marcado em nenhum – aproveita um bate-rebate e desconta. Seis minutos depois, aos 32, Fabinho empata. Desolação nas aqeuibancadas do nosso lado. Euforia do lado de lá.

O destino? Rindo como só, ainda nos fez sofrer mais um pouco. Não bastasse o resultado dar o título para eles, Lira seria expulso logo depois, após uma entrada digna das arenas dos gladiadores romanos, trazendo para perto do peito tricolor uma autêntica tragédia Grega.

Agora era contra o tempo. Contra um adversário com um homem a mais. Contra tudo e contra todos. Era contra a arquibancada do lado de lá já celebrando o título. Pronto. Aconteceu exatamente o que precisávamos.

O Fluminense, por certo, não é um time qualquer. Basta que compulsemos nossa própria história. Qual outro time não se entregaria à fatalidade desenhada? Qual outro escudo não sucumbiria às adversidades apresentadas? Pois, é. Só a gente mesmo. Isso porque, como já é sabido por todos os deuses do futebol, o Fluminense é um estado de espírito.

O jogo seguia seu curso intenso – e tenso – até que os ponteiros chegaram aos 41 minutos. Os maiores cientistas do mundo ainda tentam decifrar o fenômeno, pois todos os relógios simplesmente pararam. Sim, dos adeptos aos estudos de Einstein, sobre à relatividade, a Hawking, do espaço-tempo, nenhum conseguiu explicar como o tempo congelou naquele instante! Há relatos que até mesmo o Meridiano de Greenwich sentiu o impacto da pausa, havendo a necessidade de se realinhar ao momento que se iniciava. Ali, o tempo se rendia ao sublime que se desenhava diante dos olhos de todos: a jogada mais emblemática, a marca indelével daquele confronto lendário.

Ronald recebe de Ézio. Abre pela direita. Encontra Aílton livre. Ele invade a área. Tira Charles Guerreiro para dançar um tango cruel e bate para ETERNIZAR A BARRIGA DE RENATO.

Lima, nosso zagueiro, ainda seria expulso nos minutos finais, ao derrubar um atacante que escapava em direção ao nosso gol. Mais drama para uma história que já transboradava emoção!

Léo Feldmann ergue o braço. Pronto. O destino havia escrito uma de suas melhores obras, quando tratando-se de Fla x Flus.

Hoje, o destino pretende escrever mais um capítulo de nossa história. Outra vez 25 de junho. Exatos 30 anos de nossa conquista épica, apoteótica e marcante – e inesquecível, e emblemática. Quis os deuses do futebol trazer o mesmo personagem de outrora para ajudar a escrever outro capítulo. Não com a barriga, certamente. Mas com a mente estrategista que comandará o nosso Tricolor em batalha crucial contra o Mamelodi Sundowns, em jogo que definirá nosso destino no Mundial de Clubes!

Coincidência? Não acredito. Os profetas já diziam que no futebol não existem coincidências. Existem predestinações. Os astros se alinham, os deuses conspiram, o tempo se dobra sobre si mesmo para que as grandes sagas continuem a ser escritas!

Que as cores verde, branco e grená voltem a serem pintadas hoje com o mesmo pincel da glória que usamos três décadas atrás! Que o Fluminense, novamente desacreditado por alguns, novamente enfrentando gigantes, novamente precisando de um milagre que não é milagre (mas sim COMPETÊNCIA!), escreva mais um capítulo de sua história retumbante de glórias!

ST

Washington de Assis

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