Gazeta Esportiva.com
·28 de novembro de 2024
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Por Iúri Medeiros
O técnico Ramón Díaz consolidou um esquema sem pontas no Corinthians. A equipe vem atuando no 4-3-1-2, formação que conta com um losango de meias na região central e uma dupla de ataque.
A proposta do treinador pode ser considerada uma quebra de paradigma tendo em vista o cenário atual do futebol brasileiro, em que os pontas são tão valorizados e fomentados desde as categorias de base. 4-2-3-1, 4-4-2, 4-3-3… Esquemas muito utilizados, e que normalmente contam com pelo menos um atleta de velocidade pelo lado.
Atualmente, os jogadores mais talentosos tendem a ser “empurrados” para as beiradas, onde podem partir para o mano a mano e gerar desequilíbrio contra os laterais adversários. Estêvão, um dos melhores atletas brasileiros da atualidade, é éxemplo claro, ainda mais tendo em vista sua mudança de posicionamento em relação aos tempos de base.
Mas Ramón viu algo diferente. O comandante logo identificou que o elenco do Corinthians, montado do jeito que foi, privilegia atletas que atuam na região central. Por outro lado, é um plantel que possui dois laterais bem ofensivos, como Matheuzinho e Matheus Bidu. Pontas? Wesley, que foi negociado, era a única opção minimamente confiável para desempenhar a função quando o treinador chegou ao clube.
A volumosa janela de transferências de meio de ano reforçou o plano de encaixar os melhores jogadores do time na faixa central. Memphis Depay, que por vezes já jogou aberto pela esquerda em seus tempos de Europa, virou um excelente segundo atacante, servindo companheiros e abrindo espaços no setor ofensivo.
Rodrigo Garro, atuando como enganche, encontrou sua melhor versão. Mais próximo do gol adversário, o camisa 10 não perdeu a liberdade de movimentação, mas ficou mais perto do gol e, consequentemente, passou a arriscar mais.
Yuri Alberto, que diversas vezes teve que fazer pivô desde que chegou ao Corinthians, se consolidou como um atacador de espaços, aproveitando justamente a qualidade de passe de nomes como Memphis e Garro.
Romero e Talles Magno, os atacantes reservas, também se comportam bem formando dupla no setor ofensivo. O paraguaio deixou de ser o ponta “marcador de lateral” tem tempo, enquanto o ex-vascaíno nunca foi um jogador aberto de fato, com arranque para desempenhar tal papel. Ambos, hoje, têm a tendência de centralizar seus movimentos.
No meio-campo, o coração do time, o primeiro homem naturalmente é de contenção (José Martínez ou Raniele). Já Breno Bidon e Carrillo, que atuam atrás de Garro, têm capacidade de girar a bola e criar conexões com os laterais, que mais se comportam como alas no momento ofensivo. O crescimento de Matheuzinho e Bidu tem toda relação com a mudança de esquema tático da equipe.
Ramón teve o mérito de encontrar uma formação que tira o melhor do elenco corintiano. Mesmo com os problemas defensivos que o esquema naturalmente comporta, como a ausência de cobertura pelos lados, o 4-3-1-2 é ideal para encaixar um bom jogo por dentro, em modelo de aproximação e toques curtos.
E foi exatamente assim que o Corinthians encontrou sua melhor versão em termos de desempenho e engatou seis vitórias no Campeonato Brasileiro.