
Gazeta Esportiva.com
·09 de agosto de 2025
Augusto Melo sofre impeachment e não é mais presidente do Corinthians

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·09 de agosto de 2025
Augusto Melo, definitivamente, não é mais o presidente do Corinthians. Neste sábado, os sócios do clube aprovaram o impeachment do mandatário em Assembleia Geral realizada no Parque São Jorge, por 1.413 votos a 620.
O dirigente deixou o local sem falar com a imprensa entre as apurações da quinta e a sexta urna – ao todo, foram 16. Ele estava afastado do cargo desde o último dia 26 de maio, data em que o Conselho Deliberativo do Timão aprovou a destituição de Augusto Melo por conta do caso VaideBet. Desde então, Osmar Stabile vinha exercendo a função de maneira interina.
A votação foi da seguinte forma:
O Corinthians, em nota oficial, confirmou a destituição de Augusto Melo. Veja abaixo, na íntegra, o comunicado:
“O Sport Club Corinthians Paulista informa a confirmação do impeachment de Augusto Melo da presidência do Clube.
A Assembleia Geral realizada no sábado (9), onde 2037 sócios votaram no Parque São Jorge, foi finalizada com 1413 votos a favor do impeachment, 620 contra, 2 votos em branco e 2 votos nulos.
Osmar Stabile segue como presidente em exercício até nova eleição indireta, que será realizada com data a definir pelo Conselho Deliberativo do Clube.”
O clima foi conturbado do lado de fora. Torcedores estenderam faixas contra Augusto Melo nos portões do Parque São Jorge, e houve um princípio de tumulto quando uma sócia declarou apoio ao presidente afastado. Ela chegou a discutir com torcedores uniformizados na porta da sede social.
(Foto: André da Silva Costa/Gazeta Press)
Posteriormente, um trio elétrico que estava no local causou uma confusão ao tocar o hino do Palmeiras. Os corintianos cobraram o responsável pelo veículo, que pediu desculpas e se manteve no local. Na sequência, o caminhão reproduziu o hino do Vasco e irritou os torcedores, que perderam a paciência e atiraram pedras. O trio, então, deixou o local ao som do hino do Paysandu.
PRÓXIMOS PASSOS
Com a aprovação do impeachment, Augusto Melo deixa a cadeira presidencial, se torna inelegível pelos próximos dez anos e ainda corre o risco de sofrer um processo disciplinar de expulsão do Corinthians.
Agora, o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior irá convocar uma eleição indireta, somente com a participação dos conselheiros, para definir quem será o presidente do clube até o final de 2026, quando se encerraria a gestão Augusto Melo.
Associados que já cumpriram pelo menos dois mandatos no Conselho Deliberativo, independentemente de serem conselheiros atualmente, poderão se candidatar para o mandato “tampão”. Presidente interino, Osmar Stabile deverá se candidatar para o pleito.
ENTENDA OS MOTIVOS
Augusto Melo foi afastado da cadeira presidencial após votação do Conselho Deliberativo do Corinthians. O órgão aprovou por ampla maioria o impeachment do mandatário por conta do escândalo envolvendo a casa de apostas VaideBet, antiga patrocinadora máster do Timão. Poucos dias antes da votação, o presidente afastado foi indiciado pela Polícia Civil pelos crimes de lavagem de dinheiro, furto qualificado e associação criminosa.
Voltando um pouco no tempo, no dia 12 de agosto de 2024, a Comissão de Justiça do Corinthians entregou um relatório para o Conselho Deliberativo a respeito de investigações sobre alguns temas que envolvem a gestão de Augusto, como as negociações com a VaideBet e a Gazin (empresa de colchões que tem espaço no uniforme de treino).
Posteriormente, Augusto e pessoas que são ou foram ligadas à gestão foram ouvidas pela Comissão de Ética. Além do presidente, Armando Mendonça (segundo vice-presidente), Rozallah Santoro (ex-diretor financeiro), Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico), Fernando Perino (ex-integrante do departamento jurídico), Marcelo Mariano (diretor administrativo) e Rubens Gomes (ex-diretor de futebol) foram investigados internamente.
(Foto: Peter Leone/O Fotografico/Gazeta Press)
Augusto entregou sua defesa à Comissão de Ética no final de setembro. No dia 26 de agosto, de forma paralela à investigação, um grupo de conselheiros enviou ao Conselho um requerimento que solicitava a destituição de Melo.
O documento, de autoria do “Movimento Reconstrução SCCP”, conteve mais de 50 assinaturas, número mínimo para que a solicitação fosse apreciada pelo presidente do CD.
O documento pede “tramitação sucinta” e se apega, principalmente, ao Artigo 106, “b” e “d”, do Estatuto do clube, além da Lei 14.597/23, referente a nova Lei Geral do Esporte, que dispõe sobre crimes de “Lavagem” ou ocultação de bens.
Art. 106 – São motivos para requerer a destituição do Presidente e/ou dos Vices:
b) ter ele acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians.
d) ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária.
Em 19 páginas, que detalham acontecimentos recentes promovidos pela atual gestão, o requerimento se apoia em fundamentos que objetivam apontar eventuais problemas e condutas temerárias da gestão após avaliação dos seguintes casos:
No requerimento, conselheiros colocaram o Corinthians como “vítima de crimes cometidos pelos próprios dirigentes” e ainda reforçaram a intenção de se obter para o clube o devido “ressarcimento do prejuízo em razão do pagamento errôneo à malfadada empresa que nunca intermediou a confecção do contrato com a antiga patrocinadora”.
NOVOS DESDOBRAMENTOS
Uma série de eventos aconteceu desde o afastamento inicial de Augusto Melo, no último dia 26 de maio. Cinco dias depois, no dia 31 daquele mesmo mês, o mandatário se dirigiu ao Parque São Jorge com alguns aliados e tentou reassumir a presidência com base em um ofício assinado por Maria Ângela, mas o documento não foi reconhecido pelo presidente interino, Osmar Stabile, que inclusive chamou a Polícia.
Ela, que atua como 1ª vice secretária do Conselho Deliberativo, se intitulava presidente interina do órgão já que, em seu entendimento, Romeu Tuma deveria estar afastado e o sucessor imediato do posto, o vice Roberson de Medeiros, o ‘Dunga’, estava de licença médica. A conselheira, então, dizia ter anulado todos os atos conduzidos por Tuma desde o dia 9 de abril, dentre eles, a votação que aprovou o impeachment de Augusto pelo caso VaideBet, e determinava que o presidente afastado deveria ser reconduzido ao cargo.
A tentativa de retomada do poder no Corinthians, porém, não teve sucesso. Depois disso, alguns aliados de Augusto Melo chegaram a protocolar outras ações na Justiça buscando a anulação do impeachment e até mesmo do indiciamento do mandatário no caso VaideBet, mas tiveram diversas liminares negadas.
Augusto Melo usando boné da VaideBet (Foto: Rodrigo Gazzanel/Corinthians)
Já no último dia 22 de julho, Augusto Melo se tornou réu no caso VaideBet. A juíza responsável pelo caso acatou a decisão do Ministério Público após o indiciamento e iniciou um processo penal contra o mandatário alvinegro pelos crimes de furto qualificado, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Dois dias depois, houve um protesto das torcidas organizadas em frente ao Parque São Jorge. Os torcedores, entre eles lideranças da Gaviões da Fiel e membros da Camisa 12, pediram a renúncia de Augusto Melo e prometeram agir de maneira contundente se ele retornasse ao clube.