MundoBola
·20 de novembro de 2025
A oportunidade de abrir vantagem virou uma oportunidade de passar vergonha

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·20 de novembro de 2025


Da mesma maneira que se fala muito da reunião que poderia ter sido um email, é preciso deixar claro, de começo, que esse é um texto que poderia tranquilamente ser uma pichação de muro na Gávea, uma carta de torcida organizada prometendo apavoro, até mesmo uma mensagem em grupo Whatsapp chamando a galera pra empurrar carro na porta do CT.
Porque por mais que palavras sejam sim uma forma de dar sentido aos piores sofrimentos, de articular as mais terríveis tragédias, de racionalizar até mesmo as coisas mais absurdas, existe o grande risco de que ainda não exista, seja na língua portuguesa, seja em qualquer outro idioma, o léxico necessário pra descrever o nível de bizarro e de ridículo da atuação rubro-negra nesta noite de quarta-feira.
Como se descreve um nível de corpo mole tão mole que o dito corpo está atingindo um estado da matéria ainda não descoberto pela ciência? Existe alguma palavra em alemão pra quando uma pessoa comete todos os erros possível e ainda descobre alguns impossíveis pra cometer também? Existe em japonês alguma expressão bonita e sintética pra um vaso que você quer quebrar na cabeça de alguém e remendar apenas pra quebrar de novo nessa mesma cabeça?
E se ainda nos falta a terminologia capaz de descrever o quão patética foi a atuação do Flamengo nesta quarta-feira é porque o Flamengo inventou, com essa atuação, novos níveis de patético, que foram mais longe do que a linguagem humana já havia atingido, e vamos precisar usar então palavras que, apesar de pesadas, ainda não fazem jus ao que vimos nesta partida.
Porque houve ao mesmo tempo um incompreensível nervosismo, como se o Flamengo estivesse atuando contra a seleção brasileira de 1970 numa partida que valia a vida de todos os seus familiares, mas absoluto descaso, como se fosse uma brincadeira de vizinhos no play do prédio. Tivemos falhas técnicas e táticas, tivemos inoperância do meio campo, caos na defesa, nulidade no ataque. Tivemos João Victor errando por inexperiência e tivemos Rossi errando por soberba.
Vimos um Flamengo que tinha a faca e o queijo na mão para ampliar a vantagem no campeonato optando por envenenar o queijo e entrar numa delegacia da polícia militar segurando a faca e gritando palavras numa língua desconhecida. Vimos a equipe que em outras partidas já apresentou o melhor futebol do continente praticar um esporte desconhecido, ainda não definido pelo homem, mas com certeza já tipificado pelo código penal. Vimos três pontos jogados não apenas jogados no lixo, mas incinerados e tendo suas cinzas jogadas diretamente nos olhos da torcida.
E ainda assim, o que nos resta é acreditar. Acreditar que esse foi mais um ponto fora de uma curva que nessa temporada se mostrou muito mais positiva que negativa. Acreditar que com a volta dos selecionáveis e os dias de treinamento vamos atuar melhor contra o Bragantino. Acreditar que o que vivemos nesse meio de semana foi um breve constrangimento diante das glórias que o fim de ano ainda reserva.
Porque a despeito dos absurdos que vimos essa noite, sabemos da qualidade do time, da inteligência do nosso treinador, e do potencial desse grupo. E resta esperar que nas próximas rodadas tudo isso volte a transparecer, seja porque é o que precisamos pra conquistar títulos, seja pelo simples fato de que a essa altura do campeonato era pra estarmos pensando em novas maneiras de comemorar e não de lamentar derrotas absurdas.









































