MundoBola Flamengo
·23 de julho de 2025
6 episódios que expõem o desgaste entre o elenco do Flamengo e o Departamento Médico

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·23 de julho de 2025
O estafe de De La Cruz reagiu com indignação após o vazamento de mensagens de José Luiz Runco. O episódio, que envolveu um diagnóstico clínico sensível e críticas à contratação do uruguaio, trouxe à tona uma crise que já vinha se formando nos bastidores do Flamengo. Desde a posse do presidente Luiz Eduardo Baptista, diversos episódios relacionados ao Departamento Médico causaram desconforto entre jogadores, comissão técnica e até dirigentes.
Demissões em massa, recontratações às pressas, decisões médicas questionadas e conflitos com seleções estrangeiras compõem um cenário de instabilidade que afeta diretamente a confiança dos atletas na estrutura de saúde do clube. A seguir, o MundoBola Flamengo relembra seis acontecimentos que ajudam a explicar o desgaste entre o elenco e o Departamento Médico rubro-negro.
O caso mais recente foi o desta terça-feira (22). José Luiz Runco, diretor médico do Flamengo, afirmou que o jogador é portador de uma lesão crônica e irreversível em um dos joelhos. Runco afirma ainda que o uruguaio não seria contratado por nenhum clube para disputar competições de alto nível.
A fala causou revolta no estafe do atleta, que anunciou medidas legais e cobrou um posicionamento oficial do Flamengo.
A situação se agravou porque, segundo os representantes de De La Cruz, o jogador estava apto fisicamente e só foi poupado por decisão técnica. O próprio atleta se manifestou com uma postagem enigmática nas redes sociais, sugerindo insatisfação.
Ainda nos primeiros dias do ano, surgiram rumores de que José Luiz Runco teria mandado retirar uma mesa de futmesa usada pelos jogadores no CT. O objeto é tradicionalmente utilizado para aquecimento e descontração. A informação era de que José Boto, diretor técnico, teria se posicionado contra a medida. O Flamengo negou o episódio e afirmou que não houve atrito entre os dirigentes.
Mesmo sem confirmação oficial, a repercussão do caso indicou como pequenas mudanças no ambiente geram ruídos. O episódio virou símbolo de uma transição conturbada. A sensação de interferência na rotina dos atletas se somou a outras decisões administrativas, como demissões em massa, aumentando a distância entre elenco e estrutura médica.
Diagnosticado com uma fratura no quinto metatarso do pé direito, Erick Pulgar escolheu realizar a cirurgia no Chile com um médico de sua confiança. A decisão foi autorizada pelo clube, mas causou estranhamento. O Flamengo conta com Fernando Sassaki, ortopedista e chefe do Departamento Médico. A opção do jogador por um atendimento externo foi interpretada por muitos como um sinal claro de desconfiança.
A escolha evidencia que, mesmo com uma estrutura de alto nível do Rubro-Negro, alguns atletas parecem não se sentirem plenamente seguros com o atendimento. Pulgar retorna ao Brasil nesta quinta (24) para seguir o tratamento.
Em outro episódio delicado, Gonzalo Plata foi convocado pela Seleção do Equador mesmo estando lesionado. Sem o consentimento do Flamengo, médicos da federação visitaram o jogador em casa e realizaram um procedimento no joelho. O clube reagiu com uma nota oficial, criticando duramente a atitude da federação por interferir em um processo de recuperação estabelecido internamente.
Apesar de uma tentativa posterior de conciliação entre os departamentos médicos das duas instituições, o episódio gerou desconforto. O Flamengo alegou ter sido ignorado, enquanto a federação equatoriana garantiu ter mantido diálogo constante com o clube. No fim, Plata voltou ao Rio para retomar o tratamento.
Durante a reestruturação promovida pela nova gestão, o Flamengo desligou dezenas de profissionais de diferentes áreas. Dois nomes, porém, acabaram voltando aos seus cargos dias depois. O fisioterapeuta Lanyian Neves e o nutricionista Paulo Cavalcanti foram recontratados após pressão da comissão técnica e reclamações de jogadores.
Ambos eram profissionais de confiança do elenco e suas ausências foram sentidas logo na reapresentação do grupo. Filipe Luís participou das conversas para rever as decisões e foi ouvido pela direção. As recontratações ocorreram antes mesmo do envio dos documentos formais de desligamento. Essa reversão repentina reforçou a ideia de que faltou planejamento nas mudanças do DM.
Uma das primeiras medidas da nova gestão foi a demissão em massa no Departamento Médico. Treze profissionais foram desligados e toda a equipe médica das categorias de base foi substituída, com exceção de Fernando Sassaki. O movimento foi justificado por Bap como uma mudança de filosofia e de práticas, que precisava acontecer de forma rápida e profunda.
Embora o discurso oficial tenha sido de modernização, o impacto interno foi de ruptura. Muitos profissionais tinham longa trajetória no clube e relacionamento direto com atletas e comissões. A forma como as demissões aconteceram, sem transição nem diálogo aberto, contribuiu para o clima de insegurança. A descontinuidade no trabalho e o afastamento de pessoas experientes afetaram o funcionamento diário do futebol.