Zerozero
·10 de fevereiro de 2025
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·10 de fevereiro de 2025
O momento é de sabor agridoce para o SC Braga. Esta terça-feira vai ficar na história do clube e da equipa feminina com a inauguração do Estádio Amélia Morais, um recinto criado a pensar na equipa que atua na Liga BPI. O dia é, por isso, de euforia. Porém, ao mesmo tempo, ainda está bem presente na memória o inesperado desaire recente frente ao Estoril Praia, num dos últimos encontros que o Estádio 1.º de Maio recebeu.
Nas horas que antecedem um dia que promete ser memorável e que conta com a presença do Paris SG para ajudar à festa, o zerozero escutou uma das protagonistas. Carolina Rocha cumpre a segunda temporada nas Gverreiras do Minho e está já perto de igualar o número de jogos da temporada passada, ainda que numa função diferente.
A nova temporada e o ingresso de Miguel Santos no comando técnico da equipa transformaram Carolina, habituadíssima a pisar os terrenos mais adiantados e próximos da baliza contrária, numa locomotiva que desbrava caminho por todo o flanco direito no 3x4x3 arsenalista. «Estava mais habituada a estar próxima da baliza. De repente, baixar no terreno traz outras responsabilidades, até mais defensivas», contou-nos. Garantiu, contudo, que se sente bem na nova posição.
A conversa com o nosso portal aconteceu ainda com a derrota caseira, frente ao Estoril Praia, presa na garganta. Foi o quarto desaire em seis jogos no novo ano, isto para uma equipa que até aí nunca tinha perdido. «Não estávamos habituadas a perder. Estivemos desde setembro até janeiro sem nenhuma derrota. Custou muito e foi um jogo difícil para nós, mas é o que é. Os objetivos continuam e não podemos ficar presas a um jogo mau. Se ficarmos presas a isso, não conseguimos atingir nenhum dos objetivos que ainda temos», disse.
E que objetivos são esses? Grandes, como a presença na UEFA Women's Champions League. «O SC Braga é um clube grande. Como tal, luta por objetivos grandes. As derrotas nunca são bem-vindas, mas não afetam os nossos objetivos. Queremos lutar por lugares europeus e ainda temos aspirações na Taça de Portugal, estamos dentro dessa competição. Acho que podemos dizer que o balanço tem sido positivo e estamos numa boa posição para manter os objetivos», atirou.
No leque de metas já não está a Taça da Liga, caída por terra depois de uma amarga derrota caseira frente ao Damaiense. «Esse foi um objetivo que não foi alcançado e acabou mais cedo do que gostaríamos. Não podemos ficar a remoer nisso. Temos de lutar pelo que ainda temos para lutar».
Depois de um arranque de temporada deslumbrante, a fase da época é outra e bem menos positiva. A almofada em relação aos perseguidores, Racing Power à cabeça, está cada vez mais desconfortável para o pescoço. Dores de crescimento de uma equipa toda ela praticamente nova, na ótica de Carolina Rocha.
«A equipa teve uma grande mudança. O treinador também chegou no final da época passada e teve de reformular a equipa de acordo com as suas ideias. Uma equipa não se constrói de um dia para o outro nem em dois ou três meses. Precisamos que as jogadoras se conheçam e entendam as ideias do treinador. Temos muito potencial e é uma equipa cheia de qualidade e com muito para dar. O SC Braga é um clube grande e com muitas expetativas, inclusive de nós próprias. Temos que aceitar que houve muitas mudanças e que com o tempo vai dar resultado», referiu.
A derrota recente é para procurar esquecer rapidamente. O chip agora está na inauguração do novo estádio, o Amélia Morais, em homenagem a Melinha, a fervorosa adepta minhota que faleceu em abril de 2022, com 86 anos. Esta será a nova casa das gverreiras, as primeiras em Portugal a terem um estádio pensado para elas.
«O SC Braga é o primeiro clube a construir um estádio novo para uma equipa feminina. Isso demonstra o apoio e o investimento que o clube está a fazer na modalidade. Para quem está há muitos anos neste contexto e já esteve em vários outros clubes, ver este investimento e apoio é muito bom. Oferece-nos outras condições, melhor qualidade de trabalho. A longo prazo, isso vai refletir-se no jogo e no crescimento da jogadora. Espero que os outros clubes vejam o SC Braga como um exemplo», referiu Carolina Rocha.
A nova infraestrutura é pioneira em Portugal para um emblema feminino, mas a jogadora de 25 anos espera que seja apenas o início de algo maior: «Espero que o seja [um exemplo para os restantes]. Traz outra qualidade para nós. Sentimo-nos mais valorizadas e queremos retribuir o esforço e o investimento feito. Isso também vai fazer a jogadora crescer. Se mais clubes fizerem o mesmo, a qualidade vai aumentar. Parte da iniciativa dos clubes».
Para a inauguração, o SC Braga recebe um adversário de elite. O Paris SG, um dos maiores emblemas do panorama europeu, regressa a Portugal quase seis anos depois de ter encontrado as arsenalistas na Liga dos Campeões. Embora o resultado seja o menos importante, as minhotas vão ter aqui um cheirinho do que querem viver mais vezes.
«Se queremos lutar por lugares na Europa, temos de querer jogar estes jogos, contra estas equipas. O Paris SG é um dos grandes e queremos estar no meio desses clubes. O foco principal é aproveitarmos a estreia do novo estádio, para estarmos perto dos nossos adeptos. Claro que queremos crescer com essas equipas, mas o objetivo não passa pelo resultado», concluiu.
O duelo entre o SC Braga e o Paris SG está marcado para esta terça-feira, a partir das 18h00. Antes, contudo, será realizada uma cerimónia de inauguração do recinto.