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·16 de novembro de 2020

Capitã da seleção francesa, Henry detona Corinne Diacre e expõe conflito entre jogadoras e a técnica

Imagem do artigo:Capitã da seleção francesa, Henry detona Corinne Diacre e expõe conflito entre jogadoras e a técnica

Deixada de fora da convocação da seleção francesa feminina para os jogos de outubro, a capitã das Bleues, Amandine Henry, detonou a treinadora Corinne Diacre no domingo (15), em entrevista à emissora Canal+. Para Henry, por mais que a técnica tenha dito que sua escolha foi esportiva, a decisão estaria ligada à crescente insatisfação das jogadoras com a comandante, assunto de uma conversa entre parte das atletas e o presidente da Federação Francesa, Noël Le Graët, no fim de outubro.

Explicando publicamente sua decisão polêmica, Diacre disse, em 15 de outubro, que queria dar tempo a Henry de voltar a seu melhor nível após sua lesão. A jogadora, no entanto, afirmou se sentir bem e revelou o tom seco da conversa com a treinadora em que ouviu que não faria parte do grupo.


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“Ela é a treinadora, ela que faz as escolhas. Mas quando ela me ligou para me avisar, a ligação durou 14 ou 15 segundos, vou lembrar disso pelo resto da minha vida. Sinceramente, esse telefonema me chocou. Ela me disse: ‘Amandine, você sabe que a lista sai amanhã e você não estará nela por causa de suas atuações atuais.’ Eu lhe disse: ‘Ok, boa partida, tchau’. E foi isso. Se é uma escolha esportiva, você tenta mobilizar sua jogadora, mas essa conversa me machucou. Além disso, esportivamente, me sinto super bem”, garantiu.

Para Henry, a sua não-convocação teria ligação com uma reunião que houve no fim de outubro entre jogadoras da seleção francesa que atuam no Lyon e o presidente da Federação Francesa: “Acho que aconteceu na semana em que o presidente (da Federação Francesa) Le Graët veio a Lyon quando vencemos a Champions League. Fazia um tempo que todas as meninas, do Lyon e de outras equipes, vinham dando um feedback negativo sobre a treinadora”.

“A vinda do presidente foi uma bênção para nós, falamos das coisas que não iam bem. Acho que o presidente ligou para ela depois, o que ela não digeriu bem. Acho que o problema vem daí”, completou Henry na entrevista ao Canal+.

A capitã da seleção francesa revelou que o clima na equipe durante a Copa do Mundo de 2019, realizada na França, era péssimo e que as atletas constantemente choravam. “Depois da Copa do Mundo, a treinadora já quis fazer entrevistas individuais. Eu lhe disse nessa entrevista que eu não tinha ido 100% bem durante o Mundial. Esportivamente, mas também humanamente, porque eu vi meninas chorando em seus quartos. Isso também aconteceu comigo. Foi um caos total.”

“Se eu penso que a relação de confiança se rompeu entre a treinadora e a equipe? Infelizmente, sim”, avaliou.

“Talvez devêssemos ter tentado falar mais com ela, eu também me questiono. Mas em alguns anos teremos uma Eurocopa, um Mundial, os Jogos Olímpicos na França. Então, é preciso resolver a situação agora, não daqui a três anos. É preciso dizer as coisas. Eu adoraria que nos reuníssemos todas em torno de uma mesa e que colocássemos tudo em discussão para irmos atrás desses títulos. Adoraria que falássemos de futebol, campo, vitórias e ambições”, encerrou.

O capítulo é apenas o mais recente de uma relação claramente fraturada entre a técnica e as atletas. Em setembro deste ano, Sarah Bouhaddi, goleira da França desde 2004, decidiu dar uma pausa na seleção alegando motivos esportivos. Um mês depois, no entanto, reconheceu, em entrevista à TV oficial do Lyon: “Vivemos em um clima muito, muito negativo. Não me vejo ganhando nada com essa treinadora, e muitas jogadores pensam o mesmo, mas não dizem”.

Wendie Renard, símbolo do futebol feminino não só na França como em todo o mundo, é outra que já criticou publicamente Corinne Diacre. Em autobiografia lançada em dezembro de 2019, a defensora criticou a “brutalidade” da técnica e a injustiça de que teria sido vítima ao perder a braçadeira de capitã logo que Diacre assumiu o cargo. À época, em 2017, a treinadora havia mais uma vez resumido a situação a uma questão esportiva, dizendo que Renard precisava se concentrar em suas atuações, mas a imprensa francesa afirma que a então nova treinadora via a autoridade natural da defensora dentro do vestiário como um problema.

Outra das jogadoras de destaque que tiveram problemas com Diacre foi a atacante Eugénie Le Sommer. Publicamente, após a Copa do Mundo de 2019, a técnica criticou a atleta por não respeitar suas ordens de posicionamento em campo. Le Sommer mais tarde afirmou não gostar de ouvir a crítica primeiro pela TV do que pessoalmente.

O clima parece cada vez mais insustentável na seleção francesa, e a conversa entre jogadoras e o presidente da federação nacional, após três anos de problemas frequentes, pode ter sido o início do fim para Diacre. Com tantas vozes importantes se posicionando publicamente contra a técnica, seria necessária uma enorme reconciliação para recolocar as coisas nos trilhos.

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