A vitória que Marrocos esperou por 24 anos reafirmou como o time tem uma ótima dupla de zaga, com Saïss e Aguerd | OneFootball

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·27 de novembro de 2022

A vitória que Marrocos esperou por 24 anos reafirmou como o time tem uma ótima dupla de zaga, com Saïss e Aguerd

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A seleção de Marrocos chama mais atenção por seus talentos ofensivos. O time possui muitas armas na chegada ao ataque e a grande queda de braço antes da convocação girou ao redor disso. A demissão do técnico Vahid Halilhodzic aconteceu para encerrar o afastamento de destaques vetados – Hakim Ziyech e Noussair Mazraoui, além de Amine Harit, só cortado por lesão. A vitória por 2 a 0 sobre a Bélgica na Copa do Mundo, que encerra a espera marroquina de 24 anos sem triunfos na competição, contou com essa capacidade individual. Ziyech, sobretudo, fez a diferença na ligação. Porém, nada disso seria possível sem a intensidade e a consistência defensiva dos Leões do Atlas. O time de Walid Regragui merece elogios por seu trabalho atrás, especialmente o desempenhado por Romain Saïss e Nayef Aguerd, uma dupla de zaga muito sólida.

Marrocos chegou à Copa do Mundo como uma das melhores seleções africanas, ao menos no papel. Existiam dúvidas sobre o rendimento após a troca recente de técnico, embora Regragui chegasse respaldado pelo título da Champions League Africana à frente do Wydad Casablanca. E qualidade não falta em praticamente todas as posições, especialmente após a reintegração dos astros antes renegados. As pontas são o setor mais bem servido dos Leões do Atlas, mas a zaga também possui uma dupla ótima.


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Romain Saïss é o único dos dois titulares que esteve na Copa do Mundo de 2018. E não tinha tanta projeção por Marrocos naquele momento. Nascido na França, o beque havia se desenvolvido como profissional na Ligue 2, por Clermont e Le Havre. Jogou na elite francesa por apenas uma temporada, com o Angers, antes de ser levado à Championship pelo Wolverhampton em 2016. O zagueiro tinha acabado de ser uma peça-chave no acesso dos Lobos à Premier League antes do Mundial da Rússia, mas passava abaixo do radar. Era apenas um coadjuvante ao lado de Mehdi Benatia e chegou a ficar no banco contra Portugal por conta de um problema físico.

Os últimos quatro anos fizeram muito bem a Saïss. O zagueiro se consolidou na Premier League e ganhou uma excelente rodagem com o Wolverhampton. O marroquino foi um dos esteios nas boas campanhas dos Lobos, muito forte especialmente pelo jogo aéreo e pela velocidade, e teve a chance de disputar a Liga Europa. Sua saída nesta temporada aconteceu mais por uma ocasião de mercado, ao final de seu contrato, ao assinar com o Besiktas. O que não diminui sua excelência ou sua influência nos Leões do Atlas. O veterano de 32 anos também cresceu na equipe nacional, a ponto de herdar a braçadeira de capitão que pertencia a Benatia.

Melhor ainda quando Saïss olha para o lado e vê um companheiro até com mais potencial que ele. Nayef Aguerd nasceu na cidade de Kenitra e foi formado pela Academia Mohammed VI, de investimento da monarquia nos talentos locais. Na época da Copa do Mundo de 2018, o jovem de 22 anos seguia atuando no Marrocos, com a camisa do FUS Rabat – onde era treinado exatamente por Walid Regragui. Foi somente depois do Mundial que ele se transferiu à Europa, primeiro ao Dijon, antes de assinar com o Rennes em 2020. A partir de então, o beque se consolidou entre os melhores de sua posição na Ligue 1. Ganhou projeção internacional e virou um nome obrigatório na seleção, como um sucessor direto do aposentado Benatia. Meio-campista de origem, o zagueiro é ótimo tecnicamente e acima da média na leitura de jogo. Teve grandes participações na Copa Africana de Nações e nas Eliminatórias.

O reconhecimento a Aguerd era tão grande que, no início da atual temporada, o West Ham pagou €35 milhões para levá-lo à Inglaterra – 21 vezes mais do que o gasto pelo Dijon quatro anos atrás. Mas, apesar das enormes expectativas, o zagueiro lesionou o tornozelo e demorou a estrear. Suas primeiras partidas pelos Hammers só aconteceram a partir do fim de outubro, com duas aparições pela Conference League e uma pela Premier League. Ao menos ficava o alívio para os marroquinos, que teriam sua dupla ideal no 11 inicial – mesmo que Achraf Dari, que trocou recentemente o Wydad pelo Brest, desponte como um sucessor do próprio Saïss.

Durante a estreia da Copa do Mundo, contra a Croácia, Saïss e Aguerd estiveram mais protegidos pela atuação excepcional de Sofyan Amrabat na cabeça de área. Ainda assim, os beques indicaram segurança para evitar maiores riscos. Já diante da Bélgica, os dois zagueiros centrais foram mais exigidos, assim como os laterais – Hakimi merece elogios por seu trabalho defensivo neste domingo. Os belgas pecaram demais em criatividade e, nesta monotonia, insistiram nos cruzamentos. Esbarraram nos zagueiros marroquinos.

Saïss foi soberano pelo alto. Não perdeu uma só bola de cabeça e rifou boa parte dos esboços da Bélgica. A imposição do capitão é conhecida há tempos e se reafirmou. Mais do que isso, o beque ajudou o time a jogar. Deu ótima contribuição na construção, especialmente nos lançamentos que ligavam diretamente ao ataque. Isso sem contar, claro, suas aparições na área adversária. Se o impedimento barrou o primeiro gol de sair mais cedo, o veterano também deu uma leve atrapalhada em Thibaut Courtois quando Abdelhamid Sabiri abriu o placar, com colaboração do goleiro.

Ao seu lado, Aguerd primou pelo refinamento. Não precisou ir tanto para o combate quanto o parceiro, mas garantiu recuperações importantes e preponderou até mais na saída de jogo. Foi o jogador da equipe com mais passes certos e também o líder em lançamentos precisos. Mostra que a qualidade técnica de Marrocos não se restringe a outras posições. A força da equipe nas laterais é garantida também por esse papel da zaga. E sem menosprezar a importância de Sofyan Amrabat, o cadeado na trinca de meio-campo.

Marrocos flertou com bons resultados nas três partidas da Copa de 2018 e acabou saindo com apenas um ponto, do empate contra a Espanha. E se a atuação contra a Croácia ficou devendo em produção ofensiva, desta vez os Leões do Atlas aproveitaram suas chances para bater uma decadente Bélgica. Dá para cravar que o time de Walid Regragui tem mais recursos do que a versão comandada por Hervé Renard quatro anos atrás. O elenco é forte, inclusive em posições que não chamam tanta atenção.

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