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·06 de agosto de 2025

Após brilhar na Copa de 2006, o errante Christian Wilhelmsson teve curta passagem pela Roma

Imagem do artigo:Após brilhar na Copa de 2006, o errante Christian Wilhelmsson teve curta passagem pela Roma

Um dos clássicos do futebol, ao menos em tempos em que as ferramentas utilizadas para scouting não haviam sido tão desenvolvidas, era fazer contratações de jogadores que brilhavam em Copas do Mundo. Na maior vitrine planetária do esporte, muitos foram os atletas que conseguiram fazer considerável pé de meia devido a semanas douradas de suas carreiras. Por outro lado, fracassos retumbantes dos reforços foram tão comuns quanto essas tratativas. É nessa categoria que se encaixa a curtíssima passagem do sueco Christian Wilhelmsson pela Roma – ou melhor, em quatro das cinco principais ligas europeias num giro de apenas dois anos.

Nascido em 1979, no sul da Suécia, Christian Wilhelmsson foi um daqueles pontas ciscadores, que unia velocidade e habilidade a um bom poder de finalização. Por causa da forma ousada como jogava, recebeu o apelido de Chippen – uma referência ao jeito insinuante de strippers masculinos. Convenhamos: assim como costuma acontecer quando os homens contam suas experiências de cunho sexual, um baita de um exagero.


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Revelado pelo Mjällby, o ponta – que atuava principalmente pela direita, mas podia também atuar no flanco oposto – estreou como profissional em 1997, pela segunda divisão da Suécia. Sua velocidade e personalidade em campo chamaram a atenção de clubes de outros países e, em 2000, ele se transferiu para o Stabæk, da Noruega. Wilhelmsson teve boas atuações na Tippeligaen, a primeira categoria norueguesa, firmando-se como titular absoluto e sendo um dos jogadores mais produtivos do time: foram 25 gols em três anos e meio, nos quais conseguiu três convocações para a seleção sueca.

Em 2003, Wilhelmsson chegou a ser sondado pela Udinese, mas não rumou à Serie A. Ainda assim, deu um passo importante na carreira ao assinar com o Anderlecht, da Bélgica – o clube mais vencedor do país. No futebol belga, viveu uma de suas melhores fases, conquistando dois títulos nacionais e participando das fases de grupos da Champions League. Foram três temporadas muito consistentes, que o colocaram definitivamente no radar da seleção sueca. Com os Blågult, Chippen disputou a Euro 2004, contribuindo para que os auriazuis chegassem às quartas de final, eliminando a Itália no meio do caminho. E, claro, a Copa do Mundo de 2006, o ponto alto de sua trajetória como atleta.

O sueco chegou à Roma seis meses depois do “hype” na Copa do Mundo de 2006, mas não brilhou na Itália (AFP/Getty)

Aos 26 anos, o ponta chegou ao torneio como um dos jogadores mais em forma do elenco sueco, que contava com nomes como Zlatan Ibrahimovic, Henrik Larsson, Freddie Ljungberg, Olof Mellberg e Andreas Isaksson. A Suécia estava no Grupo B, ao lado de Inglaterra, Paraguai e Trinidad e Tobago. Wilhelmsson começou como titular na estreia contra os trinitinos (0 a 0) e no triunfo por 1 a 0 sobre os paraguaios, sendo um dos mais ativos do time nórdico, criando jogadas pelos lados e oferecendo alternativas ofensivas nas partidas que encaminharam a classificação ao mata-mata.

Contra a Inglaterra, no último jogo da fase de grupos, Chippen foi poupado e iniciou no banco, mas entrou no decorrer da partida, ajudando a sua seleção a buscar o empate por 2 a 2. A Suécia terminou na segunda colocação e avançou para as oitavas de final, onde enfrentou a anfitriã Alemanha. Porém, penalizada pela expulsão de Teddy Lucic aos 35 minutos, acabou eliminada com uma derrota por 2 a 0. Apesar da queda, Wilhelmsson foi elogiado pela imprensa mundial como um dos melhores de sua posição no torneio.

Valorizado pela Copa do Mundo, Wilhelmsson chamou a atenção de muitos clubes e, dias depois da eliminação da Suécia, trocou o Anderlecht pelo Nantes, da França. No entanto, o clube atravessava um momento instável, e sua experiência no futebol francês foi breve e pouco marcante. Aliás, foi marcada mais por problemas do time verde e amarelo – que terminaria rebaixado à Ligue 2 na condição de lanterna – do que por seu desempenho individual.

Chippen, contudo, não ficou em Nantes para ver a barca afundar: em janeiro de 2007, foi emprestado à Roma, que estava tentando competir com a Inter pelo scudetto, numa Serie A ainda remexida pelos efeitos do Calciopoli. Em 2006, como punições por envolvimento no escândalo de manipulação de resultados, a Juventus foi rebaixada para a segunda divisão e o Milan, Fiorentina, Lazio e Reggina tiveram pontos subtraídos. No momento da contratação do sueco, a Loba era vice-líder, sete pontos atrás da Beneamata.

Wilhelmsson recebeu muitas chances de Spalletti, mas não as aproveitou e teve rendimento inexpressivo pela Roma (AFP/Getty)

Sob o comando de Luciano Spalletti, aquela Roma tinha destaques como Francesco Totti, Daniele De Rossi, Mancini e Rodrigo Taddei – com este último, Wilhelmsson acabaria revezando na ponta direita. Com muitas opções, o treinador giallorosso optava por um grande rodízio do meio para frente, mantendo apenas o capitão e artilheiro como intocável. O sueco chegou para dar profundidade a essa estratégia, e ainda gabaritado pelo que fez na Copa do Mundo.

A concorrência por posição era forte, mas Spalletti estava disposto a dar chances ao nórdico em seu 4-2-3-1. Assim, quatro dias depois de sua chegada, entrou no segundo tempo de um empate por 1 a 1 contra o Messina, pela Serie A, e, quando completou uma semana de Roma, foi titular no 2 a 2 com o Parma que classificou os giallorossi às semifinais da Coppa Italia. Ainda em janeiro (21), forneceu uma assistência para Totti no 1 a 1 com o Livorno.

Vestindo a camisa 4 romanista, Chippen continuou a atuar majoritariamente como titular – Taddei nem sempre perdeu a posição, pois também chegou a jogar como trequartista. Entretanto, sua utilização coincidiu com uma severa queda de rendimento da Roma, que passou a somar vários empates. Num deles, contra o Ascoli, o sueco anotaria seu único gol na Itália. Um tento, aliás, choradíssimo: o arqueiro Dimitrios Eleftheropoulos falhou ao rebater mal um chute de David Pizarro, Wilhelmsson pegou mascado no rebote e o zagueirão Stefano Lombardi acabou caindo em cima da bola ao tentar cortá-la em cima da linha.

Produzindo menos futebol do que na primeira parte da temporada, a Roma, com Chippen em campo, amargaria um categórico 7 a 1 para o Manchester United nas quartas da Champions League e perderia o rumo por algum tempo. Esmorecida, viu a Inter disparar na Serie A e terminar campeã com grande antecedência – e com 22 pontos de vantagem. Os giallorossi ainda ficaram com o vice e com uma vaga na Champions League, além de terem conseguido castigar a adversária na decisão da Coppa Italia: faturou a taça com um placar agregado de 8 a 4. Wilhelmsson, no entanto, não entrou em campo nas finais porque Spalletti percebeu que o seu desempenho insatisfatório estava afetando o time. No total, o sueco atuou 25 vezes pela equipe, sendo 16 como titular, e contribuiu com um mísero gol e duas assistências.

Não foi só na Serie A que o ponta não justificou as expectativas: fracassou em três das outras cinco grandes ligas europeias (AFP/Getty)

Insatisfeita com o desempenho do escandinavo, a Roma decidiu não exercer a opção de compra ao fim da temporada, e Wilhelmsson voltou a ficar vinculado ao Nantes – embora nem o jogador, por questões profissionais, nem o clube, por motivos econômicos, desejassem sua permanência para a disputa da segundona francesa. Chippen foi, então, emprestado para Bolton, da Inglaterra, e Deportivo La Coruña, da Espanha, sem se firmar. Ou seja, em apenas dois anos, atuou em quatro das cinco grandes ligas do continente e fracassou em todas elas. Só não teve a oportunidade de fazer o mesmo na Alemanha.

Wilhelmsson não perdeu um lugar na seleção da Suécia, embora já não fosse mais titular tão frequentemente. Participou da Euro 2008 e, em seguida, rumou ao Oriente Médio, onde permaneceria até 2012, entre duas passagens pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita, e Al-Ahli, do Catar. O nórdico até ganhou títulos pelo clube de Riade e disputou a Eurocopa de 2012, se aposentando da equipe nacional sueca em seguida, aos 31 anos.

Já na fase final de sua carreira, Chippen defendeu o Los Angeles Galaxy, dos Estados Unidos, onde atuou ao lado de nomes como David Beckham e Robbie Keane, e voltou ao Oriente Médio para militar pelo Baniyas, dos Emirados Árabes Unidos. Em seguida, tornou ao Mjällby para encerrar sua trajetória esportiva e anunciou que penduraria as chuteiras em 2014. Meses depois mudou de ideia, no intuito de ajudar o clube que o revelou a escapar do rebaixamento para a terceirona – o que não ocorreu. Wilhelmsson ficou parado de 2015 até 2018, quando deixou a aposentadoria de lado outra vez para fazer uma partida pelo Torsby, da sétima divisão sueca. Aí, sim, aos 38 anos, parou de fato.

Wilhelmsson nunca foi uma estrela de primeiro escalão do futebol europeu, apesar de ter flertado com a possibilidade pela longevidade na seleção sueca – especialmente na Copa do Mundo de 2006 – e por ter acumulado passagens por ligas importantes. Regularidade, porém, não foi o seu forte. Para a torcida da Roma, em especial, ficou lembrado como um jogador que teve um mês dourado em sua carreira e nunca conseguiu repetir a dose de maneira consistente. Não fez valer o “hype”.

Christian Ulf Wilhelmsson Nascimento: 8 de dezembro de 1979, em Malmö, Suécia Posição: ponta-direita Clubes: Mjällby (1997-1999, 2014 e 2015), Stabæk (2000-03), Anderlecht (2003-06), Nantes (2006), Roma (2007), Bolton (2007-08), Deportivo La Coruña (2008), Al-Hilal (2008-2011 e 2012), Al-Ahli-QAT (2011-12), Los Angeles Galaxy (2012-13), Baniyas (2013-14) e Torsby (2018) Títulos: Campeonato Belga (2004 e 2006), Coppa Italia (2007), Campeonato Saudita (2010 e 2011), Copa da Coroa do Príncipe Saudita (2010, 2011 e 2012), MLS Cup (2012) e Copa dos Campeões do Golfo (2013) Seleção sueca: 79 jogos e 9 gols

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