FNV Sports
·19 de novembro de 2021
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Inicialmente, que se destaque Leonardo Gaciba, que caiu com justiça. O seu trabalho não foi bom.
Assim, cabe dizer a confusão na arbitragem enquanto esteve sob a batuta de Gaciba. Seja pela ausência de definição de critérios para lances interpretativos, pela falta de treinamento e má aplicação do VAR. Enfim, foi um período de caos tremendo, que interferiu de forma direta em um número grande de partidas.
Entretanto, foi-se apenas a ponta do iceberg. Em nada vai resolver apenas a saída do ex-árbitro do comando da arbitragem nacional.
O problema é na estrutura.
A manutenção amadora da arbitragem está ligada a uma falida forma de comandar o futebol.
Os árbitros são incapazes porque não estão prontos.
Ou seja, não têm formação adequada para atuar de maneira mais eficiente, visto que não conseguem destinar tempo para um melhor preparo para o exercício desta função. Precisam cumprir suas atividades profissionais variadas, visando, desse modo, garantir o sustento próprio e da família.
Da mesma forma, recebem valores baixos (considerando-se as cifras da indústria do esporte), para atuar em ambientes movidos por muito dinheiro. Por conta disso, gera uma grande diferença entre os personagens de dentro de campo.
Ademais, ao cometerem erros, são duramente criticados pela imprensa, clubes e torcida. E, além disso, são punidos pela própria entidade para a qual respondem. Ficam sem apitar por rodadas. Enfim, os árbitros carregam nas costas um poder de decisão enorme sem qualquer amparo.
Assim, se tornaram reféns de um sistema arcaico, amador e viciado
Posto isso, convém relembrar que Leonardo Gaciba entrou para o comando dos árbitros sob grande expectativa positiva. Entretanto, falhou.
Somada a escalas mal guiadas em inúmeras chances, a adaptação ao uso do VAR foi realizada de forma bastante errada. Aqui, diferente do que ocorreu em outros países, de maneira incrível, o equipamento trouxe mais erros e indefinições em lances duvidosos do que o contrário. As decisões parecem ter piorado.
Conclui-se, portanto, que a sua demissão foi acertada. Não obstante, necessário ressaltar que ele, mesmo com todos seus desacertos, também é uma vítima. Porém, mostrou que não está apto para o ofício ao qual entrou, por todos os fatores acima ressaltados.
De qualquer forma, os grandes responsáveis por este problema grave, na verdade, são os próprios clubes. A falta de união entre eles levou a este contexto.
Sempre que há a possibilidade de modificar a conjuntura de gestão nas Federações e CBF, os clubes se omitem. Não se sabe a razão. Talvez, por receio de represálias, os dirigentes das agremiações contribuem para a manutenção das mesmas pessoas no comando das instituições estaduais. Seja pelo voto no status quo ou pela abstenção. Eleições após eleições, as figuras conhecidas permanecem. E, como elas, este emaranhado.
Os dirigentes dos clubes assistem passivamente a tudo. Manifestam-se, tão somente, nos microfones de entrevista pós jogo. Quando seus times perdem por um eventual prejuízo causado pelo juiz do jogo, viram verdadeiros guerreiros espartanos. Jogam aos quatro ventos que a arbitragem é insuficiente.
Por outro lado, quando suas equipes saem vitoriosas, ainda que diante uma falha do mesmo árbitro, criam-se os mais belos elogios. Além disso, apontam o critério no apito, a legitimidade do campeonato e assim por diante.
Aí está a fotografia do futebol brasileiro hoje. Uma completa torre de babel. De fato, uma bagunça, cuja manutenção se dá pela covardia dos dirigentes dos clubes. Eles, unidos, poderiam mudar o futebol brasileiro. No entanto, preferem agir apenas para sanar seus próprios anseios. Não importam as dificuldades dos demais.
Por fim, fica no ar: qual a solução?
Em primeiro lugar, que os clubes assumam seus deveres capitais de serem os protagonistas do espetáculo.
Fazendo valer sua força, a decorrência natural será a mudança nos comandos das Federações. Adiante, da CBF, comissão dos árbitros e de todos os cargos estratégicos que compõem estas entidades.
Depois, qualificar os árbitros. Pagando-lhes contraprestações que sejam capazes de fazer com que dirigir as partidas seja a sua fonte de renda. Isso permitirá dedicação exclusiva à evolução da atividade.
Fácil? Óbvio que não. Contudo, as ações são obrigatórias.
A credibilidade deste esporte tão amado por todos nós, está em cheque!
Foto destaque: divulgação /tribunadoapito.com.br /Luiz Henrique