Jogada10
·21 de junho de 2025
Botafogo protagoniza a vitória mais importante do século

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·21 de junho de 2025
Allianz Parque desacreditado. Monumental de Núñez com dez jogadores desde os 30 segundos da final. Beira-Rio de ressaca. Rose Bowl contra o melhor time do planeta. O Botafogo vai ampliando o número de façanhas mastodônticas em menos de um ano. Todas em contextos de adversidades e do tamanho da grandeza do clube. Palmeiras, Mineiro, Internacional e, agora, o Paris Saint-Germain tombaram diante do Mais Tradicional. A lista não para por aí. O Flamengo levou de quatro no Estádio Nilton Santos. O Peñarol, cinco. O Fluminense perdeu os últimos oito jogos no Clássico Vovô. E pensar que, há cinco anos, o Glorioso estava a caminho da Série B, com R$ 33 na conta bancária e dirigentes aparecendo deitados em lives. Ainda houve um 2023 no caminho. Hoje, entretanto, o dono da América e do cinturão nacional encara o atual campeão da Champions League, sem medo, pelo Super Mundial de Clubes da Fifa. Inventem, portanto, proezas!
O triunfo do Botafogo sobre o Paris Saint-Germain por 1 a 0, em Pasadena, Los Angeles, é fruto de uma estratégia executada com perfeição. Dias antes, esta coluna pediu 11 espartanos atrás da linha de bola. Renato Paiva e os seus futebolistas sabiam contra quem jogariam. Fechar a casa, entregar a pelota ao adversário, ficar na defesa e jogar por um lance contra os franceses não era sinônimo de covardia ou falta de ambição. Pelo contrário. Consciente, o time do técnico português foi impecável ao neutralizar o rival. O PSG trocou passes de um lado para o outro sem incomodar o goleiro John, obrigado a trabalhar apenas duas vezes. Não houve amasso, pressão sobrenatural e zagueiro tirando em cima da linha. O jogo esteve controlado durante 95% do tempo para que o brutal Igor Jesus decidisse em um piscar de olhos. Sim, era aquele mesmo adversário que, em duas semanas, meteu 5 a 0 na Inter de Milão e 4 a 0 no Atlético de Madrid.
A atuação alvinegra na Costa Oeste deveria ser emoldurada, reprisada e exibida em cursos de grandes entidades esportivas. Uma aula de defesa, disciplina tática, inteligência e mentalidade forte. O Paris Saint-Germain, em determinado momento do jogo, demonstrou impaciência e até uma certa incapacidade de superar a estratégia de Renato Paiva. No início do segundo tempo, aliás, Luis Enrique lançou a tropa estelar com quatro substituições consecutivas. Não houve, porém, jeito de furar o bloco baixo do Mais Tradicional, algo que o próprio técnico espanhol do PSG reconheceu ao fim do embate.
Nos Estados Unidos, o Botafogo protagonizou a vitória mais importante de um clube brasileiro neste século. Os europeus levaram a melhor sobre os sul-americanos, em Mundiais da Fifa, nos últimos 13 anos. Às vezes, o time do continente sequer chegava à final para defrontar algum esquadrão do Velho Continente. Até a noite decolonial de 19 de junho, quando o Glorioso tratou de derrubar teorias já consolidadas do esporte bretão. A disputa não se concentra somente no campo econômico ou fica limitada a quem compra o atleta A ou B. O cerne do futebol ainda reside nas periferias. Retirem, por exemplo, os jogadores franceses, ingleses, espanhóis, italianos e alemães de ascendência africana da Ligue 1, Premier League, La Liga, Série A e Bundesliga. A hegemonia do Velho Mundo cairia por terra na hora. Organizem, também, um pouco melhor as ligas da América do Sul, onde está a melhor matéria-prima. Aí está o método para uma reconfiguração de forças.
*Esta coluna não reflete, necessariamente, a opinião do Jogada10