Mercado do Futebol
·21 de junho de 2020
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O Club Alianza Lima é um dos três grandes clubes do futebol peruano, o segundo maior campeão nacional, atrás apenas de seu rival, Universitário. Apesar de não ter título, é uma das equipes tradicionais em Copa Libertadores da América. Mesmo com as competições da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) paradas por conta da pandemia de coronavírus, causador da covid-19, el Equipo del Pueblo, como também é conhecido, é o personagem de hoje da série que conta a história dos clubes não-brasileiros na Libertadores de 2020.
O time da cidade de Lima, capital do Peru, que sediou a última final de Libertadores em 2019, está no grupo F da competição com Nacional, do Uruguai, Racing, da Argentina e Estudiantes de Mérida, da Venezuela. A equipe peruana conquistou sua vaga ao ser vice-campeão do Campeonato Peruano em 2019, perdendo para o Binacional. Confira a última matéria da série no link abaixo:
O Club Sport Alianza, primeiro nome do atual Club Alianza Lima, foi fundado em 15 de fevereiro de 1901 por jovens da classe mais abastada, que conheceram o futebol em solo europeu, especialmente na Inglaterra e é o mais antigo do Peru. O clube blanquiazul, em referência às cores, teve a gênese realizada na rua Cotabambas, no bairro de Chacaritas, em Lima. Seu nome é em referência ao estábulo (caballeriza em espanhol) Alianza, propriedade de Augusto B.Leguia, ex-presidente peruano, onde eles jogaram suas primeiras partidas. Por não ter tantos registros, não se sabe exatamente qual foi o primeiro jogo do Alianza.
A ideia era formar um time popular, apesar do futebol peruano nascido na elite. A primeira equipe aliancista, localizada no Centro de Lima, tinha muitos trabalhadores (indústria, comércio, entre outros). Por conta disso e de um clima que parecia ser quase familar, surgiu outro apelido do Clube, los íntimos.
Em seus primeiros anos, o time apenas disputavas partidas locais contra outras equipes de bairros vizinhos. A mudança de patamar veio com a criação da Liga Peruana em 1912, com o Alianza Lima fazendo parte desse processo. Seu primeiro título veio em 1918 e o segundo no ano seguinte, época em que haviam somente oito participantes.
Nas décadas seguintes, o clube ganhou títulos e amargou um rebaixamento em 1938. Após ser o primeiro tricampeão peruano (1931, 1932 e 1933) guiado pelo atacante Alejandro Villanueva, que tinha incrível 1,98 metro, e era chamado de maestro, el Padre del Fútbol Peruano e também fez render outro apelido ao Alianza Lima, El Rodillo Negro. Como podemos perceber, foi um dos maiores peruanos no futebol e morreu com apenas 35 anos, vítima de tuberculose.
O Alianza Lima tem uma enorme tragédia em sua centenária história. Em dezembro de 1987, o clube viajou para a cidade de Pucallpa para jogar uma partida do Campeonato Peruano contra o Deportivo Pucallpa. Na ocasião, a equipe liderava a competição e venceu a partida pelo placar mínimo com gol de Carlos Bustamante. Tanto para ir, quanto para voltar, a equipe fretou um avião para a viagem. A volta foi no dia 8 de dezembro em um avião Fokker da Marinha de Guerra do Peru. No entanto, eles não chegaram ao destino.
Eram 44 pessoas na aeronave que caiu no Oceano Pacífico, na altura da cidade de Ventanilla, Peru. Dessas 44, apenas uma sobreviveu, o piloto Edilberto Villar Molina. Todos os 16 jogadores faleceram assim como a comissão técnica de Marcos Calderón. A suposta causa da queda foi por conta de problemas técnicos e de falta de experiência do piloto para realização de voos noturnos segundo investigação jornalística divulgada em 2006.
A comoção foi geral e repercutiu em todo o mundo. Em todas as cerimônias de homenagem, muitas lágrimas. Entre as principais pelo mundo, tivemos a manifestação de tristeza de Bobby Chalton, do Manchester United, que sofreu algo parecido na tragédia de Munique em 1958 e do Peñarol, do Uruguai, que jogou a final da Copa Intercontinental em Tóquio com faixas pretas em seu uniforme.
Entre os atletas que morreram, estava José Gonzaléz Ganoza, o jogador com mais partidas na história do Alianza Lima. O goleiro que faleceu com 33 anos atuou 508 vezes com a camisa de Los Íntimos de La Victoria e 26 vezes com a camisa do Peru.
Após a tragédia, o Alianza Lima perdeu aquele campeonato e amargou mais nove anos sem conquistas. Ao todo, foram 19 temporadas sem ganhar nada no futebol peruano. Tudo mudou em 1997 com a queda do jejum. Ao todo, o Alianza Lima tem 23 títulos peruanos (1918, 1919, 1927, 1928, 1931, 1932, 1933, 1948, 1952, 1954, 1955, 1962, 1963, 1965, 1975, 1977, 1978, 1997, 2001, 2003, 2004, 2006, 2017) e uma Copa Simón Bolívar (1976). É o segundo maior campeão nacional, atrás apenas do Universitário.
A cancha que o Alianza Lima manda seus jogos é o Estádio Alejandro Villanueva, que tem esse nome em homenagem ao seu primeiro ídolo, localizado no Distrito de La Victoria, em Lima. O local também é conhecido por Matute. Ele tem a capacidade para 35 mil torcedores, mas tem um projeto de ampliação para que aumente em 25 mil esse número, ficando com 60 mil.
Sua construção começou em 1969 e terminou em 1974. Sua inauguração foi com um campeonato quadrangular entre Alianza Lima, Universtiário, Independiente, da Argentina, e Nacional, do Uruguai. A primeira partida foi um empate em 2 a 2 entre os locais e o Nacional. O vencedor do campeonato foi o rival Universitário e Los Victorianos ficaram em terceiro.
O Club Alianza Lima é um dos tradicionais em Libertadores da América apesar de não ter chegado a nenhuma final. São 27 participações, o segundo no Peru, atrás somente do Sporting Cristal. Suas melhores campanhas foram na década de 1970, quando chegou duas vezes à fase semifinal, em 1976 e 1978. Porém, atualmente carrega um peso de um tabu na Copa.
Sua última vitória na Libertadores foi em 13 de março de 2012, vitória por 1 a 0 contra o Nacional de Montevidéu em casa. De lá para cá, foram 19 jogos sem vencer, se aproximando do recorde negativo do Deportivo Galícia, da Venezuela, que ficou 21 jogos sem vitórias.
Foto de capa: ESCUDO ALIANZA