Ao ENM, Jordi fala sobre a grande temporada no Paços de Ferreira, projeções e Seleção Brasileira | OneFootball

O Esporte News Mundo traz com exclusividade uma entrevista com o goleiro Jordi. Atualmente no Paços de Ferreira de Portugal. O clube que é comandado por Pedro Filipe (Pepa) e fez uma das melhores temporadas em toda sua história, ficando em quinto lugar no campeonato português, consequentemente conquistando vaga para a Conference League, a nova competição criada pela UEFA para a próxima temporada. Revelado pelo Vasco da Gama em 2013, Jordi foi comparado a Helton no início de carreira, e falou como foi trabalhar com Carlos Germano, que foi seu preparador de goleiros no clube de São Januário. Hoje com 27 anos, citou objetivos e disse também sobre a possibilidade de um dia vestir a camisa da Seleção Brasileira. Na qual disse que estar bem servida por Alisson, Ederson e Weverton.

ENM: Gostaria que falasse sobre sua temporada no Paços de Ferreira. Sua equipe venceu o Porto, Braga e o Vitoria de Guimaraes. Que são grandes times de Portugal.

Jordi: Essa foi uma temporada histórica para o Paços de Ferreira. Batemos recorde de pontos e atingimos a segunda melhor marca do clube no campeonato português. Como bem citado vencemos Porto, Braga e Vitoria de Guimarães. Clubes esses que estão sempre disputando torneios internacionais, principalmente o Porto onde raramente perde partidas para equipes inferiores, mas nesta temporada foi diferente. Vencemos eles num jogo incrível por 2 a 0, no primeiro turno. E essa vitória trouxe uma grande esperança para o Paços de Ferreira no restante da temporada. E no final acabamos conquistando uma vaga na Conference League.

ENM: Como foi a adaptação ao Futebol Português e quais semelhanças e diferenças tem em relação ao brasileiro?

Jordi: O campeonato português é muito disputado, bem diferente daquilo que cheguei a pensar quando atuava no Brasil. Uma competição bastante técnica, com inúmeros jogadores de grande qualidade. A diferença é que no Brasil, a individualidade se sobressai bastante, é um jogo mais solto, onde o talento as vezes tem mais destaque. Aqui em Portugal, a questão de grupo tem uma exigência mais técnica, onde os times fazem exatamente o que é pedido pelo treinador. A questão de atuar uma vez na semana no campeonato também diferencia muito na questão de sempre estar bem fisicamente, isso transforma e deixa o jogo mais disputado e competitivo. No Brasil jogar a cada dois dias, três pesa bastante no condicionamento do atleta brasileiro. Talvez aqui em Portugal não teriam condições de aguentar essa quantidade de partidas por temporada. E isso acaba diferenciando um campeonato para o outro.

ENM: No Vasco você foi treinado pelo Carlos Germano e chegou a ser comparado ao Helton. Dois grandes goleiros do clube. O Helton fez carreira e virou ídolo em Portugal, atuando pelo Porto. Você tem contato com eles? Como lidou com a comparação no início de sua trajetória no Futebol?

Jordi: Trabalhei com o Germano em 2012 e 2013. Naquela época era comparado minha situação com o Helton. A minha própria trajetória do Vasco da Gama para Portugal é muito parecida. O Helton é muito falado aqui em Portugal, ídolo do Porto e fez uma carreira brilhante. Hoje é claro uma comparação muito sadia, é evidente que pretendo alcançar grandes objetivos assim como ele fez. Mas ele seguiu a vida, atualmente como treinador, enquanto eu também estou seguindo com a minha carreira, vida e alguns aspectos que claro podem ser parecidos com os dele. Porém busco fazer meu nome, hoje mesmo acredito que fiz um capítulo importante no Paços de Ferreira. É muito difícil um atleta que vem do Brasil para um clube de uma realidade diferente e na primeira temporada consegue uma classificação e bater grandes recordes dentro do clube. Isso é importante e gratificante, saber que ajudei em vários quesitos. Acredito que grandes coisas ainda estão por vir aqui em Portugal.

ENM: Como vem acompanhando as evoluções e exigências dos goleiros em relação a jogar com pés e saber sair jogando? Hoje por exemplo você atua numa liga que a tática é muito exigida e bastante debatida também.

R: Realmente aqui em Portugal esses aspectos de sair jogando com os pés é bem mais exigido que no Brasil. No Futebol brasileiro é uma evolução que foi exigida há um tempo, mas ainda assim, senti bastante diferença do estilo de jogo, das dimensões de campo. A questão da intensidade quando a bola é tocada para o goleiro, aqui os jogadores vem pressionar com mais intensidade. Então isso faz que tecnicamente temos que ir evoluindo a parte partida. Confesso que é uma área na qual não sou especialista, apesar da força que tenho com os pés para repor e sempre colocar a bola longe, consigo abrir o jogo em situações distantes. Porém aqui é jogado muito tecnicamente e aqui tem bastante análises sobre os goleiros. Venho aprendendo bastante e me adaptando para sempre encaixar na ideia do time e obviamente do treinador.

ENM: No Vasco da Gama quando você subiu teve a concorrência do Martin Silva. Hoje teoricamente o Lucão, que também é da base e tem apenas 20, deveria ser o goleiro titular, mas o clube acabou contratando o Vanderlei, ex-Grêmio e Santos. Como observa isso? E o que você adquiriu trabalhando ao lado do goleiro uruguaio que disputou duas Copas do Mundo.

Jordi: Tive meu momento no Vasco da Gama, acredito que soube aproveitar muito bem ele. Estive em uma das piores épocas do clube, seja financeiramente e dentro de campo, era muito novo quando assumi a responsabilidade de vestir a camisa do time. E uma posição na qual sempre que o Martin Silva estava fora, eu acredito que consegui suprir a ausência dele muito bem. O Vasco é um ambiente que você é exigido demais, principalmente na questão do resultado. Então entendo o que Lucão esteja passando. Ele é um goleiro com uma bagagem muito grande, atuou em todas as categorias de base da Seleção Brasileira. Sobre a contratação do Vanderlei, é importante para ajudar o Lucão até pela experiência. Eu mesmo aprendi bastante com o Martin Silva, principalmente com a frieza dele. O Vasco é um clube com um histórico bom de goleiros, tem preparadores excelentes que trabalham bem aqueles que sobem da base. Acredito que o Lucão vai evoluir e que tenha oportunidades de mostrar o seu valor. Ele foi o goleiro mais jovem que jogou pelo Vasco, e isso não é por acaso.

ENM: Atualmente com 27 anos como observa a disputa pelo gol na Seleção Brasileira? Você ainda sonha com uma oportunidade na equipe que atualmente é comandada pelo treinador Tite.

Jordi: Acredito que hoje a Seleção Brasileira está muito bem servida de goleiros. Isso é incontestável, tem o Alisson, o Ederson e o Weverton, que jogam em altíssimo nível, eles apresentam resultados dentro dos clubes que defendem, isso é um sonho de qualquer goleiro brasileiro jogar na seleção. Mas no momento tenho outros objetivos, acredito que para chegar até a amarelinha, primeiro preciso conquistar outras tarefas e estou buscando isso é claro. E a Seleção Brasileira, podemos dizer que ela é consequência do trabalho, daquilo que é feito. Claro que precisamos estar jogando em alto nível para sermos convocados e isso é uma questão pessoal que quero alcançar e jogar em grandes clubes. Isso é uma realidade, sonho com isso, acredito que tenho potencial para isso, mas hoje vejo uma seleção bem servida. Mesmo com a idade acredito que vou conquistar o que desejo, fiz uma excelente temporada este ano, numa equipe que ficou oito temporadas sem atuar em competições internacionais. No CSA, tive oportunidade de fazer um grande campeonato brasileiro em 2019. Depois tive uma lesão e quando retornei, infelizmente o time esteva praticamente rebaixado. Mas erros e acertos me fazem estar onde estou. Tive o prazer de atuar com grandes jogadores, que jogam em alto nível. Tenho evoluído e vou buscar alcançar tudo o que sempre almejei em minha vida. A gente trabalha de forma tranquila e quem sabe um dia chegamos ao ápice da carreira que é jogar pela seleção brasileira.

Jordi atuou em 32 partidas das 34 do Paços de Ferreira. na Primeira Liga em Portugal. O jogador não esteve presente apenas nas ultimas duas partidas, quando o treinador Pepa optou por dar oportunidade aos atletas que haviam atuado pouco durante a competição. O time terminou a competição nacional em quinto lugar com 53 pontos conquistados. E retornará para uma disputa de torneio internacional após oito anos ausente. A temporada de 2021-2022 será a segunda de Jordi no clube e tem previsão para iniciar no final de julho ou início de agosto.