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·31 de maio de 2020
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Em entrevista exclusiva para o Futebol na Veia, nesta sexta-feira (29), o auxiliar técnico do Santo André, Alan Dotti, compartilhou um pouco sobre as suas dificuldades e vitórias conquistadas em sua trajetória entre clubes nacionais e internacional. Além disso, contou sobre as suas aspirações para a sua equipe dentro do Campeonato Paulista, sua experiência como parte da comissão técnica e o futuro do futebol pós pandemia.
Com uma trajetória memorável, o auxiliar Alan Dotti deixa um legado vitorioso por onde passa. Além de títulos, o Professor conquista padrões que muitos de seus jogadores levam para toda a vida. Contudo, antes de auxiliar, Alan brilhava dentro de campo.
Segundo dados no Ogol, o ex-zagueiro teve passagens pelo Sub-17 do Votuporanguense (1992), Sub-17 do Juventus (1993) e Sub-18 do Corinthians (1994). No profissional passou por Rio Claro (1998), internacionalmente pelo Montedio Yamagata no Japão (1999 e 2000), Inter de Limeira (2001), Comercial (2001 e 2002), União Rondonópolis (2003), Juventude (2004) e Extrema (2006).
O seu estilo sempre muito concentrado, já que o ex-jogador se caracteriza por um profissional organizado, disciplinado e com uma boa condução de bola. Ainda mais, o ex-zagueiro possuía um excelente equilíbrio dentro de campo. O que por sua vez, permitia uma qualidade em seus passes.
Em campo internacional, Alan passou 99 e 2000 no Montedio Yamagata do Japão. Essa parte da sua história é marcada pela constante descoberta que teve dentro do futebol internacional.
“No começo você sente a diferença do jogo brasileiro para o japonês. Mas, depois você se adapta. A diferença maior é a organização, isso eles estão muito na frente [do estilo brasileiro]”, comenta.
Contudo, em 2007 se aposentou como jogador e começou a estudar e se profissionalizar na área técnica do futebol.
Posteriormente, a sua carreira técnica é formada por experiências diversas da base ao profissional. Dentre elas, até em campo internacional.
Ainda em 2009, o técnico volta para o Brasil e chega ao clube do Santo André. Segundo ele, foi um período de imenso acréscimo. Porque teve a oportunidade de se especializar ainda mais no futebol nacional.
“Fui estudando, fiz estágio… Em 2009, surgiu a oportunidade de ir para o Japão para trabalhar com jogadores de até 17 anos e eu fui. No mesmo ano, voltei para o Brasil e fui para o Sub-15 do Santo André. Logo depois, em 2014, parei no profissional do Ramalhão”, disse.
O Professor ainda passou pelo Confiança (2014-2016), Sampaio Corrêa (2018), Agremiação Sportiva Arapiraquense (2019). Contudo, voltou para o Santo André neste ano.
Seus mais de dez anos como auxiliar técnico trouxeram experiências fundamentais para a condução dos treinamentos dentro de campo e nas tomadas de decisões importantes para a equipe junto ao treinador. Contudo, durante esse tempo, Alan Dotti já viu muita coisa acontecer com os seus atletas.
Ao decorrer da entrevista, o Professor ressaltou a transformação que o Futebol Brasileiro passou diante da permanência dos atletas em seus times de origem. Segundo ele, o futebol nacional é muito visado internacionalmente. Ou seja, isso faz com que muitos clubes invistam em seus jogadores de base que ainda não estão preparados para o profissional.
“Os clubes ficam na necessidade dos jogadores. Eles veem um jogador bom e já querem negociar. Essa condição existe, mas às vezes os atletas nem chegam preparados para o profissional do clube de origem. Um olheiro vê e logo o atleta vai para fora. Ficou complicado agora”, comenta o Alan.
Ainda relembrou que antigamente era diferente essa situação. Antes, iam em categoria de base e tinham muitos jogadores. Agora, o ritmo é outro. Tanto no comportamento dos atletas como nos treinamentos de base deles. E, posteriormente, na maneira que eles se relacionam com os clubes.
“Antigamente, você ia para as categorias de base dos grandes clubes e viam muitos jogadores. Agora não se vê isso. Queremos trazer a Europa para a base e isso confunde o próprio jogador. Mas, eu acredito que isso vai mudar, ainda podemos mudar e preparar os nossos atletas para o profissional nacional primeiro”, completa o Professor.
Nesse meio, Alan trabalhou na base e no profissional do futebol. Em ambos, os seus jogadores desenvolveram técnicas de jogo que os levaram – em alguns casos – a troféus e vitórias nos seus respectivos campeonatos. Em suma, quando perguntado sobre qual modalidade foi mais difícil de trabalhar, logo disse:
“Na base se tem mais tempo para trabalhar com os jogadores. Não rende tanto financeiramente, mas você acompanha o crescimento dos jogadores. Já no profissional, você tem menos tempo e mais cobrança, então torna tudo mais complicado e difícil”, falou.
O clube vinha com bons resultados dentro de campo. Tanto que, é o 1° colocado do Grupo B do Campeonato Paulista. Essa sequência vem desde as primeiras rodadas da competição.
Mas, de acordo com Alan, esse resultado é consequência da escolha dos atletas para a disputa dessa temporada. Sendo assim, a montagem de equipe facilitou o processo de alinhamento entre os jogadores e comissão técnica para a conquista da posição que ocupa.
“Já sabíamos que o time que estávamos montando seria competitivo. Mas, também sabíamos que não seria fácil enfrentar os clubes do Campeonato Paulista. Quando realmente, percebemos que podíamos chegar na ponta de cima, fomos com tudo”, disse Alan.
Segundo os planos do Professor, após o retorno do Campeonato Paulista, o Santo André deseja permanecer com a estrutura de jogo que eles conquistaram antes da paralisação do futebol. Nessa volta, o Santo André enfrentará o Santos fora de casa para garantir a classificação para a próxima fase.
Atualmente, o que muitos clubes e atletas se perguntam é como será o futebol brasileiro após a pandemia do novo coronavírus. Entendemos que tudo se modificou por conta disso e o esporte muito foi afetado. Então, agora a reinvenção precisará acontecer como um todo.
Dentro do futebol, vimos casos de contratos de jogadores sendo encerrados, times entrando em dívidas e patrocinadores deixando o seu patrocínio. Enfim, são algumas das situações que se tornaram recorrentes para os clubes. Principalmente os da Série C e D. Mas, podemos encontrar alguns da Série B e pouquíssimos da Série A.
Assim, no Santo André não foi diferente. Afinal, a crise chegou até lá e a comissão técnica junto com os dirigentes procuraram uma solução, de acordo com possibilidade, para driblar a situação. Confira em entrevista exclusiva com o Diretor Executivo de Futebol do Santo André, Edgard Montemor, um pouco mais sobre a atual condição do clube em tempo de pandemia.
Mesmo diante dessa crise, o auxiliar Alan Dotti, quando questionado sobre a sua expectativa com o futebol após pandemia, se mostrou esperançoso com o novo.
“Será um novo futebol. Acredito que vai mudar muito. Em parte, o social, a estrutura, os salários… vai mudar muito. Ou seja, isso [a pandemia] trouxe muitas coisas para visualizar que vão além do dinheiro. Assim, eu acredito que vai ser um futebol mais harmônico e respeitoso com todos”, disse o auxiliar técnico Alan Dotti.
Por fim, quando perguntado sobre a continuação ou não da rodada dessa temporada logo disse:
“Eu acredito que vai ter [o fim da rodada]. Entretanto, acho que vai demorar mais um mês pelo menos para voltarmos. Enfim, estamos aguardando o protocolo da Federação, para vermos o que acontecerá”, completa.
Foto Destaque: Reprodução/Arquivo Pessoal/Alan Dotti