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Botafogo

·28 de novembro de 2025

BOTAFOGO E CORINTHIANS SE UNEM CONTRA O FEMINICÍDIO

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Em um movimento inédito no futebol brasileiro, Botafogo e Corinthians unem forças para chamar atenção para a violência contra a mulher. Após campanhas individuais de grande repercussão nacional - "Números Quebrados" e "Quem Matou?" - os clubes somam narrativas em uma ação conjunta que acontece no jogo deste domingo (30), na Neo Química Arena.

As camisas usadas pelos jogadores trazem duas intervenções: os números nas costas foram redesenhados a partir de radiografias reais de mulheres vítimas de agressão, retomando a estética de "Números Quebrados"; já na barra frontal, os uniformes exibem a pergunta "Quem matou?", acompanhada dos nomes de mais de 40 mulheres mortas em casos de feminicídio. A união visual simboliza a continuidade da violência que, muitas vezes, começa com agressões físicas - e termina em morte.


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Os clubes destacam que, no Brasil, uma mulher é agredida a cada dois minutos e que, em dias de jogos, esse número cresce 26%. O país também ocupa a quinta posição mundial em feminicídios; somente em 2024, 1.492 mulheres foram mortas - média de quatro por dia.

Para Paula Young, head de ativações do Botafogo e líder do projeto Hora Delas, a união entre os clubes reforça a responsabilidade que o futebol pode assumir no enfrentamento à violência. "Quando dois rivais históricos ocupam o mesmo lado, a mensagem ganha outra dimensão, evidenciando que o futebol pode - e deve - assumir seu papel social diante de uma violência que afeta milhões de brasileiras," compartilhou.

A fundadora da ONG Cruzando Histórias, Bia Diniz, parceira da ação, afirma que a visibilidade esportiva é capaz de impulsionar debates urgentes. "O futebol mobiliza emoções e multidões, e quando essa força é usada para proteger mulheres, abrimos espaço para conversas necessárias sobre prevenção, acolhimento e mudança cultural," afirmou Bia Diniz.

Antes do jogo, a Neo Química Arena receberá, pela primeira vez, um treinamento oficial de combate ao assédio, destinado aos torcedores, além dos colaboradores e equipes que atuam no estádio. O estádio também passa a contar, a partir deste domingo (30), com duas salas de acolhimento a vítimas de qualquer tipo de assédio ou ato discriminatório.

"A parceria com o Botafogo para um tema tão importante é motivo de orgulho para nós. A união dos dois clubes, sem dúvida, potencializa o combate à violência contra a mulher. A bandeira contra o feminicídio, aliás, é recorrente aqui no Corinthians. Diria que até prioritária. Os índices são alarmantes e temos trabalhado pensando nas mulheres que fazem parte do nosso ecossistema, como atletas, colaboradoras e torcedoras, de forma a não normalizar qualquer violência contra a mulher e também divulgar todas os lugares onde buscar ajuda," comentou Sônia Andrade, Gerente de Responsabilidade Social do Corinthians. "O Corinthians trabalha o ano inteiro com ações voltadas ao combate da violência contra a mulher. Lembro que as campanhas de Dia das Mulheres e Dia das Mães deram luz à instituições que atendem mulheres que sofreram violência e passam por algum processo de reabilitação. A ação com o Botafogo encerra o ano com chave de ouro neste sentido," completou.

O Botafogo já realiza o treinamento em seus jogos no Nilton Santos. Ao final da partida, parte das camisas usadas pelos atletas dos dois clubes serão leiloadas, com renda destinada a projetos de apoio a mulheres em situação de vulnerabilidade.

Paula Young ressalta que "toda ação que gera impacto deve se converter em benefício direto para quem enfrenta essa violência todos os dias", reforçando a continuidade do compromisso iniciado pela SAF Botafogo com "Números Quebrados". A articulação entre Botafogo  e Corinthians pretende ainda chamar atenção da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para que o treinamento antiassédio seja incorporado como protocolo oficial em todos os estádios da Série A a partir de 2026. Em um país onde as agressões aumentam justamente em dias de jogo, os clubes defendem que o futebol assuma um papel ativo e permanente na proteção das mulheres. A união marca um momento simbólico no esporte brasileiro: um clássico em que a rivalidade deu lugar a uma causa em comum - e em que o campo se tornou palco de um manifesto que ultrapassa o esporte e coloca a vida das mulheres no centro da pauta nacional.

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