Stats Perform
·03 de agosto de 2018
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·03 de agosto de 2018
O Milan viveu uma desilusão atrás da outra nas últimas cinco temporadas. Sem conseguir se classificar para a Champions League, o gigante virou coadjuvante na Serie A, figurando no meio da tabela e alcançando no máximo o sexto lugar no torneio. Chegou ao ponto de comemorar a classificação para a Liga Europa. Triste e pouco demais para um clube de tamanha história e tradição.
No entanto, tudo sempre pode piorar, e os Rossoneri foram punidos pela Uefa por não cumprir com as regras do Fair Play Financeiro, sendo banidos da Liga Europa. Além disso, a Elliott Investment tomou a administração após Li Yonghong, em mais uma das péssimas administrações que controlaram o Milan nos últimos anos, não cumprir os prazos de pagamento dos empréstimos que fez junto à companhia estadunidense para comprar o clube.
Com toda a bagunça, Leonardo voltou para comandar o futebol, e a decisão foi muito criticada por parte da torcida e da imprensa italiana.
Um completo caos. O Milan estava uma bagunça completa, cheio de problemas fora das quatro linhas e também com um elenco carente e dificuldades dentro de campo, e sem poder gastar muito no mercado reforçar o plantel e poder voltar a sonhar. Não existia muita esperança e a expectativa era de mais uma temporada no papel de coadjuvante, algo cada vez mais comum para os Rossoneri.
Era.
No meio do caos, o clube italiano conseguiu se organizar, fortalecer e ganhar motivos para ter esperança e acreditar em dias melhores.
O primeiro motivo veio com o TAS aceitando o recurso dos Rossoneri e anulando a suspensão da Uefa, garantindo o clube na próxima edição da Liga Europa. Depois, os motivos vieram com o criticado Leonardo provando sua competência.
De uma só vez, o dirigente brasileiro conseguiu reforçar o setor defensivo do Milan para o presente e para o futuro e contratar um dos melhores atacantes da Serie A. Isso tudo gastando pouco e aproveitando uma situação problemática da Juventus.
Após contratar Cristiano Ronaldo, a Juventus precisava negociar uma de suas estrelas para aliviar a folha salarial e não correr o risco de punições pelo Fair Play Financeiro da Uefa. A escolha óbvia era negociar Gonzalo Higuaín, que apesar de importante nas últimas temporadas, seria reserva de CR7 e, nesta situação, poderia causar problemas desnecessários em Turim.
A Vecchia Signora queria vender, e o Milan queria comprar. Faltava, porém, o complicado acordo financeiro, já que a Juve pagou 90 milhões de euros ao Napoli pelo argentino.
Foi então que dois "Leonardos" entraram em cena. Bonucci, que na última temporada chegou ao Milan como esperança e símbolo de uma nova fase, mas não emplacou, manifestou seu desejo de voltar ao time de Turim. Já o cornetado dirigente brasileiro costurou um excelente acordo.
Ao invés de colocar empecilhos na volta de Bonucci ao ex-clube, Leonardo foi inteligente e abriu o caminho para a saída do zagueiro de San Siro.
Sabendo que a Juventus gostaria de ter um defensor pronto e capaz de formar um excelente trio de zaga com Giorgio Chiellini e Andrea Barzagli, para ter uma zaga poderosa, um meio-campo talentoso e uma máquina de gols no ataque para buscar o sonhado título da Champions League, o dirigente do Milan facilitou a saída de Bonucci, mas pediu em troca Mattia Caldara e Gonzalo Higuaín.
A necessidade de negociar Higuaín e o desejo de contar novamente com Bonucci falaram alto para a Juventus, que deixou claro o foco no presente imediato e em ganhar a Champions League, pensando menos no futuro com Caldara e mais no momento atual com Bonucci.
Com isso, o Milan se aproveitou e garantiu dois ótimos reforços sem gastar muito. Os valores de Bonucci e Caldara se anulam, enquanto Higuaín chega por um valor razoável para o mercado atual, com os Rossoneri pagando 18 milhões de euros pelo empréstimo na temporada atual e, ao comprar o argentino no próximo ano, ter um gasto total de € 54 milhões.
Higuaín carrega a fama de ser figura central nas várias decepções da Argentina, mas é um ótimo atacante, e o Milan garante um dos principais goleadores da Serie A, que chega para resolver o problema do time com seu ataque nos últimos anos, e isso sem gastar muito e correr o risco de punições da Uefa.
Afinal, em 177 jogos na Serie A, Higuaín marcou 111 gols e deu 26 assistências. Ele nunca colocou menos de 16 bolas no fundo das redes em uma temporada do Campeonato Italiano, em 2015/16 quebrou o recorde de tentos (36) em uma única edição do torneio.
O hermano, fundamental para a Juve nas últimas temporadas, ainda jogou muita bola contra Tottenham e Real Madrid na Champions League em 2017/18. Ele é o melhor atacante do Milan desde Zlatan Ibrahimovic, é capaz de decidir jogos e chega para resolver e acabar com um dos problemas do elenco.
Além disso, os Rossoneri também garantiram um ótimo reforço para o presente e o futuro de sua defesa. Bonucci teve seus momentos, mas não brilhou em Milão como em Turim, parte pela diferença entre as equipes e parte por seu próprio desempenho aquém do esperado. Ele também não queria permanecer no time.
Caldara, por outro lado, é sete anos mais jovem que Bonucci, muito promissor, e tem tudo para formar uma excelente defesa, que também deve figurar na seleção italiana no futuro, com Donnarumma, Conti e Romagnoli. O Milan reforça seu presente com um bom e talentoso jogador, e também seu futuro, com um atleta que deve crescer e render ainda mais.
Os Rossoneri já preparam não só a atual, mas também as próximas temporadas, vitais para o time ter uma boa sequência e recuperar o protagonismo.
Leonardo foi muito bem na negociação e o Milan se deu bem na famosa "super troca" com a Juventus, levando a melhor no negócio que chamou atenção não só da Itália, mas de todo o mundo. O time fortaleceu setores que precisava e certamente mudou de patamar.
Com uma boa defesa, um excelente goleiro, boas peças no meio-campo (Biglia, Bonaventura e Kessié), a chegada de Strinic para competir com o ótimo Ricardo Rodríguez na lateral-esquerda ou deixar o suíço jogar mais avançado, o talentoso Çalhanoğlu na meia-cancha, Suso pelos flancos e Higuaín como referência, o clube rubro-negro é mais forte e interessante, com bons e algunes excelentes jogadores.
O Milan ainda está muito abaixo da Juventus e aquém da Internazionale, mas parece mais próximo de Napoli e Roma que nos anos anteriores, apesar de ainda ver os dois times acima dos Rossoneri. Não é o suficiente e ainda está longe de brigar pelo título italiano, mas Gennaro Gattuso tem em mãos uma equipe mais forte e confiante que na última temporada, e condições de incomodar e conseguir uma vaga na Champions League via Serie A, além de brigar na Liga Europa.
Existem razões para acreditar em um desempenho melhor que nos últimos anos. E uma boa temporada em 2018/19, quem sabe garantindo uma vaga na Champions League seguinte, vai atrair mais patrocinadores, reforços, aumentar a receita e, consequentemente dar mais prestígio ao clube.
No meio do caos, o Milan ganhou motivos para ter esperança e confiar que pode ter um presente melhor em relação as últimas cinco temporadas e um futuro promissor, podendo voltar ao protagonismo e sonhar com grandes conquistas. Existe muito trabalho a ser feito e adversários mais poderosos, mas depois de tantos problemas e tantas desilusões, os Rossoneri possuem razões para acreditar.
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