Bentancur é quem aparece e se destaca num Uruguai que não consegue engrenar | OneFootball

A continuidade do Uruguai na Copa do Mundo está por um fio. Não é uma situação difícil de reverter em busca da classificação, mas não que isso transmita uma sensação tão grande de que a Celeste realmente estará nas oitavas de final. Os uruguaios melhoraram em relação à estreia, mas também não encheram os olhos contra Portugal. A equipe de Diego Alonso travou o primeiro tempo e teve uma só chance. Depois de tomar um gol bobo na segunda etapa, os charruas poderiam ter empatado numa sequência de oportunidades, mas perderam o ritmo e levaram o segundo num pênalti bem discutível. E do pouco que deu certo ao Uruguai, fica o destaque a Rodrigo Bentancur. O meio-campista foi o melhor da equipe, com pressão na marcação e fluidez inclusive nos momentos difíceis. Mas não que tenha evitado a derrota por 2 a 0.

Bentancur faz parte da geração do Uruguai que solucionou a maior carência da seleção em anos anteriores, o meio-campo. Se mesmo os times históricos de 2010 e 2011 tinham limitações na meia-cancha, inegavelmente a qualidade melhorou nos últimos dois ciclos. Há novas opções, mais técnicas e mais jovens. O que gera um desequilíbrio, agora, em relação a outros setores. A zaga envelhece e o ataque também sente falta de seus protagonistas como eram antes. A responsabilidade se torna maior aos homens de meio, não só de Bentancur, mas também de Federico Valverde. Uma necessidade perceptível nesta segunda-feira.

Ao longo de sua carreira, Bentancur tem suas oscilações. Estourou no Boca Juniors, não se desenvolveu conforme a Juventus apostava, respirou novos ares no Tottenham. Sua temporada no norte de Londres é boa, não a ponto de se destacar como Valverde no Real Madrid, mas pelo menos de chegar em alta para a Copa do Mundo. O camisa 6 seria uma peça vital, como titular absoluto da Celeste desde as vésperas da Copa de 2018. Atuou no Mundial da Rússia e em todas as grandes competições desde então, incluindo as Eliminatórias. É um dos homens de confiança de Diego Alonso.

O Uruguai não teve boa atuação contra a Coreia do Sul, mas a influência de Bentancur na construção de jogo do time se evidenciou. Escalado no centro da trinca de volantes, mais recuado, foi quem mais auxiliou nos passes da equipe, poucas vezes agudo, mas com seu peso pela responsabilidade assumida. O mesmo aconteceu contra Portugal. A Celeste adotou uma estratégia mais defensiva, mas exibiu melhor intensidade. Bentancur seria importante nessa pegada na marcação e no trato com a bola a partir da recuperação. Até tomou um cartão amarelo de início, mas não se acanhou a subir a pressão. E quando se esperava uma postura mais agressiva com a bola de Valverde, foi o companheiro de meia-cancha quem escapou à área, em grande lance individual. Saiu de cara com Diogo Costa e até tomou uma boa decisão, ao ver o espaço para bater por entre as pernas, mas a bola subiu um pouco e o goleiro bloqueou.

Já no segundo tempo, Bentancur teria mais ajuda de seus companheiros. Não no lance do gol precoce de Portugal, em que a defesa parou, mas sim na tentativa de reação. As mudanças uruguaias geraram um efeito inicial, com melhor circulação da bola. Luis Suárez e Giorgian de Arrascaeta tiveram chances claras, Maxi Gómez carimbou a trave. Bentancur, ativo no crescimento da Celeste, dobrou seu número de passes e inclusive serviu uma batida de Valverde que partiu para fora. Entretanto, Portugal melhorou na sequência e o segundo gol esfriou os charruas.

O Uruguai precisará impreterivelmente da vitória contra Gana. E vai encarar um adversário que não só vem jogando melhor nesta Copa do Mundo, como também tem em mente a “vingança” pela Copa de 2010. Além disso, a Coreia do Sul não pode vencer Portugal para não complicar a situação no saldo. É um cenário delicado para os uruguaios, diante do que o time não vem fazendo. Bentancur é uma das poucas certezas nas quais o time pode se agarrar. Pode melhorar o sistema, mas suas boas atuações, sozinho, não serão suficientes.