Arrascaeta supera Doval e inspira viagem aos deuses da artilharia do Flamengo | OneFootball

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·06 de novembro de 2025

Arrascaeta supera Doval e inspira viagem aos deuses da artilharia do Flamengo

Imagem do artigo:Arrascaeta supera Doval e inspira viagem aos deuses da artilharia do Flamengo

Arrascaeta superou Doval com 95 gols pelo Flamengo e se isolou como o maior artilheiro estrangeiro do Flamengo. E isso não é apenas uma nota de rodapé estatística; é o desenrolar de um novo capítulo em uma das histórias mais ricas do futebol mundial.

O gol de pênalti, marcado aos seis minutos do primeiro tempo do jogo Flamengo x São Paulo na Vila Belmiro, foi o clímax de uma escalada silenciosa e persistente.


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Este feito do maestro uruguaio serve como um convite para uma jornada mais profunda: uma expedição ao panteão dos maiores goleadores que já vestiram o Manto Sagrado.

A lista de artilheiros do Flamengo não é um simples ranking. É o convite a uma viagem histórica sobre os matadores implacáveis dos anos 40, passando pela realeza de Zico, até a revolução da "Geração 2019".

Enquanto o nome de Arrascaeta é agora gravado no topo da lista internacional, ele abre as portas para o Olimpo principal, um lugar onde lendas são forjadas, recordes duram décadas e apenas os deuses ousam habitar.

Príncipe agora é Rei: o marco de Arrascaeta

O momento histórico foi selado na quarta-feira, 5 de novembro de 2025. Em um empate em 2 a 2 com o São Paulo pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro, Arrascaeta converteu um pênalti que ele mesmo sofreu. Foi o seu 95º gol com a camisa rubro-negra, um número que o desvinculou do lendário argentino Narciso Horacio Doval, que por quase meio século reinou absoluto com 94 gols.

A ultrapassagem foi, na verdade, a conclusão de uma semana histórica. No sábado anterior, 1º de novembro, Arrascaeta havia igualado Doval com um golaço de falta na vitória por 3 a 0 sobre o Sport, no Maracanã. O gol contra o São Paulo foi a coroação.

Para dimensionar o feito, é preciso comparar os dois ícones "gringos":

  • Narciso Doval (Argentina): 94 gols em 263 jogos (períodos entre 1969 e 1975).
  • Giorgian De Arrascaeta (Uruguai): 95 gols em 346 jogos (desde 2019).

Embora a média de Doval (0,36 gols por jogo) seja superior à de Arrascaeta (0,27), a comparação é enganosa e apenas engrandece o feito do uruguaio. Doval era um atacante, um finalizador por ofício. Arrascaeta é um armador, o "maestro" da equipe.

A prova de que o recorde de Arrascaeta representa uma mudança de paradigma está em seus outros números. Além dos 95 gols, o camisa 10 (que assumiu o número após a saída de Gabigol) acumula impressionantes 104 assistências.

Ele se tornou o maior artilheiro estrangeiro sendo, ao mesmo tempo, um dos maiores "garçons" da história recente do clube.

Na temporada 2025, por exemplo, ele demonstra sua natureza híbrida, liderando o time com 22 gols e 15 assistências em 55 partidas e sendo o artilheiro do Brasileirão com 16 gols.

O recorde não é, portanto, apenas uma troca de nomes no topo da lista. É a consolidação de um novo tipo de ídolo estrangeiro: o armador-artilheiro total.

O feito de Arrascaeta lança luz sobre um seleto grupo de jogadores que cruzaram fronteiras para fazer história no Flamengo.

A lista dos 10 maiores artilheiros estrangeiros é um mapa da globalização do clube ao longo das décadas, mostrando a tradicional influência platina e as incursões bem-sucedidas em outros mercados.

Os 10 maiores artilheiros "gringos" do Flamengo

  • 1. Arrascaeta (Uruguai): 95 gols
  • 2. Doval (Argentina): 94 gols
  • 3. Benítez (Paraguai): 75 gols
  • 4. Petkovic (Sérvia): 57 gols
  • 5. Valido (Argentina): 44 gols
  • 6. Guerrero (Peru): 43 gols
  • 7. Alfredo González (Argentina): 31 gols
  • 8. Fritz Engel (Alemanha): 23 gols
  • 9. Cosso (Argentina): 20 gols
  • 10. Espanhol (Espanha): 16 gols

Esta lista é um diário das relações internacionais do Flamengo. A presença dominante de argentinos (Doval, Valido, Cosso, González) e paraguaios (Benítez) reflete a rota de scouting tradicional do futebol brasileiro.

A presença de Petkovic (Sérvia) e do alemão Fritz Engel representa "ícones de culto" de eras distintas. Finalmente, a presença de Guerrero (Peru) e Arrascaeta (Uruguai) no topo simboliza a era moderna do poderio financeiro do Flamengo, capaz de contratar os melhores jogadores do continente em seu auge.

O Panteão dos Imortais: os 15 maiores artilheiros da história do Flamengo

O recorde de Arrascaeta o coloca próximo do 25º lugar na artilharia geral do clube (atualmente em 26º, logo atrás de Perácio, que tem 96 gols). Mas a sua façanha é o portal para o verdadeiro Olimpo: o Panteão dos Maiores Artilheiros de Todos os Tempos.

Estabelecer esta lista é um exercício de arqueologia estatística. Diferentes fontes ao longo dos anos apresentaram pequenas variações nos números de lendas do passado.

Para esta reportagem, o MundoBola adotou os dados mais recentes e abrangentes, que incluem o número de jogos, crucial para a análise de eficiência, com data de corte em 6 de novembro de 2025.

A análise desta tabela(em 06/11/2025) revela a maior história da artilharia moderna do clube: a estabilidade deste Top 10, que permaneceu quase intocada por décadas, foi violentamente rompida pela "Geração 2019".

Gabigol e Pedro realizaram a maior escalada concentrada na história do Flamengo. Em 2023, Gabigol era o 10º da lista.

Em janeiro de 2024, ele saltou para o 6º lugar. Pedro, que até semanas atrás estava em 9º com 149 gols, marcou três vezes e saltou para 7º (152 gols), ultrapassando duas lendas imortais: Bebeto (150) e Jarbas (151).

Análise do Panteão: o 'clube dos 200' e o deus inalcançável

O topo da lista é dividido em categorias de imortalidade. O "Clube dos 200 Gols" é o panteão dos panteões, mas mesmo dentro dele, há um outlier.

1. Zico (508 gols)

O Galinho de Quintino não é o primeiro da lista; ele é um monumento. Com 508 gols, ele tem quase o dobro do segundo colocado. A disputa pela artilharia do Flamengo é, realisticamente, uma disputa pelo segundo lugar. A presença de seus fiéis escudeiros Tita (13º) e Adílio (14º) na lista reforça o domínio da "Era Zico". No entanto, a média de gols por jogo (0.69) de Zico, comparada à baixíssima média de Adílio (0.21), demonstra como o camisa 10 centralizava a definição, enquanto seus parceiros cumpriam papéis cruciais de longevidade e suporte tático.

2. Dida (254 gols)

Edvaldo Alves de Santa Rosa, o Dida, é o "primeiro dos mortais". Seus 254 gols em 358 jogos lhe conferem uma média assombrosa de 0.71 gols por jogo, ligeiramente superior à de Zico. A importância de Dida, no entanto, transcende seus números. Ele era o ídolo de infância de Zico. A idolatria da família Antunes por Dida foi descrita como "passada quase como um traço genético" para o jovem Arthur. Dida, herói do tricampeonato de 1953-54-55, não é apenas o segundo maior artilheiro; ele é o catalisador espiritual para o primeiro.

3. Henrique Frade (214 gols)

O parceiro de Dida. Nascido em Formiga (MG), Henrique Frade é o terceiro maior artilheiro da história. Se Dida era a técnica, a "malícia do drible" e a inteligência, Henrique era a "raça e coragem". O fato de o segundo e o terceiro maiores artilheiros do clube terem jogado juntos (1954-1963) não é coincidência. Eles formaram a primeira grande dupla letal da era Maracanã.

4. Sylvio Pirillo (209 gols) e 5. Romário (204 gols)

Este é o clube dos "matadores puros". Pirillo, estrela dos anos 40, e Romário, o gênio dos anos 90, possuem as médias de gols mais aterrorizantes do Top 5. Pirillo tem 0.88 G/J e Romário 0.85 G/J. A tabela revela uma divisão clara: "Ídolos-Monumento" (Zico, Adílio, Gabigol), que construíram seus legados na longevidade e títulos, e "Matadores-Relâmpago" (Pirillo, Romário, Leônidas), que tiveram passagens mais curtas, mas com uma eficiência letal quase sobre-humana.

A 'geração 2019' do Flamengo e a caça ao Panteão

A ascensão da "Geração 2019" é o evento mais dinâmico na história estatística do Flamengo.

6. Gabigol (161 gols)

O maior artilheiro do Flamengo no século XXI. Com 161 gols, Gabriel Barbosa já ultrapassou lendas como Leônidas, Jarbas e Bebeto. Seu legado, no entanto, é definido pela importância de seus gols: ele é o herói das finais da Libertadores de 2019 e 2022. Seu próximo alvo é claro: o Top 5, atualmente ocupado por Romário (204 gols).

7. Pedro (152 gols)

A "escalada silenciosa" de Pedro é talvez a notícia mais imediata. Sua ascensão de 9º para 7º em questão de semanas, ultrapassando Jarbas (151) e Bebeto (150), é meteórica. Pela primeira vez na história, o Flamengo tem dois jogadores no auge, simultaneamente, no Top 10 da artilharia histórica. A "concorrência" interna entre Gabigol e Pedro se mostrou um motor produtivo que está reescrevendo o panteão em tempo real.

Densidade do quarteto

A revolução não para em Gabi e Pedro. O "Quarteto de 2019" está todo gravado na história:

  • Bruno Henrique: Com 106 gols, ele está empatado na 19ª posição histórica com Evaristo de Macedo.
  • Arrascaeta: Com seus 95 gols, ele ocupa o 26º lugar, colado em Perácio (96) e na dupla Nunes e Gaúcho (ambos com 98).

O fato de quatro jogadores da mesma geração estarem todos no Top 30 histórico é estatisticamente sem precedentes. A "Era Zico" colocou três no Top 15 (Zico, Tita, Adílio). A "Geração 2019" já tem dois no Top 7 (Gabigol, Pedro) e mais dois (BH, Arrascaeta) no Top 30, demonstrando uma densidade de poder de fogo talvez nunca antes vista.

Imortais que completam o Panteão  Rubro-Negro (8º ao 15º)

A base do Olimpo é formada por nomes que definiram eras e que, até 2024, pareciam intocáveis.

  • 8. Jarbas (151 gols) e 9. Bebeto (150 gols): Foram os "sentinelas" do Top 10 por décadas. Jarbas, o ídolo dos anos 30 e 40, e Bebeto, o gênio tetracampeão, foram as "vítimas" mais recentes da ascensão meteórica de Pedro.
  • 10. Leônidas da Silva (149 gols): O "Diamante Negro". Sua estatística é, talvez, a mais impressionante de todo o panteão: 149 gols em 148 jogos. Uma média de 1.01 G/J. Leônidas é o único jogador em toda esta lista de 15 lendas a ter mais gols do que partidas, consagrando-o como o finalizador mais eficiente, jogo a jogo, da história do clube.
  • 12. Zizinho (142 gols): O "Mestre Ziza". O gênio que antecedeu Dida e inspirou Pelé. Seus 142 gols vindo do meio-campo são um testamento de sua genialidade.
  • 11. Índio (144 gols) e 15. Durval (122 gols): Os matadores dos anos 40 e 50. Durval, em especial, é outro monstro da eficiência, com 122 gols em apenas 132 jogos (0.92 G/J).

A lista de artilheiros do Flamengo é um documento vivo. O marco de Arrascaeta como o maior artilheiro estrangeiro é simbólico: um meia-armador quebrando um recorde de atacante, sinalizando a evolução do próprio jogo.

Enquanto isso, a "Geração 2019" promoveu o maior ataque aos recordes históricos do clube em mais de meio século. Gabigol (161) e Pedro (152) têm um caminho realista para desafiar o Top 5 nos próximos anos, mirando os números de Romário (204) e Pirillo (209).

No topo, absoluto e inalcançável, permanece Zico. Seus 508 gols não são um recorde a ser batido; são um monumento a ser reverenciado, estabelecendo para sempre a distinção entre os grandes ídolos e o único e verdadeiro "Deus" da artilharia rubro-negra.

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