Gazeta Esportiva.com
·04 de novembro de 2025
Atletas afegãs exiladas encontram esperança nos gramados do Marrocos

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·04 de novembro de 2025

Quando os talibãs retornaram ao poder em 2021, “eu quis morrer”, conta Manoozh Noori. Quatro anos depois, a atleta afegã acaba de participar de um campeonato no Marrocos ao lado de outras exiladas para quem o futebol se tornou um motivo de resistência e esperança.
Antes de se juntar à equipe de refugiadas afegãs, a jogadora de 22 anos foi convocada pela seleção de seu país, o que representou uma vitória pessoal para a então estudante de gestão esportiva, que teve que enfrentar a oposição de seus irmãos para que pudesse jogar.
Mas desde a queda de Cabul, as mulheres estão proibidas de praticar e representar o Afeganistão em qualquer modalidade esportiva, e estão excluídas tanto das universidades quanto, em grande parte, do mercado de trabalho, um “apartheid de gênero”, segundo a ONU.
Antes de fugir do país, Manoozh Noori, “desesperada”, enterrou seus troféus e medalhas no quintal da casa de sua família.
“Questionei-me: devo continuar vivendo neste país? Com estas pessoas que querem proibir as mulheres de estudar, jogar futebol e fazer qualquer coisa?”, lembra a jovem, atualmente morando na Austrália, assim como muitas de suas companheiras.
Formada progressivamente desde maio entre Austrália e Europa, sua equipe disputou as primeiras partidas internacionais no final de outubro, durante um torneio amistoso no Marrocos.
Derrotadas pelo Chade e pela Tunísia, mas com uma vitória sobre a Líbia (7-0), as jogadoras lideram um projeto que vai muito além do esporte.
“Já não há liberdade no Afeganistão, especialmente para as afegãs. Mas agora nós seremos sua voz”, diz à AFP a atacante Nilab Mohammadi, de 28 anos, militar de profissão e que também jogava na seleção afegã.
“Para mim, o futebol não é apenas um esporte, representa vida e esperança”, acrescenta.
No Afeganistão, “foi tirado um sonho” das jogadoras, “mas quando a Fifa nos reconheceu, foi como se uma parte do sonho se tornasse realidade”, conta Mina Ahmadi.
“Esta nova aventura é um momento feliz para nós. Não vai parar tão cedo, vamos seguir em frente”, afirma a jovem de 20 anos, que estuda Ciências Médicas em uma cidade australiana.
Embora a Fifa ainda não tenha decidido sobre a possibilidade de que este time de refugiadas dispute outras partidas internacionais, as atletas permanecem determinadas a chegar o mais longe possível.
“Acho que são mulheres incríveis, fortes, uma fonte de inspiração. Elas tiveram que superar muitas adversidades para jogar futebol”, explica à AFP Aish Ravi, especialista em igualdade de gênero no esporte.
“Este esporte é mais do que um jogo, simboliza a liberdade para elas”, acrescenta a pesquisadora, que trabalhou com algumas jogadoras afegãs quando chegaram à Austrália em 2021.
“É muito difícil se acostumar a um país onde não se cresceu. Sente-se falta da família e dos amigos (…) Mas era preciso seguir em frente”, conta Mina Ahmadi, que sonha em jogar por algum clube europeu e participar de uma Copa do Mundo com a equipe de refugiadas.
Para Manoozh Noori, o objetivo é claro: que “esta equipe seja reconhecida pela Fifa como a seleção nacional feminina do Afeganistão”.
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