Jogada10
·30 de novembro de 2022
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Nesta quarta-feira (30), a Tunísia terá a França pela frente em um jogo que vale a permanência do país na Copa do Mundo. Uma vitória, somada a um empate entre Austrália e Dinamarca (ou uma magra vitória dinamarquesa), pode até levar os africanos às oitavas de final pela primeira vez em Mundiais. Mas é o aspecto histórico que dará um tempero a mais ao confronto.
A Tunísia foi parte da França durante 75 anos. Invadido pelos franceses em 1881, o pequeno país do norte da África ficou forçadamente ligado à metrópole europeia de muitas formas. Só em 1956, veio a independência. Mas as conexões entre os povos seguem imensas desde então. Os tunisianos são a terceira comunidade africana mais numerosa no país, com cerca de 200 mil pessoas, sem contar seus descendentes.
O futebol também não passou batido por isso. Dos 26 jogadores da seleção tunisiana, dez nasceram em território francês e muitos outros começaram suas carreiras na França, embora poucos ainda joguem lá. O atacante Khazri, do Montpellier, é da Córsega, ilha francesa do Mediterrâneo com forte presença tunisiana. Khazri jogou pela seleção sub-21 da França, mas optou pela Tunísia no nível principal:
“Antes do sorteio da Copa, queria que caíssemos no grupo da França. E o sonho virou realidade. Tento representar a Tunísia na França todo fim de semana com um bom desempenho e gosto de representar a Córsega também, porque nasci lá. Carrego muitas bandeiras nos ombros, isso é legal. Sou 100% tunisiano, 100% francês e 100% corso. Não tenho vergonha disso”.
Mas a relação franco-tunisiana tem rusgas evidentes. Em 2008, os países se enfrentaram num amistoso, em Saint-Denis. E a numerosa torcida da Tunísia não aliviou: vaiou o hino francês e o meia Hatem Ben Arfa, que jogava pela França, mas nasceu na Tunísia. Foi o bastante para que até políticos franceses se enfurecessem.
Nicolas Sarkozy, então presidente da França, considerou a postura dos tunisianos ‘escandalosa’. O então presidente da Federação Francesa prometeu interromper o jogo e evacuar o estádio caso o episódio se repetisse. Mas foi o ministro do esporte, Bernard Laporte, que sugeriu que a França não jogasse mais contra seleções do norte da África fora de casa: apenas no continente europeu.
Por coincidência ou não, a França só voltou à Tunísia em 2010, num amistoso que terminou empatado em 1 a 1, em Túnis. Desta vez, em território qatari, e com evidente maioria tunisiana, o clima promete ser novamente para os Bleus, que tentam manter os 100% de aproveitamento nesta Copa.