
Calciopédia
·21 de outubro de 2025
7ª rodada: Rafael Leão renasceu e o Milan se isolou na liderança da Serie A

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·21 de outubro de 2025
A 7ª rodada da Serie A 2025-26 reforçou o que o campeonato vem entregando desde o início: equilíbrio e imprevisibilidade. Foram nada menos que cinco empates em 10 jogos e apenas 11 gols – recorde negativo em edições do certame disputadas por 20 clubes. Números que ilustram bem o momento de um torneio sem dono e com vários protagonistas se revezando na ponta. Entre os grandes, o Milan assumiu a liderança isolada após mais de um ano, a Inter seguiu na cola com autoridade, ao lado da mesma Roma que derrotou no fim de semana. Já o Napoli foi batido pelo Torino de Marco Baroni, que viveu uma noite de redenção e respira no meio da tabela.
Em Milão, o Diavolo reencontrou seu brilho. Com dois gols de Rafael Leão, que pôs fim a um jejum de 512 dias sem marcar em San Siro pela Serie A, o Milan superou a Fiorentina e voltou a ser líder solitário, algo que não acontecia desde outubro de 2023. O resultado teve um peso simbólico para Massimiliano Allegri e um sabor amargo para Stefano Pioli, que voltou ao Giuseppe Meazza como rival e viu sua equipe afundar ainda mais, entrando na zona de rebaixamento. A vitória, somada aos tropeços alheios, ratifica os rossoneri como candidatos ao título.
A Inter também fez sua parte e, mais uma vez, mostrou solidez. Venceu a Roma fora de casa pela quinta vez consecutiva, alcançando a marca histórica de 300 gols sobre os giallorossi na Serie A – recorde absoluto entre confrontos do campeonato. O time de Cristian Chivu jogou com maturidade, apostando na eficiência e na verticalidade. O triunfo magro, por 1 a 0, mostrou que o projeto nerazzurro ainda pode ser considerado como um dos mais consistentes da Itália.
No Piemonte, o Torino viveu um daqueles jogos que mudam o ambiente. O triunfo por 1 a 0 sobre o Napoli, com gol do ex-azzurro Giovanni Simeone, trouxe alívio para Baroni, que vinha pressionado por resultados ruins e se segurou no cargo devido a um empate com a Lazio, na rodada anterior. Os granata mostraram intensidade e disciplina, resistindo à pressão do time de Antonio Conte, que chegou à segunda derrota em três jornadas e começa a dar sinais de desgaste. A partida marcou um ponto de virada para o Toro, que volta a flertar com a parte de cima da tabela, enquanto os partenopei deixam escapar a estabilidade que os levaram ao topo no início da campanha.
No domingo, Genoa e Parma empataram sem gols em um jogo que teve drama até o último minuto, com pênalti perdido por Cornet e noite inspirada do goleiro Suzuki. Atalanta e Lazio também ficaram no 0 a 0, em duelo de poucas emoções, enquanto, no dia anterior Pisa e Verona fizeram outro empate sem brilho – Lecce e Sassuolo repetiram o roteiro, bloqueados em um jogo de pouca criatividade. Entre as exceções, o Bologna se destacou com vitória fora de casa sobre o Cagliari, e o Como surpreendeu ao bater a Juventus por 2 a 0, mergulhando Igor Tudor em crise precoce.
Com sete rodadas disputadas, o cenário começa a se desenhar. O Milan lidera com autoridade e espírito renovado, seguido de perto por Inter, Napoli e Roma. Bologna e Como se consolidam como times de fora do eixo que podem brigar por algo a mais, enquanto Juventus e Atalanta precisam reagir. Na outra ponta, Verona, Fiorentina Genoa e Pisa seguem sem vitórias. Confira tudo isso no resumo da jornada.
Gols e assistências: Rafael Leão (Pavlovic) e Rafael Leão (pênalti); Gosens Tops: Rafael Leão e Modric (Milan) Flops: Parisi e Piccoli (Fiorentina)
O Milan reencontrou o topo da Serie A e, curiosamente, foi preciso enfrentar um velho conhecido para isso. Em San Siro, os rossoneri venceram a Fiorentina de Stefano Pioli por 2 a 1, em uma noite marcada por simbolismo e redenção. O técnico, que levou o Milan ao último scudetto e agora dirige a equipe violeta, viu de perto seu antigo time retomar a liderança isolada – algo que não acontecia desde a oitava rodada da temporada 2023-24, justamente sob o seu comando. A noite de coincidências se completou com Rafael Leão, que encerrou um jejum de 512 dias sem balançar as redes no estádio Giuseppe Meazza pela competição e assinou os dois gols da virada. A última vez que o português tinha estufado o barbante pelo torneio foi contra a Salernitana, na despedida do próprio Pioli.
O início do jogo foi de paciência e tensão. O Milan, repleto de desfalques e sem Pulisic, Loftus-Cheek, Nkunku e Estupiñán, entrou em campo com apenas cinco jogadores de linha disponíveis no banco, dois deles promovidos da sua base. Massimiliano Allegri teve de improvisar Saelemaekers no ataque e apostar em Modric para dar ritmo a um meio-campo que, embora equilibrado, carecia de profundidade. Ainda assim, o time começou bem, ocupando o campo ofensivo e tentando explorar a velocidade de Leão e do belga. A Fiorentina, fiel ao estilo de Pioli, manteve as linhas compactas, explorando as transições com Kean e Fazzini. A primeira etapa, no entanto, foi pobre em emoções e terminou sem um único chute certo no alvo – um retrato da cautela que dominou os dois lados.
A monotonia se quebrou logo após o intervalo, quando o destino resolveu brincar. Maignan errou ao tentar espalmar uma bola aérea simples, acertou o peito de Gabbia e Gosens aproveitou o presente para empurrar para o gol vazio, abrindo o placar para a Fiorentina. O tento despertou o Milan, que reagiu de forma visceral. Aos 62 minutos, Rafael Leão recebeu pela esquerda, cortou para dentro e, de fora da área, acertou um chute no canto, contando com a colaboração de De Gea, que caiu atrasado. O português, que já parecia cansado de cobranças, se transformava novamente na figura central de um time que há muito tempo precisava de seu brilho.
Com o empate restabelecido, o Milan ganhou confiança e passou a dominar completamente o jogo. Saelemaekers e Modric articularam melhor, e Giménez, que entrou no lugar de Athekame logo após o gol da Fiorentina, começou a incomodar a defesa violeta. Aos 81, Parisi cometeu pênalti tolo ao derrubar o atacante mexicano dentro da área, e o árbitro confirmou o lance após consulta ao VAR. Cinco minutos depois, Leão, que jamais havia sido o cobrador oficial, tomou a responsabilidade e, com seriedade, converteu.
Pioli, reverenciado antes do jogo por seus 500 jogos na elite, saiu de campo aplaudido – mas derrotado, com sua Fiorentina presa na zona de rebaixamento e ainda sem vencer. Do outro lado, o Milan de Allegri se mostrou resiliente, capaz de crescer mesmo diante da adversidade. E Leão, após 17 meses de silêncio em casa, voltou a ser o protagonista que a torcida esperava. O time rossonero, enfim, retoma a ponta da tabela.
Gol e assistência: Bonny (Barella) Tops: Bonny e Barella (Inter) Flops: Ndicka e Svilar (Roma)
A Inter segue empilhando feitos e números impressionantes. Ao vencer a Roma por 1 a 0 no Olímpico, o time de Cristian Chivu não apenas se colocou de vez na briga pela liderança da Serie A, como também estabeleceu duas marcas históricas: tornou-se a primeira equipe a vencer os giallorossi cinco vezes consecutivas fora de casa e chegou ao 300º gol sobre o rival na competição – algo inédito entre quaisquer confrontos do campeonato. O gol de Bonny logo aos 7 minutos definiu o placar em uma partida tensa, com 47 faltas e muito mais suor do que brilho.
O início foi todo nerazzurro. Fiel aos princípios que o técnico romeno vem consolidando, a Inter apostou na verticalidade e foi premiada cedo. Barella recebeu de Akanji, rompeu entrelinhas e achou Bonny nas costas da zaga. Deixado em condição regular por Ndicka, o francês, avançou e finalizou – Svilar falhou, e a bola passou por baixo do braço do goleiro. Um gol simples, mas que simbolizou a eficiência fria da equipe milanesa. A Roma, por sua vez, sentiu o golpe. Gian Piero Gasperini montou o time de forma confusa, com Dybala isolado como falso nove e uma defesa desencaixada, o que favoreceu os contra-ataques do adversário.
Na segunda etapa, os anfitriões melhoraram. Com o apoio da torcida e o ingresso de Dovbyk, o time da capital cresceu em volume, ganhou profundidade e passou a rondar a área de Sommer, que precisou intervir em lances decisivos. Dovbyk teve a melhor chance: recebeu um passe de cabeça um pouco atrás e, ao ajeitar o corpo, testou por cima com o gol escancarado, desperdiçando o empate. Do outro lado, Mkhitaryan ainda carimbou a trave.
A Inter resistiu com organização e experiência. Bastoni e Akanji foram muralhas na defesa, Mkhitaryan comandou o meio com sabedoria e Barella, em sua melhor forma, foi o motor de uma equipe que sabe dosar força e controle. Ao apito final, os nerazzurri celebraram mais uma vitória emblemática na capital – não apenas pelo peso dos números, mas pelo símbolo de um time maduro, que aprendeu a vencer mesmo sem encantar. Somando todas as competições, chegou a seis triunfos consecutivos, o que não ocorria desde 2023-24.
Em confronto direto pela liderança, a Beneamata derrubou a Roma e se juntou aos giallorossi no pelotão que persegue o Milan (Arquivo/Inter)
Gol: Simeone Tops: Simeone e Coco (Torino) Flops: Gilmour e Lucca (Napoli)
O Torino conquistou uma vitória emblemática diante do Napoli, que vive um início de temporada irregular sob o comando de Antonio Conte. Em casa, o time grená venceu por 1 a 0 com gol de Giovanni Simeone, ex-jogador napolitano, em uma noite de lei do ex e de redenção para Marco Baroni. O treinador, pressionado por maus resultados recentes, viu sua equipe exibir solidez defensiva e intensidade rara, freando o atual campeão italiano, que vem oscilando nas atuações e, com a segunda derrota em três rodadas, perdeu a liderança.
O primeiro tempo foi o retrato da entrega tática do Torino. Baroni apostou em uma dupla de ataque forte fisicamente – Simeone e Adams –, enquanto o Napoli, desfalcado de Hojlund e McTominay, teve dificuldades para se encontrar em campo. O Toro controlou o meio, com Tameze ditando o ritmo e sufocando as saídas rivais. Logo aos 15, Vlasic carimbou a trave, antecipando o que vinha por aí. Já aos 32, o lance decisivo nasceu de uma jogada fortuita: Tameze passou para Adams, Gilmour desarmou de maneira equivocada e deu um presente para Simeone. Com frieza e categoria, Cholito driblou Di Lorenzo e Milinkovic-Savic antes de empurrar para as redes. Logo depois, o argentino ainda deu assistência para Pedersen desperdiçar o 2 a 0.
Na segunda etapa, o Napoli tentou reagir empurrando o time à frente, mas bateu de frente com um muro. Baroni, fiel à sua proposta, recuou as linhas e confiou no vigor físico de seus homens de defesa e meio-campo. Coco, em noite inspirada, venceu todos os duelos aéreos, enquanto Tameze se multiplicava na marcação. De Bruyne e Politano foram os que mais tentaram mudar o rumo do jogo, mas faltou precisão: o belga chutou por cima de boa posição, e o italiano acertou o poste já nos acréscimos. Lang até chegou a empatar no rebote, porém o lance foi anulado por impedimento.
Com o apito final, o Torino comemorou mais do que três pontos e celebrou o início da construção de uma identidade competitiva, erguida sob paciência e convicção. Para o Napoli, o tropeço expôs velhos problemas: dependência de individualidades e dificuldade em furar defesas compactas. Baroni se segura no cargo e respira com alívio.
Gols e assistências: Kempf (Paz) e Paz (Perrone) Tops: Paz e Kempf (Como) Flops: Koopmeiners e David (Juventus)
O torcedor que acordou cedo para ver uma possível retomada bianconera, e o reencontro de Morata com seu antigo clube, esbarrou em um ótimo Como. A primeira vitória contra a Juventus em mais de 70 anos: 2 a 0 para os mandantes no Giuseppe Sinigaglia, em uma tarde que expôs de forma cruel o momento delicado da equipe de Igor Tudor. O técnico croata já começa a balançar no cargo após sete rodadas, acumulando desempenhos opacos e um ataque que há dois jogos não sabe o que é marcar. No palco à beira do lago, o argentino Paz foi o maestro da vitória lariana: uma assistência e um gol de pura técnica selaram um resultado que colocou ambos os times empatados na sexta colocação da Serie A.
A Juventus iniciou o jogo com uma proposta diferente: Tudor ousou com uma defesa formada por quatro peças, na tentativa de dar mais volume ofensivo. O plano, porém, desmoronou cedo. Logo aos 4 minutos, o jovem Paz cobrou escanteio e, após jogada ensaiada, encontrou Kempf livre na segunda trave para abrir o placar. A desatenção defensiva foi um reflexo de uma equipe desconcentrada, dispersa e incapaz de reagir com convicção. O Como, mesmo desfalcado por Addai e Rodríguez, e sem o técnico Cesc Fàbregas à beira do campo, manteve o controle com posse paciente e boa ocupação de espaços, enquanto os bianconeri alternavam erros técnicos e passes previsíveis. Antes do intervalo, David até chegou a balançar as redes, mas o lance foi anulado por impedimento de Koopmeiners na origem – mais um golpe em um time que cria, mas não conclui.
O segundo tempo foi ainda mais frustrante para os visitantes. A Juventus teve a bola, mas não soube o que fazer com ela. As trocas promovidas por Tudor, incluindo a entrada de Vlahovic para jogar ao lado de David, não surtiram efeito. Faltaram ideias, ritmo e, sobretudo, confiança. Enquanto isso, o Como esperava o momento certo para dar o bote. Aos 79 minutos, Nico Paz, cria do Real Madrid, puxou contra-ataque fulminante e, da entrada da área, acertou o canto de Di Gregorio com um chute de rara precisão. Um gol que combinou talento e frieza – e que encerrou qualquer esperança juventina. Afinal, os comascos poderiam ter construído um placar mais elástico, mas demoraram a chegar ao segundo tento.
Com o apito final, os torcedores locais festejaram mais do que um triunfo: celebraram a consolidação de um projeto em crescimento. Do outro lado, a Juventus mergulhou em mais dúvidas. O time não vence há cinco jogos somando Serie A e Champions League, e a falta de soluções começa a transformar o ambiente em Turim num terreno instável. Tudor, que chegou como aposta de transição, agora vê a sombra do questionamento se aproximar – e, com o Real Madrid pela frente na próxima rodada europeia, a tempestade parece estar apenas começando.
Simeone acionou a lei do ex e, além de afastar o Torino da zona de rebaixamento, tirou o Napoli da liderança da Serie A (Getty)
Gols e assistências: Holm (Odgaard) e Orsolini (Domínguez) Tops: Orsolini e Odgaard (Bologna) Flops: Obert e Zé Pedro (Cagliari)
O Bologna reencontrou o caminho das vitórias fora de casa e segue firme na briga por uma vaga nas competições europeias. Com autoridade e maturidade, a equipe de Vincenzo Italiano venceu o Cagliari por 2 a 0 na Sardenha, encerrando um jejum de mais de 200 dias sem triunfos longe de seus domínios. Holm abriu o placar ainda no primeiro tempo, enquanto Orsolini, em tarde inspirada, fechou a conta e se isolou na artilharia da Serie A, ratificando seu status de protagonista absoluto do time.
O jogo começou travado, com o Cagliari apostando em um sistema mais cauteloso, desenhado por Fabio Pisacane para bloquear as investidas laterais do adversário. O Bologna, com o tradicional trio Freuler, Ferguson e Odgaard sustentando a posse, insistia na circulação de bola até encontrar brechas. A pressão surtiu efeito aos 30 minutos, quando Bernardeschi cobrou escanteio e Odgaard desviou para Holm completar. O Cagliari até respondeu com um gol de Felici anulado por impedimento, mas careceu de precisão e profundidade para ameaçar Ravaglia.
Na segunda etapa, Pisacane tentou mudar o panorama com um rodízio de esquemas, as trocas deixaram a equipe ainda mais confusa, e o Bologna soube tirar proveito. Italiano retocou sua linha defensiva e acionou Orsolini, que assumiu o papel de herói novamente. O ponta deixou o banco e, em sua jogada característica, cortou da direita para o meio antes de soltar um chute preciso no canto e chegar aos cinco gols na Serie A. Com o triunfo, os emilianos ocupam a quinta posição, enquanto ao Cagliari restou o lamento de um jogo em que os ajustes táticos viraram armadilhas.
Tops: Zappacosta (Atalanta) e Gila (Lazio) Flops: Sulemana (Atalanta) e Dia (Lazio)
Atalanta e Lazio entregaram um empate morno em Bérgamo, num daqueles jogos que parecem se arrastar sob o peso da prudência. A Dea segue invicta após sete rodadas – um feito que soa melhor do que realmente é, já que foram cinco empates e um futebol ainda em busca de fluidez. A equipe romana, por sua vez, somou o terceiro resultado positivo seguido e, apesar de continuar longe da sua melhor forma, resgatou um ponto que teve a assinatura de Gila e Provedel, em noites inspiradas.
A Dea tentou assumir o protagonismo desde o início, mas esbarrou na própria lentidão. Ivan Juric optou por uma formação mais contida, com Pasalic ao lado de Éderson no meio, e Lookman improvisado como falso nove. O time girava a bola com paciência, porém sem a verticalidade que o caracterizou em anos recentes. Do outro lado, Maurizio Sarri armou uma equipe que buscava respirar em estocadas rápidas, mas viu Cancellieri sair lesionado ainda no primeiro tempo, quebrando a dinâmica ofensiva. O ritmo horizontal das duas formações transformou os primeiros 45 minutos numa disputa truncada e previsível. Basic até obrigou Carnesecchi a uma defesa difícil em cobrança de falta, mas o placar seguiu inalterado até o intervalo.
Na volta, a Atalanta aumentou o volume de jogo e cercou a Lazio. De Ketelaere e Zappacosta começaram a encontrar brechas, empurrando os visitantes para dentro da própria área. Foi quando Provedel virou muralha. O goleiro da Lazio fez intervenções espetaculares, a mais notável delas num chute à queima-roupa de Lookman, que parecia destinado ao fundo das redes. Pouco depois, a trave ainda negou o gol a Zappacosta. Sarri recuou as linhas, colocou Vecino e Pedro para respirar, e a equipe resistiu. O segundo tempo virou um cerco, mas o muro biancoceleste não cedeu.
Com o apito final, restou à Atalanta o gosto agridoce de mais um jogo dominado, porém sem prêmio. A invencibilidade de sete rodadas é mérito, mas também um lembrete de que empates em excesso corroem ambições maiores. O time de Juric parece sólido, mas previsível, como se faltasse aquele lampejo de ousadia que transformava ataques em tempestades. Já a Lazio, salva por Provedel e pelo destino, sai viva de Bérgamo com um ponto precioso e a sensação de que, em meio a tantas limitações, ainda sabe sofrer.
Um dos jogadores mais influentes da liga, Paz foi o nome da vitória do Como sobre a Juventus (Getty)
Tops: Masini (Genoa) e Suzuki (Parma) Flops: Cornet (Genoa) e Ndiaye (Parma)
O Genoa segue atolado na parte inferior da tabela e, mais uma vez, deixou escapar a chance de vencer. Em casa, diante de um Parma que jogou com um a menos desde o fim do primeiro tempo, o time de Patrick Vieira empatou sem gols e ouviu vaias da torcida no Luigi Ferraris. O protagonista da noite foi Suzuki: o goleiro japonês fez defesas espetaculares, coroando a atuação aos 96 minutos, pegando um pênalti de Cornet – que teria dado a primeira vitória do campeonato aos grifoni. O empate manteve o Vecchio Balordo na zona de rebaixamento e deixou os crociati alguns degraus acima, ainda longe da segurança.
A partida começou tensa e truncada, mais marcada pelos choques físicos do que por boas jogadas. O Genoa tentou impor ritmo com Vitinha e Malinovskyi articulando pelo centro, enquanto Ekuban se desdobrava na frente. Já o Parma apostava em contra-ataques com Cutrone e Almqvist, mas sem precisão. Aos 28 minutos, Suzuki deu o primeiro aviso do que viria: em cabeçada à queima-roupa de Vitinha, o japonês se esticou no canto para salvar. O jogo seguia equilibrado até que Ndiaye, do Parma, foi expulso após duas faltas em sequência, deixando os crociati com dez ainda no primeiro tempo. Mesmo assim, os rossoblù não conseguiram transformar a vantagem numérica em domínio.
Na segunda etapa, a pressão aumentou. Malinovskyi tentou de todas as formas – de falta, de longe, por dentro – e Suzuki respondeu em todas. Carboni e Masini também exigiram boas defesas do goleiro visitante, que parecia intransponível. O tempo passava, e o Genoa se mostrava cada vez mais nervoso, tropeçando em sua própria ansiedade. No fim, já nos acréscimos, Ekhator foi derrubado por Troilo na área, e o pênalti parecia o prêmio tardio pela insistência. Cornet, porém, bateu mal, e o japonês brilhou de novo, espalmando firme para o delírio da pequena torcida visitante.
O 0 a 0 refletiu a fragilidade de ambos. O Genoa, ainda sem vitórias, mostra sinais de desespero precoce – um time que cria, mas não decide, e que depende demais de lampejos individuais. Vieira começa a sentir o peso da cobrança, e a arquibancada já cobra respostas. Do outro lado, o Parma celebra um ponto que tem sabor de triunfo, sustentado pelo muro erguido por Suzuki, que, sozinho, garantiu um resultado improvável. No Ferraris, a sensação foi de um empate que valeu mundos para uns e custou caro demais para outros.
Gols e assistências: Terracciano (Vandeputte); Zaniolo (Zanoli) Tops: Vandeputte (Cremonese) e Atta (Udinese) Flops: Vardy (Cremonese) e Solet (Udinese)
Cremonese e Udinese empataram por 1 a 1 no Giovanni Zini, em um jogo que misturou intensidade e desperdício. O duelo começou a todo vapor, com o time da casa abrindo o placar logo aos quatro minutos, mas acabou se equilibrando na etapa final com o brilho de um jogador que há muito tempo esperava esse momento. Zaniolo, que não marcava na Serie A havia dez meses, reapareceu para salvar os friulanos e arrancar um ponto importante fora de casa. A Cremo, empurrada por sua torcida, acertou o poste duas vezes e ainda viu Vardy desperdiçar uma chance clara, ficando novamente no quase.
O início foi promissor para os grigiorossi. Em cobrança de falta precisa de Vandeputte, Terracciano subiu mais alto que a defesa e testou firme, sem dar chances a Okoye. O time de Davide Nicola parecia disposto a repetir o estilo direto e agressivo que marcou seu bom início de temporada, com saídas rápidas e laterais participativos. Bonazzoli foi o mais ativo, acertando a trave e levando perigo constante. Já a Udinese parecia desligada, lenta na construção e dependente dos lampejos de Atta, o único que tentou romper linhas. O primeiro tempo terminou com a Cremonese em vantagem e sensação de controle, embora a margem fosse curta demais para relaxar.
O segundo tempo mudou de tom assim que Zaniolo decidiu aparecer. Logo aos 51 minutos, o meia iniciou a jogada com um toque de calcanhar, abriu pela direita e correu para a área. Zanoli cruzou, e ele completou de cabeça, no melhor estilo centroavante, empatando a partida e encerrando um jejum incômodo. O gol transformou o jogo: a Udinese cresceu, aproveitou o nervosismo do adversário e quase virou com Davis, que acertou o lado de fora da rede. Do outro lado, Vardy teve duas oportunidades claras em velocidade, mas finalizou mal, em contraste gritante com sua fama de goleador frio.
Nos minutos finais, a Cremonese pressionou em busca da vitória. Nicola lançou Sarmiento e Vázquez, que trouxe novo ritmo e ainda carimbou o poste em cobrança de falta. O estádio empurrou, o time insistiu, mas o empate resistiu até o fim. A Udinese comemorou o ponto pela forma como ele veio; a Cremonese lamentou o que deixou escapar. No fim das contas, as duas equipes seguem bem posicionadas, no meio da tabela.
Orsolini deixou sua marca na vitória do Bologna sobre o Cagliari e se isolou na artilharia da Serie A (Getty)
Tops: Tiago Gabriel (Lecce) e Walukiewicz (Sassuolo) Flops: Berisha (Lecce) e Berardi (Sassuolo)
O duelo no Via del Mare entregou pouco para quem esperava um jogo movimentado. Lecce e Sassuolo ficaram no 0 a 0 em uma partida truncada, de raras oportunidades, que mais destacou a disciplina defensiva do que a inspiração ofensiva. O empate, ainda que sem brilho, serve para ambos: o time de Fabio Grosso alcançou a marca de 10 pontos, enquanto os salentinos, treinados por Eusebio Di Francesco, chegaram a seis, mantendo a invencibilidade recente e somando o terceiro resultado positivo consecutivo.
O primeiro tempo resumiu bem o que seria o confronto inteiro: muita aplicação tática e escassas ideias. O Lecce tentou se impor explorando os lados do campo, mas as jogadas de Morente e Pierotti não encontraram eco na área. Coulibaly buscou alternativas por dentro, enquanto Stulic, isolado, tentou finalizar de fora – e por pouco não marcou em belo chute cruzado. O Sassuolo, por sua vez, preferiu esperar, fechando bem os espaços com Matic no meio e procurando o contra-ataque com Laurienté e Pinamonti. A chance mais clara veio em um escanteio, quando o próprio Pinamonti afastou de cabeça um lance de perigo criado por Pierotti.
Na segunda metade, o cenário se manteve semelhante, mas o equilíbrio cedeu espaço para erros em excesso. Laurienté desperdiçou um contra-ataque promissor ao cruzar sem direção, irritando Grosso, que rapidamente promoveu alterações para dar novo fôlego ao ataque neroverde. Berardi ainda teve boa oportunidade, mas Falcone reagiu com firmeza e garantiu o zero no placar. O jovem Camarda entrou, buscou se movimentar, mas não conseguiu alterar o destino do duelo. Nem mesmo as entradas de Banda e as inversões de lado surtiram efeito.
Ao apito final, restou a sensação de um ponto justo em uma noite fria de futebol. O Lecce mostrou disposição, mas faltou qualidade para transformar posse em perigo real. O Sassuolo, por sua vez, parece ter se contentado em manter a boa sequência, mesmo jogando abaixo do que pode.
Tops: Albiol (Pisa) e Serdar (Verona) Flops: Aebischer (Pisa) e Orban (Verona)
Em Pisa, a Arena Garibaldi testemunhou uma daquelas partidas que parecem presas no tempo. Pisa e Verona empataram sem gols em um confronto travado, cheio de receio e escasso em ousadia. De um lado, uma equipe que ainda não venceu; do outro, um adversário igualmente carente de confiança. O 0 a 0, mais do que um placar, foi um retrato fiel do momento das duas camisas, que somam frustração e ineficácia em partes iguais.
O primeiro tempo foi um exercício de paciência – para quem jogava e para quem assistia. O Pisa insistia na saída curta com o veterano Albiol conduzindo a bola, mas a lentidão do jogo permitia ao Verona se recompor com facilidade. A proposta dos visitantes era mais direta, apostando nas bolas longas e na força de Giovane e Cham, que tiveram as melhores chances. O segundo quase abriu o placar em duas oportunidades, mas parou em Semper, um dos poucos a se destacar. Do outro lado, Moreo tentou de fora e de cabeça, sem sucesso. Faltava precisão, sobrava indecisão.
Na etapa final, os técnicos mexeram bastante, mas o enredo não mudou. Alberto Gilardino tirou os piores em campo e tentou dar vida ao Pisa com Cuadrado e Tramoni, enquanto o Verona buscou mais profundidade com Mosquera e Sarr, sem resultado prático. A melhor oportunidade foi um chute de Nzola, alto demais para preocupar Montipò. O Hellas rondou a área, insistiu pelos lados e ainda teve Frese avançando em velocidade no fim, mas o arremate saiu torto, como toda a tarde dos dois times.
No fim, ficou a impressão de que ninguém realmente acreditava na vitória. A partida escancarou as limitações de ambos, presos em seus próprios medos e vícios táticos. Pisa e Verona seguem sem vencer. No caso dos nerazzurri, a boa impressão das rodadas iniciais vai começando a se dissipar. Já o Hellas parece mais próximo de uma crise de identidade do que de um ponto de virada.
Suzuki (Parma); Akanji (Inter), Coco (Torino), Heggem (Bologna), Bastoni (Inter); Tameze (Torino), Perrone (Como); Orsolini (Bologna), Paz (Como), Rafael Leão (Milan); Simeone (Torino). Técnico: Cristian Chivu (Inter).
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