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·13 de novembro de 2024

Adriano Imperador em testemunho marcante: «O maior desperdício do futebol? Eu»

Imagem do artigo:Adriano Imperador em testemunho marcante: «O maior desperdício do futebol? Eu»

Uma das maiores figuras do futebol brasileiro no início do século XXI. Adriano, atualmente com 42 anos, esteve em grande plano no futebol internacional, sobretudo com a camisola do Inter, equipa que representou entre 2001 e 2009 - pelo meio vestiu a camisola da Fiorentina, Parma e São Paulo.

Vários problemas pessoais (relacionados com álcool e a morte do pai) fizeram com que o poderoso avançado não atingisse outros patamares, apesar do potente pé esquerdo e da capacidade física. Depois da retirada em 2016, o antigo atleta falou agora sobre o seu estado atual e explicou quando é que começou a consumir álcool.


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«Como é que uma pessoa como eu chega ao ponto de beber quase todos os dias? Não gosto de dar satisfações para os outros, mas aqui vai uma. Não é fácil ser uma promessa que ficou em dívida. Ainda para mais na minha idade (...) O maior desperdício do futebol: eu», começou por referir, em declarações reproduzidas pela The Players Tribune.

«Foi nesse campo [n.d.r da favela] que aprendi a beber. O meu pai ficava maluco. Ele não gostava de ver ninguém a consumir álcool, sobretudo os mais pequenos. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que me apanhou com um copo na mão. Tinha 14 anos e a favela estava em festa», acrescentou.

Tal como já foi referido anteriormente, o pai de Adriano teve um papel muito importante na sua vida, mas acabou por ser baleado, ficando com várias mazelas. «Levou um tiro na cabeça numa festa. Uma bala perdida. Não tinha nada a ver com a confusão. Os médicos não tinham hipóteses de dar a volta à situação. Começou a ter convulsões frequentes. Foi assustador», disse.

«Eu tinha dez anos quando ele foi baleado e cresci a conviver com as crises dele (...) A vida da minha família nunca mais foi a mesma», referiu.

«Chorei a noite toda e apaguei no sofá de tanto beber e chorar»

O antigo avançado mudou-se para a Europa com apenas 20 anos. Uma equipa recheada de estrelas em Milão, mas uma adaptação longe de ser fácil. O primeiro natal longe da família, esse, foi um dos mais complicados. «Estava muito mal. Depois de falar com a minha mãe ao telefone, bebi uma garrafa de vodka inteira. Sem exagero», confidenciou.

«Chorei a noite toda e apaguei no sofá de tanto beber e chorar. Mas o que poderia fazer? Estava em Milão por um motivo. Deus tinha-me dado a oportunidade de ser jogador de futebol na Europa. A vida da minha família melhorou muito graças ao meu suor (...) Eu tinha essa noção, mas nem por isso deixei de ficar triste», explicou.

Tendo em conta todos estes problemas, Adriano regressou ao Brasil e para casa. «Quando eu estou aqui, ninguém (de fora) sabe o que estou a fazer. Esse foi o problema deles [imprensa italiana]. Não entendiam o porquê de eu ter ido para a favela. Não foi por causa de bebida, mulher ou droga. Foi por liberdade. Queria paz, queria viver», disse ainda.

Depois de abandonar o Inter, em 2009, contou com passagens pelo Flamengo, Roma, Corinthians, Atlético Paranaense e Miami United, onde terminou a carreira em 2016. Apesar de só ter feito um jogo pela equipa norte-americana, acabou com um golo, pois claro.

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